
Antônio Souza Martins (Nicota)
18.751
Antônio Souza Martins (Nicota)
Prefeito de 1956 a 1959.
Antônio
Souza Martins governou Ituiutaba de 1° de janeiro de 1956 a 31 de
dezembro de 1959, conforme consta na ata da edilidade tijucana.
Ituiutaba
se sente por demais enobrecida com tal página de sua história, pois
sabe-se ter sido uma das mais profícua administrações realizada no
município. No tocante a sua economia galgamos o posto de maior
produtor de arroz e milho do país.
Nos
primeiros minutos do dia 02 de novembro de 1900, vinha ao mundo na
fazenda dos baús, município de Ituiutaba, uma criança do sexo masculino
que, posteriormente, na pia batismal, recebera o nome de Antônio Souza
Martins. Filho de Isaías Andrade Souza e Dona Adelina Martins de
Andrade. Vamos contar a história desse valoroso cidadão, que vai
confundir com a própria história de sua cidade.
Órfão
de mãe, antes dos nove anos de idade, foi residir em companhia de sua
irmã Herminda Martins de Souza e seu cunhado Augusto Martins de Andrade,
os quais terminaram sua criação e formaram o seu caráter.
O
tempo passou. Hoje, após mais de três décadas de sua morte, ainda temos
vivo na memória, a sua vida de lutas, vitórias e até mesmo suas
derrotas, como exemplo para as gerações posteriores.
Iniciou
o curso primário, no grupo escolar “João Pinheiro” e o concluiu na
escola particular do professor “Laurindo José de Oliveira”.
Em
1914, por iniciativa própria, conseguiu um emprego de farmacêutico, com
Xânico Carvalho, permanecendo ali até 1918. Procurando melhorar seus
conhecimentos, auxiliado e incentivado pelos parentes e amigos, seguiu
para o Rio de Janeiro, indo estudar no renomado Colégio Dom Pedro II.
Em
1923, quando se preparava para o curso de medicina, a chamado de seu
irmão Osório, retornou para Ituiutaba, com a intenção de assumir o
Cartório do Segundo Ofício e do Registro Especial de Hipotecas, que o
conseguira através de concurso, da recém-criada Comarca de Ituiutaba, em
02 de Abril de 1923; exercendo o cargo até sua aposentadoria.
De
início, vale lembrar, os sacrifícios que o senhor Nicota enfrentou para
manter esta recém criada Comarca, pois anteriormente os registros
civis, de imóveis, notas, e os julgamentos eram todos processados no
município de Prata, o que era uma grande dificuldade para os
ituiutabanos, que embora titulares das terras, muitos eram os que não as
registravam mantendo consigo os títulos de seus avós e bisavós.Sendo
assim, Antônio Souza Martins, andava pela Comarca, de fazenda em
fazenda, examinando os títulos, providenciando o inventário, a
demarcação, a divisão de terras para pos herdeiros.Era sempre ouvido nas
negociações das terras, tanto pelas pessoas mais simples, quanto pelos
juízes e advogados devido a sua experiência, cultura e imparcialidade.
Em
1926, casou-se com Carmem Chaves de Souza, da tradicional família
Chaves, de Campina Verde-MG. Desta união, nasceram os seguintes filhos:
Plínio de Souza Martins, cirurgião dentista, casado com Ivone de
Souza Martins; Maria Adelina Martins da Costa, casada com Odelmo
Teixeira Costa, coronel do exército; Domício de Souza Martins, advogado,
já falecido, casado com Maria Angélica Velloso Martins; Ubaldo de Souza
Martins, engenheiro civil, casado com Marta Miraglia Martins; Rosa
Maria Martins Vilela, casada com Sebastião Vilela Gouveia, médico; e
Maria Alice Martins Castilho, casada com Francisco Castilho, bancário,
já falecido.
Mudou-se
com sua família em 1938 para uma casa recém-construída na Avenida 17
com Ruas 20 e 22, onde morou por 34 anos. Casa de estilo clássico
moderno, próprio da década de 30, extremamente confortável e ampla,
considerada como a mansão da Avenida 17.
