
José Arcênio de Paula
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José Arcênio de Paula
Prefeito - 1963 a 1964
Prefeito José Arcênio de Paula, natural de Buritisal distrito de
Igarapava-SP, nascido em 5 de julho de 1909, filho de Arcênio de Paula
Silveira e Elisa Andrade de Paula, casou-se com Olívia, com quem teve 3
filhos: Sílvia Anita, Gastão e Saul.
Mudou-se, ainda na infância, para a cidade de Igarapava-SP e mais
tarde, com o apoio dos primos que eram fazendeiros mudou-se para
Ipiaçu-MG, depois veio residir em Ituiutaba.
O prefeito era fazendeiro, com propriedade no município de Ituiutaba e
de Cachoeira Dourada de Minas, com boa condição financeira, homem rude,
espirituoso, cursou o ginasial (incompleto), mas era muito inteligente.
Admirador do Presidente Getúlio Vargas-PTB, e incentivado por
familiares e amigos, entrou na política como candidato a Prefeito de
Ituiutaba, em 1962
Na década de 50, juntamente esses seus companheiros que ele considerva
valorosos, como: Pepino Laterza, Álvaro Brandão de Andrade, Daniel de
Freitas Barros, Rodolfo Leite de Oliveira, Hercílio Domingues, Bolivar
Gomes Campos, Antônio Ferreira Neto, Abrão Andraus, Aristides Dias
(pai do ex-vereador Hairton Dias) e outros fundaram o PTB (ao qual
permaneceu até o final de sua vida política).
Guiado pelo lema “Ou vai ou o rabo arranca”, conseguiu se eleger com a
maioria de votos em Ituiutaba, onde o partido dominante era a UDN -
União Democrática Nacional.
Devido ao curto tempo de seu mandato, não conseguiu concluir as obras
que iniciou, sendo viabilizadas na administração do vice-prefeito
Dr. Rodolfo Leite de Oliveira. São elas: o Serviço de Tratamento de
Água que conseguiu do então Presidente da República João Goulart; o
SANDU- Serviço de Atendimento Domiciliar de Urgência- pioneira na época,
procedeu a regulamentação do serviço público, para asfalto e construção
de pontes.
A sua eleição foi motivada por uma mudança política e uma quebra de valores da oligarquia dominante.
Em 03 de fevereiro de 1964, o Prefeito José Arcênio de Paula envia
ofício à Câmara solicitando licença por três semanas, a partir de 6 de
fevereiro do corrente ano, para tratamento de saúde. De acordo com
informes de companheiros seus, o pedido de licença do prefeito José
Arcênio foi uma forma de tentar afastar a atenção de seus adversários
políticos, em torno do plano que arquitetavam de afastá-lo do comando da
Prefeitura, caçando seu mandato. Não pode voltar a reassumir a
prefeitura, devido uma série de intrigas políticas armadas por líderes
da UDN desta cidade e por ele estar filiado ao partido do presidente
João Goulart. Baseado nesses fatos arquitetou-se um golpe para afastá-lo
do Poder, devido a derrota que impôs a maior oligarquia já registrada
em uma cidade do Triângulo Mineiro.
Por despeito e por perseguição política dos coronéis da União
Democrática Nacional (UDN), como Alcides Gomes Junqueira, Renato Lansac
Patrão, Geraldo Sangoti, Armando Campos e segundo se conta, por um
comando forjado que teve a participação de alguns militares de
Uberlândia, sem o conhecimento do comando maior das Forças Armadas do
Distrito Federal, caçaram o corajoso e destemido prefeito, José Arcênio
de Paulo. Além do prefeito foram caçados vários outros companheiros seus
de partido, por terem derrotado os coronéis da UDN, que não aceitava a
derrota. Nesse período vários vereadores foram presos; foi uma forma
usada pelo falso comando para intimidar e até mesmo obrigá-los a
renunciar seus mandatos: foi o que aconteceu com os vereadores Sebastião
Mamede, Satipo, Arthur Junqueira de Almeida e José Arantes de Oliveira.
Outros membros do PTB foram presos, como Antônio Ferreira, Aristides
Dias, Ercílio Domingues e Bolivar Gomes Campos, dentre outros.
Esta foi uma das mais negras páginas escritas na história política
de Ituiutaba, com a participação de filhos desta terra.
Estes informes transcritos foram ditados por amigos, familiares e
companheiros do prefeito caçado que virou mártir, José Arcênio de
Paula. Depois de sua cassação ele nunca mais voltou a Ituiutaba,
terra que ele mesmo dizia ser abençoada por Deus e que ele tanto amava. O
líder José Arcênio de Paula morreu em Goiânia onde viveu o resto
de sua vida.
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