Portal Ituiutaba
Menu
  MÉDICOS - HOSPITAIS 
  ESCOLAS 
  GALERIA DE PREFEITOS 
  LEIS 
  ITUIUTABA 
  CULTURA 
  CRÔNICAS 
  UTILIDADE PÚBLICA 
Endereço
Ituiutaba - MG
(034) 99951-9526
Fale Conosco

 

 

253.795  visualizações

 

 

História da minha vida política durante quatro mandatos de vereador, nesta cidade de 

1972 a 1992

  

-2011-

 

 

Dedico este livro aos que foram perseguidos, caluniados e injuriados, em nome da justiça, assim como eu fui na cidade de Ituiutaba; aos que lutaram como eu  em nome de uma causa, defendendo intransigentemente os interesses do povo, da classe trabalhadora, onde representei meus ideiais durante toda trajetória política, na Câmara Municipal, nas emissoras de rádio onde trabalhei e na minha carreira jornalística, como assessor de imprensa da Prefeitura de Ituiutaba.

  

Agradeço a Deus pela proteção e inspiração nos momentos mais difíceis. Deus sempre presente foi, e continua sendo, meu escudo, minha proteção, contra os inimigos e falsos amigos e contra todo mal.

 

Apresentação

 

     Ao ler estes capítulos, a história da vida árdua, difícil e sofrida de Hairton Dias, este exemplo de ser humano, exemplo de pessoa honrada, honesta e trabalhadora. Como irmão, vivenciei parte de tudo isso; porém, confesso, fiquei emocionado já no primeiro capítulo, “Meus primeiros anos”. Depois, fiquei indignado diante da confirmação de meu pensamento: “a política é um poço de lama, de desonestidade a cada dia que passa fica mais cheia de vilões”. Como pode existir tanta falsidade, desonestidade, tanto fisiologismo, tantos políticos corruptos e demagogos, que não são punidos e que não pagam pelos seus repetidos erros e crimes...

      Hairton Dias, neste seu primeiro livro, Política: minha vida, meu ideal, minha dor, desvenda os bastidores da política praticada em Ituiutaba há alguns anos e mostra a verdadeira face de alguns políticos desta cidade, cidade que poderia ser melhor não fosse essa malta de políticos que só pensam em seu umbigo e nada fazem pela cidade e seus moradores e, quando fazem, é de forma ilícita e interesseira.

     São de arrepiar as verdades aqui expostas. A Cada página lida, você tomará conhecimento do quanto o município de Ituiutaba e os seus munícipes foram lesados pelos políticos que se dizem “amigos” do povo, mas que são amigos de seus próprios interesses, da vida fácil, enquanto o povo só fica com as migalhas, com o resto. Esses políticos são como o "Rei": todo mundo pagando impostos para sustentar suas mordomias, e as mordomias da familia real, que são seus parentes e apaniguados. 

Cumprimento o meu irmão Hairton Dias pela conduta exemplar que teve durantes os seus mandatos como vereador de Ituiutaba, e o louvo pela coragem de contar nesta obra toda crueldade que seus “companheiros” de política fizeram com ele e pela coragem de revelar estas falcatruas praticadas por eles, pois só assim o povo e os eleitores terão o retrato falado de alguns políticos para poderem escolher melhor os seus governantes.

     Política: minha vida, meu ideal, minha dor é um dossiê da história política de Ituiutaba . Este livro deve ser lido e a ideia deste vereador do povo, Hairton Dias, copiada por outros políticos de bem, para que pessoas inescrupulosas, como estas aqui mencionadas, nas próximas eleições, sejam eliminadas do cenário político e, em seu lugar, sejam colocados homens e mulheres, de princípios e respeito ao ser humano, à causa pública, mas acima de tudo: honestos e empreendedores.

Hélio Dias da Silva

Rádio Jornalista

 

 

 

Capítulo I

 

Meus primeiros anos de vida

 

Hairton aos 11 anos de idade

     Inicio esta narrativa fazendo referência à minha origem: sou filho de Aristides Dias da Silva, nascido em Catalão/Goiás, e Laura Gonçalves da Silva, nascida em Conquista/Minas Gerias. Sou o sétimo filho de uma família de quatorze irmãos, todos nascidos no estado de Goiás, nas cidades de Goiandira, Vianópolis, Buriti Alegre e Goiânia. Eu nasci em Buriti Alegre, uma pequena cidade de ruas estreitas e calçadas com pedra poliédrica, encravada em um lugar em declive, tendo a parte alta e a parte baixa.