Em
1927, com apenas 26 anos de idade, articulou com amigos, a candidatura
de seu cunhado Augusto Martins de Andrade para prefeito de Ituiutaba,
saindo-se vitorioso.
Em
1930, liderou o movimento revolucionário no Pontal do Triângulo
Mineiro, em favor das tropas de Getúlio Vargas, deflagrador da rebeldia,
que logo recebeu a solidariedade do governo Mineiro de então, presidido
por Olegário Maciel, desde 07 de setembro de 1930.
Em
1935, empenhou-se ativamente para que se eleger-se prefeito, o Coronel
Adelino de Oliveira Carvalho, saindo-se vitorioso de mais essa campanha.
Com
a implantação da Constituição de 1937, todos os partidos políticos e
assembléias legislativas foram dissolvidos passando a vigorar no país um
regime de exceção. Depois da queda da ditadura de Getúlio Vargas, houve
a reorganização partidária no país. Em Ituiutaba, Nicota, com o Dr.
Camilo Chaves Júnior, entre outros companheiros fundaram o PSD (Partido
Social Democrático), tendo-o como presidente e também seu membro, desde
sua fundação em 1945, até a extinção compulsória, devido a ditadura
militar.
Juscelino
Kubitschek, em plena campanha a presidência da república, visitou
Ituiutaba sendo bem recebido com almoço na casa de Nicota, em nome do
PSD.
Nicota
conseguiu anos depois, em 1954, a coligação partidária do PSD e o UDN,
fato inédito no país, elegendo-se então, prefeito municipal de Ituiutaba
por esta coligação, para o período de 1955 a 1959. Realizou umas das
mais profícuas administrações do Município, tendo a felicidade de
trabalhar, contemporaneamente com políticas governamentais favoráveis à
iniciativa privada. Verificou-se um progresso extraordinário da vida do
Município, pois a vida econômica passou de sua fase primária, a
pecuária, para imediatamente superior, a agricultura, quando nos
tornamos a Capital Brasileira do Arroz (ARROZCAP).
Dotado
de visão globalizante, o excelente político, bem como administrador,
preocupou-se em dotar a cidade de um recurso imprescindível para a
terceira fase da economia, a eletricidade. É no seu governo, que
subscreveu-se parte do capital da ELFISA, para que a usina do Salto de
Moraes pode-se continuar com suas obras. Porém, posteriormente, não
satisfeito com a disponibilidade da energia elétrica, Nicota contata a
CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais), através dos deputados
Maurício Andrade e Rondon Pacheco, aproveitando parte da energia
elétrica de Cachoeira Dourada.
O
seu bairrismo não impediu de estimular o desenvolvimento de cidades
vizinhas: Santa Vitória, Ipiaçu, Perdilândia, Chaveslândia e Canal de
São Simão.
O setor público deve a sua administração:
· Construção de galerias fluviais nas ruas e avenidas;
· Perfuração de poços artesianos;
· Pavimentação de ruas;
· Redes de esgoto sanitário;
· Criação da Escola de Tratorista, junto ao Posto Agropecuário;
· Instalação do 5° Distrito Florestal de Minas Gerais;
· Termino do prédio dos Correios e Telégrafos;
· Construção do prédio da Escola Estadual Clóvis Salgado;
· Melhoramento das estradas vicinais;
· Criação da Banda Municipal (José Castanheira);
· Funcionamento do Aéreo Clube;
· Início da construção da Praça Getúlio Vargas;
· Construção de Escolas Rurais;
· Incentivo a instalação de Universidade;
· Implantação e Urbanização da Vila Platina;
· Implantação da Moto Ituiutaba Revendedor Oficial da Volkswagen (Maude);
· Fundação da Agromac.
No
aspecto social Nicota foi bastante atuante em virtude do seu espírito
filantrópico, Nicota ajudou asilos, creches e hospitais, inclusive
distribuindo o seu próprio salário de prefeito, às entidades sociais.
Ajudou a fundar o Abrigo dos Velhos “Bezerra de Menezes” e foi diretor
do Sanatório Espírita “José Dias Machado”.