     Na década de 50, esta cidade era uma das mais importantes do sudoeste goiano devido à sua grande atividade agropecuária, se destacando pela criação de gado zebu, que lhe dava soberania sobre as outras cidades próximas,havendo, inclusive, agência do Banco do Brasil, que movimentava a economia de toda aquela região formada por Itumbiara, Santa Helena, Morrinhos, Goiatuba, Caldas Novas, Marzagão, Bom Jesus, dentre outras. Buriti Alegre recebeu esse nome por existir ali muitas veredas e ter como plantas nativas os famosos buritis.

     Nasci no dia 2 de setembro de 1946, na zona rural, na fazenda Sapé, em uma casa de doze cômodos, piso de assoalho, dez janelões e telhado colonial. Não me lembro de mais detalhes do lugar onde eu nasci só sei dizer que era uma fazenda muito importante, onde se criava gado zebu e onde meus pais trabalhavam; meu pai, como agricultor e retireiro, e minha mãe, em serviços gerais. Todos os seus filhos trabalhavam também, porém, apenas meu pai tinha salário, mas sem carteira assinada. Era próprio daquela época, ninguém respeitava as leis trabalhistas criadas pelo Presidente Getúlio Vargas.

     Comecei na lida muito cedo. Meus pais tinham que criar muitos filhos e tudo que ganhavam era pouco. Em 1953, com apenas sete anos de idade, pedi à minha mãe que encomendasse um engraxate porque eu ia trabalhar para ajudar meu pai nas despesas de casa, pois ele tinha que vestir e calçar toda família, por comida na boca de muita gente, sem, contudo esquecer-se dos problemas de saúde que, naquela época, eram muitos. Neste mesmo ano, meus pais haviam sido transferido de fazenda, tinham saído da fazenda onde eu nasci e foram tomar conta de um sítio, pertencente, a um dos filhos de seu ex-patrão. Ali vivemos pouco tempo, porque o proprietário de nome Florentino Martins por desavença amorosa com sua esposa suicidou-se, bebeu veneno e morreu. Esse lamentável acontecimento determinou a nossa saída daquela propriedade por falta de acerto da viúva herdeira, de nome Maria Rita, com meu pai.

     Foi muito difícil para nós o desemprego de nosso pai e, por cima, ainda, tocando demanda com uma pessoa fria e sem consideração, as coisas tinham ficado mais difíceis para meus pais. Nesse ínterim, um amigo de meu pai, por nome Valdemar, proprietário de um grande armazém e máquina de beneficiar arroz – porque naquela época não existia supermercado e nem arroz beneficiado, em pacote, como hoje, ofereceu emprego de maquinista e auxiliar de armazém para meu pai. Esse fato aconteceu, mais ou menos, por volta de novembro de 1953. Meu pai havia ganhado a demanda da viúva e as coisas começavam a melhorar. Eu já trabalhava como engraxate, iria iniciar meus estudos na 1ª série primária; meus irmãos, Odete, Oliveira, Edson, Hélio, Genevra, que já haviam iniciado os estudos em escola na fazenda, estavam cursando a 2ª, 3ª, 4ª série primária, no Grupo Escolar de Buriti Alegre.

     Mas veja como é o destino! Depois de muitos anos sofrendo arduamente na lida dura da roça, meu pai tinha conseguido um bom emprego mas, infelizmente, ele foi sua desgraça e a nossa também. Por quê? Porque o patrão de meu pai, casado, tinha uma amante. Um dia, já nos idos de 1954, o senhor Valdemar encontrava-se na residência de sua amante e, um outro homem, por nome João Martins, que também era amante da mesma mulher – um verdadeiro triângulo amoroso, surpreendeu, o Valdemar com ela. Os dois se desentenderam e juraram que se mais uma vez esse fato repetisse, um dos dois morreria.

     Observem o que aconteceu... Não passou nem uma semana e, o Valdemar tomou conhecimento, pela boca de gente desocupada e fofoqueira, que o tal João Martins estava com sua amante. Não deu outra! Ele pegou um revólver de calibre 38 e foi se encontrar com seu desafeto. Os dois homens já se encontraram na rua, próximo à casa da referida amante, porque o João Martins já havia saído e deu de cara com o Valdemar.

     Meu pai ficou sabendo que seu patrão havia saído armado e, a pedido da dona Irany, esposa do Valdemar, foi tentar impedir uma tragédia. Chegou tarde, os dois homens já estavam atracados um com o outro. João Martins era um morenão alto e forte, enquanto Valdemar era baixo e de pouca compleição física. O João Martins havia pegado o Valdemar pelo pescoço e o estava matando enforcado. Meu pai, vendo de longe que o seu patrão estava sendo enforcado, apressou os passos para tentar separar os dois homens; no trajeto encontrou um amigo por nome de Ilídio e, com esse, foi tentar separar as duas feras.

     Meu pai tentou tirar as mãos fortes do João Martins do pescoço do Valdemar e gritou para o Ilídio tomar o revólver do seu patrão. Nesse ínterim, meu pai conseguiu tirar as mãos do João Martins do pescoço do Valdemar que já estava meio moribundo. O Ilídio, diante da fragilidade do Valdemar, conseguiu tirar o revólver de sua mão; mas, sem mais por que, o João Martins, do jeito que soltou a mão do pescoço de seu desafeto, deu um murro no rosto do Ilídio, que estava ali para ajudar a apaziguar aquela contenda.

     Estava decretada a tragédia. O Ilídio, da família Borges de Uberaba, gente perigosa, que não levava desaforo para casa, o qual havia levado um soco na cara, caiu de costas; quando levantou, já foi atirando no João Martins. Foram seis tiros no peito, à queima-roupa. O João Martins não resistiu e caiu morto.

      Moral da história, meu pai Aristides Dias da Silva e Ilídio Borges, que nada tinham com o desentendimento amoroso dos dois homens, tiveram que anoitecer em Buriti Alegre e amanhecer em outro lugar. Meu pai e toda a família em Goiânia, capital do Estado de Goiás. Fiz essa narrativa para contar os motivos que nos fizeram mudar do interior. Gente humilde da roça, como era a nossa família, para a cidade grande, isso em outubro de 1954, dois meses depois da morte do presidente Getúlio Vargas. 

 

     Capítulo II

 

Goiânia: Uma menina moça 

 

Largo do Bandeirante - Av. Anhanguera com Av. Goiás - Goiânia 1954

 

      Plantada no Planalto Central, no coração do Brasil, onde as veredas mais pareciam um oásis para o viajante cansado, Goiânia, nesta época, era ainda uma menina-moça, porém, de uma beleza imensurável  e de um futuro promissor.

     Iniciou-se para minha família uma nova jornada de incertezas, isso porque meus pais não conheciam ninguém ali e os parcos recursos que traziam consigo, nesta retirada obrigatória do interior para a capital, haviam acabado e ai, sem emprego, sem lenço e sem documento todos nós começamos a passar privações; tantas que havia dia que não tínhamos um pedaço de pão para matar a fome.

     Vivemos assim por algum tempo, morando em Goiânia, no Bairro Fama, perto de uma praça onde existia uma pequena igreja. Mesmo sendo de origem espírita, eu a frequentava. Os dias iam se passando, as dificuldades aumentando. Foi aí que, devido a minha frequência à igreja, conheci o padre Simão, um sacerdote de bom coração, de origem alemã, que ao tomar conhecimento das dificuldades que estava vivendo minha família, propôs-se a nos ajudar. Ele levou-me para ajudá-lo na igreja como coroinha e ajudou meu pai, que não tinha profissão nenhuma, com recursos da igreja, a comparar uma carroça, um cavalo e todos os acessórios para que  ele pudesse trabalhar como carroceiro e, com essa atividade, ganhar o pão sagrado de cada dia. Mas o que meu pai ganhava, mal dava para sustentar a família.

     Tivemos que mudar para Vila Nova, outro bairro de Goiânia, onde vivemos mais ou menos uns seis meses. O dia que meu pai levava dinheiro para casa, a gente comia, ou então, tínhamos que comer mamão cozido ou molho de abóbora com água e sal, que eu conseguia em terrenos baldios.

     Mais uma vez tivemos que mudar de endereço: na Vila Nova, Rua 214, nº 137, seria a nossa nova morada, isso por volta de 1955. Os meus irmãos Odete, Oliveira, Edson e Hélio, que poderiam ter amenizado toda essa dificuldade ajudando meu pai a trabalhar e nas despesas de casa, haviam ficado para trás; moravam em outras cidades e não tinham como nos ajudar. Eu estava com apenas nove anos de idade.