Foi
membro do Conselho Curador da Fundação Educacional de Ituiutaba,
FEIT/UEMG. Na Vila Platina doou vários terrenos a posseiros sem
condições financeiras. Em prol do judiciário, fez tanto, que chegou a
ceder sua própria casa, para hospedar, para hospedar juízes de direito
que para aqui vinham, indo morar em outra casa inferior.Por tudo isso, o
salão do júri do Fórum Newton Luz de Ituiutaba traz seu nome, em
reconhecimento pelo o que muito fez pelas causas cíveis desta cidade,
como tabelião, prefeito, homem público e filantropo.
Espírita,
Rotariano e Maçom, são algumas atribuições que forjaram a personalidade
e o caráter do ser humano Antônio Souza Martins.
Este
quatriênio (1956 a1959), foi também promissor, no que tange à cultura,
pois destacou- se nesse período grupos folclóricos, congados, e festejos
religiosos.
O
Centro da cidade era local de exposição de artesãos. Cantores se
apresentavam na principal emissora, Rádio Platina, com auditório lotado.
A banda de música tocava o velho coreto na Praça da Matriz.
Não
podemos esquecer de certas figuras folclóricas que marcaram
indelevelmente a vida dos tijucanos: A saudosa Maria Rosa (Prima Rosa),
que visitava as residências, pedindo sempre um mil réis ou uns
trapinhos, que guardava sempre nos seios; da bondosa e santa Vó Antônia,
que não perdia uma só missa e nenhum casamento, era sempre a primeira a
cumprimentar os noivos; do eloqüente Zé do Óleo, que alegrava a
população com seus brilhantes discursos políticos e sociais; da humilde
Lurdinha (A Varredeira da Cidade), que varreu as ruas da cidade até
2008.
Em
1958, foi fundado o primeiro teatro sob a liderança do professor Altair
Alves de Ferreira, tentativa totalmente pioneira, enfrentando muitas
dificuldades.
No
que diz respeito ao esporte, destaca-se até hoje o Estádio “Coleto de
Paula”, o Campo do Atlético (cedeu lugar para construção da Escola
Estadual Antonio de Souza Martins-Polivalente) e o Estádio da
“Fazendinha”, onde se realizam inúmeras competições esportivas, tais
como campeonatos de futebol amador (da cidade e zona rural, infantil,
juvenil), e campeonatos oficiais promovidos pela CBF e FMF.
Destacando-se ainda alguns clubes como Ituiutaba Clube, Palmeiras Clube e
Ipê Country Clube (inativo), hoje dos funcionários da prefeitura, onde a
sociedade tijucana se deleitava com seus famosos ensaios de valsas,
baile de formaturas, concursos de misses, festa de casamentos,
aniversários e encontros políticos.
No
setor educacional, constatamos em Ituiutaba, a existências de algumas
escolas importantes: Instituto “Marden”, Colégio São José, Escola Normal
Santa Teresa, Escola Estadual João Pinheiro, Escola “Anjo da Guarda” e
Escola Gov. Clóvis Salgado, este último fundado por Nicota, com
incentivo direto do ituiutabano Dr. José Benedito Zócolli, na época
assumiu a chefia de gabinete do então Vice-Governador Dr. Clovis
Salgado. Essas instituições, além do conteúdo programático, conduziam
seus alunos a um crescimento global, com responsabilidade e seriedade
quase militar. Como por exemplo, os garbosos desfiles e as paradas nas
datas cívicas, concursos literários, concursos de rainhas, festas e etc.
Um
destaque especial se deve ao glorioso Instituto Marden, que em 1958,
comemora seu Jubileu de Prata, tendo como seu timoneiro, o saudoso
professor Dr. Álvaro Brandão de Andrade.
Também
nesse ano, inaugura-se festivamente, o colégio Educandário Ituiutabano,
no dia 9 de fevereiro, com a presença aproximada de quatro mil pessoas,
hoje, escola profissionalizante, Professora Maria de Barros.
Esse
período da nossa história foi também pródigo no que respeita à saúde.
Contava-se com o Hospital São José, Hospital São Joaquim e Casa de Saúde
Santa Cecília e um corpo médico de grande gabarito, tais como: Dr.
David Ribeiro de Gouveia, Dr. Renato Lansac Patrão, Dr. David Palis, Dr.
José Feres e outros.