     Como eu já havia me familiarizado com Goiânia, resolvi, com o consentimento de meus pais, voltar novamente a engraxar sapatos e a trabalhar como jornaleiro, vendendo jornais nas ruas. Eu, com apenas 9 anos de idade, levantava às quatro horas da madrugada e, em companhia de minha cachorrinha Bolinha e de outros garotos, ia vender jornais. Fazíamos isso de segunda a sábado, até por volta das dez horas; depois, como já havia levado nas costas o engraxate, acertava a conta da venda dos jornais e ia engraxar sapatos, sempre acompanhado pela minha cachorrinha Bolinha, na Avenida Anhanguera, na Avenida Goiás, no Largo do Bandeirante, na Rua 4, no Mercado Central e, em vários outros pontos do centro da exuberante Goiânia. Ficava trabalhando até por volta das vinte horas, todos os dias. Eu era um garoto de apenas nove anos de idade na rua, mas trabalhando, seguindo a educação e a orientação que recebi de meus pais, especialmente de minha mãe querida, Laura.

     Eu tinha um comportamento reto, sem deslizes, respeitava os mais velhos, nunca mexia em coisa alheia, mesmo estando passando muitas dificuldades, pois tinha dia que o que eu ganhava não dava nem para eu comer. Nessa época, aconteceu um fato muito importante em minha vida. Meu pai ficou doente, sem condição de trabalhar, as coisas iriam se complicar ainda mais, pois o que eu ganhava era muito pouco e insuficiente para sustentar a casa. Já no ano de 1956, levantei-me, como sempre, às quatro horas da madruga e, na companhia inseparável de minha Bolinha e de outros garotos, lá fomos nós vender exemplares dos jornais: Folha de Goiás e o Popular, dois importantes jornais da capital, que existe até hoje.

     Naquela edição, foi publicada matéria da morte de seis pessoas de uma mesma família que residiam na Rua 68, a “Família Mateússe”, mortas a golpes de machado, sem que ninguém soubesse as causas, porque nada havia sido roubado. Um crime misterioso que chocou toda Goiânia. Vendi naquele dia aproximadamente 500 exemplares dos jornais Folha de Goiás e do Popular, que traziam a notícia do ocorrido.

     Uma senhora, ao adquirir de uma só vez quarentas jornais, me deu em pagamento duas notas, uma de dois cruzeiros e outra de vinte cruzeiros, pensando estar me pagando quatro cruzeiros pela aquisição dos exemplares. Mostrei para ela o engano e que ela havia me dado em pagamento muito dinheiro, porque os jornais custavam apenas dez centavos cada. Qual não foi minha surpresa – diga-se de passagem, muito agradável - quando essa senhora disse: “pela sua honestidade, você pode ficar com o dinheiro”.

     Fiquei embaraçado com todo aquele dinheiro, pois o máximo que eu conseguia ganhar por dia era, em média, dois cruzeiros, pois uma engraxada custava apenas cinco centavos cada. Foi uma grande festa levar para casa aquela dinheirama que iria ajudar na despesa da casa, já que meu pai estava doente e impossibilitado de trabalhar como carroceiro.

     Com todo aquele dinheiro, minha mãe que queria fazer cochinha para vender, não perdeu tempo: comprou os ingredientes necessários e começou a fazer esse gostoso petisco (feitas de carne de porco, as mais gostosas que já comi em toda minha vida), que iria, com o lucro da venda, ajudar nas despesas da casa.

     Mas as minhas surpresas como engraxate e jornaleiro não param com esse episódio. Um mês depois do ocorrido, de ter recebido mais dinheiro que o necessário para pagamento dos jornais, outro fato marcou definitivamente a minha vida de engraxate. Ao engraxar o sapato de um senhor ainda jovem, aparentando aproximadamente uns trinta e cinco anos, ele começou a conversar comigo. Perguntou meu nome, quis saber  quem eram meus pais, indagou se eu estava estudando, se sabia ler e escrever, afirmando que “somente através do estudo às pessoas podem se tornarem independentes e livres”.

     Respondi que não, porque precisava trabalhar para ajudar meus pais na despesa de casa, porque éramos muito pobres e o que ganhava  meu pai mal dava para sobrevivermos. Ele perguntou-me se eu imaginava qual era a profissão dele. Respondi prontamente: “Doutor”. Ele sorriu e disse que era Engenheiro Eletricista e que morava no Rio de Janeiro. Nesse ínterim, terminei de engraxar os sapatos do engenheiro. Quando ele me perguntou quanto ele devia pagar pelo meu serviço, eu respondi: “cinco centavos. Ele tirou da carteira uma nota de cinquenta cruzeiros e me deu em pagamento. Eu disse a ele que não tinha troco, que podia me pagar depois, quando ele passasse por ali novamente. Com voz firme e determinada, o doutor, que se chamava Rafael, disse: “estou lhe pagando com essa quantia pelo seu serviço, pois notei que você é um bom menino, que está trabalhando desde criança para ajudar seus pais”. “Não posso aceitar, doutor, é muito dinheiro! Como vou explicar isso para meus pais”. Então ele me perguntou: eles não confiam em você? "Diga-lhes que você ganhou o dinheiro trabalhando, que fui eu que lhe paguei pelos seus serviços. Não tenha medo, sua mãe e seu pai vão acreditar em você”. O engenheiro desejou-me boa sorte e me aconselhou a estudar, pois só assim eu iria melhorar a minha condição de vida. Despediu-se e foi-se embora.