No
aspecto religioso, a abençoada terra do tijuco, contava com a
orientação paroquial do exmo. Padre João Avi e vigários cooperadores, os
padres: Leopoldo Camargo, Waldemar Darcic, Alexandre Heber, Mário
Chudzk, Arthur Vitti e Lino José Correr.
Pertencíamos
à Diocese de Uberaba, cujo bispo diocesano, Dom Alexandre Gonçalves do
Amaral, em agosto de 1954, crismará 1.037 pessoas, por ocasião da festa
de Nossa Senhora da Abadia.
Os
feriados municipais foram fixados no início do ano de 1955, por força
da Lei n° 299 de 25 de janeiro, a seguir: 19 de março, São José
(padroeiro da cidade-extinto); Ascensão do Senhor; Corpus Christi; 15 de
agosto, Assunção de Nossa Senhora Abadia; 1° de novembro, dia de Todos
os Santos; 8 de dezembro, Imaculada Conceição
(extinto).
No dia 31 de dezembro de 1955 acontece a benção do novo prédio da prefeitura.
Na mesma ocasião 1° de janeiro de 1956, tomou posse o novo prefeito, Senhor Antônio Souza Martins.
O
ano se inicia com a chegada dos padres Alcides Spolidório, novo diretor
do colégio São José e padre Luciano Giovanni, da congregação
Estigmatina, cujo superior geral, padre Dionísio Martins, visita
Ituiutaba no me de agosto.
Em 21 de janeiro de 1957, foi iniciada a construção da nova torre da Igreja Matriz.
No
que se refere à economia, o grande sustentáculo de Ituiutaba no
período, foi a agricultura, com destaque especial para a produção de
arroz, esse cereal, era beneficiado pelas inúmeras máquinas de arroz
(chegou-se a ter 152), que ladeavam a Avenida 17, Rua 26, 28, Avenida
7.A lavoura era mecanizada, chegando a cidade possuir mais de 500
tratores e quase igual o número de colhedeiras de arroz.A ocupação da
população economicamente ativa estava volta em maior parte para a
agricultura, pecuária e pequena parcela para suinocultura para a
indústria de transformações. As atividades de real valor eram:
beneficiamento de arroz, fabricação de manteiga, banha e subprodutos
suínos, beneficiamento de algodão, fabricação de óleo de caroço de
algodão, produção de charques e subprodutos bovinos. O leite
(in-natura), era produzido em grande escala.
Destacavam-se
na cidade cinco indústrias: Indústrias Reunidas “Fazendeira”;
“Matadouro Ituiutaba S. A.”; “Indústria e Comércio Irmãos Vilela Ltda.”;
“Laticínios Invernada Ltda.” e “Indústria e Comércio Ituiutaba Ltda.”.
A
cidade contava com vários estabelecimentos comerciais atacadistas,
varejistas e várias lojas tais como: Casas Buri, Casas Pernambucanas,
Casa do Valico, Casa Ramp, Joalheria Irmãos Balli, Bazar do Baracate e
outras.
As
instituições bancárias eram: Banco de Crédito Real, Banco do Brasil,
Banco da Lavoura, Banco Hipotecário e Banco do Triângulo.
Não
se pode deixar de mencionar um fato que, de certa forma, veio
empalidecer o brilho e o desenvolvimento econômico de nossa região.
Lembramos aqui a enchente de São José. Esse fato ocorreu em 1957,
causando grande prejuízo econômico, quando todas as pontes caíram
impedindo a entrada e saída de qualquer transporte terrestre. Além
disso, faltou energia elétrica por quase um mês, só não paralisando
totalmente o comércio, porque apelou-se para o transporte aéreo.
Mas
a bravura desse povo altaneiro se constituiu em embasamento para o
alavancar, apesar dos percalços, o progresso desta, que certamente tem
um lugar reservado no pódio das glórias de Minas Gerais e do Brasil.
Ao
comemorarmos o nossa centenário, sabemos que, o que nos uni é muito
maior do que nos separa. O desejo de crescimento, o bairrismo, a
solidariedade e hospitalidade são algumas das virtudes que o ituiutabano
viu florescer nos nossos primeiros cem anos.
|