     Aquele pagamento de cinco centavos com uma nota de cinquenta cruzeiros me deixou atordoado, sem saber o que fazer com tanto dinheiro, pois eu nunca tinha posto no bolso uma quantia assim, engraxando sapatos. Era aproximadamente dez horas. Todos os dias eu voltava para casa às vinte horas, naquele dia, porém, eu voltei logo em seguida, ao ter recebido o dinheiro extra daquela tarefa, porque queria mostrar para a minha mãe o tanto que eu havia ganhado. Cheguei em casa, aproximadamente às onze horas, cansado, mas muito feliz, porque estava levando dinheiro que seria suficiente para resolver os problemas que meu pai estava enfrentado por estar doente e sem poder trabalhar. Minha mãe, Laura, e meu pai Aristides ficaram muito contentes de saber que aquela grana daria para pagar três meses de aluguel que estava atrasado, pagar mais três adiantados. Poderiam comprar toda mobília da casa, porque tínhamos alguns móveis muito velhos todos ultrapassados, e ainda daria para fazer despesa da casa por uns três meses, comprar roupa e calçado para me vestir e vestir todas as minhas irmãs. Aquele dinheiro deu, realmente, para meus pais fazerem uma revolução, porque, aquele dia, naquela hora que eu cheguei, não tinha nada para fazer comida em nossa casa.

     Vivemos mais um ano em Goiânia, e todo dia era a mesma rotina: eu levantava de madrugada para vender jornais e depois ia engraxar sapatos, como forma de ajudar minhas irmãs e meus pais a sobreviverem até que algo diferente acontecesse em nossas vidas.

     Um dia, numa dessas idas para trabalhar, depois de vender jornais e ir para a Av. Goiás engraxar, dois de meus colegas, Valdo e Roberto (Tatu), que também exerciam a minha profissão, me chamaram para  ir tomar banho no Largo das Rosas, uma piscina pública que tinha entre Goiânia e Campinas. Lá fomos nós. Chegamos naquele lago, tiramos as camisas e pulamos na água, nadamos em direção a um trampolim que ficava a uns cinco metros da margem onde havíamos deixado as nossas roupas e engraxates. Subimos no trampolim , que tinha uns três metros de altura, e de lá nós pulamos em pé, indo até ao fundo do lago, que tinha uns seis metros de fundura.

Num desses saltos que eu dei me lembro que cheguei a encostar o pé no fundo, mas quando eu estava retornando do mergulho, o meu colega Tatu pulou e veio direto em cima de mim, me levando novamente para o fundo do lago com seu peso e a pressão da água. Comecei a perder os sentidos, pois fiquei tonto, sem ter noção de onde estava. Para sorte minha, o outro garoto, meu vizinho Valdo, viu quando eu boiei, já afogando. Como que por instinto, ele me puxou pelo cabelo para cima da base do trampolim, me salvando a vida. Bebi muita água, mas como Deus protege as crianças, me protegeu de morrer afogado. Naquele dia não contei nada para meus pais quando cheguei em casa, porque, se eu fizesse isso, teria levado uma surra daquelas. Só contei esse fato para minha mãe, muitos meses depois. A partir daquele acontecimento, nunca mais brinquei com água.

 

    Goiânia 1957 - Vista parcial da Praça Cívica

 

Em fevereiro de 1957, algo novo começa a acontecer conosco. Minha irmã Odete havia se mudado de Buriti Alegre para Uberlândia, e disse que ia nos ajudar a mudar para perto dela, e reunir novamente a família, porque o meu irmão Edson e minha irmã Genevra (Neve) já haviam se mudado para aquela cidade. Assim, em setembro desse mesmo ano, às dezesseis horas, minha mãe, minhas irmãs: Maria Célia, Sueli, Leilane e eu, embarcávamos de mudança, pela estrada de Ferro Goiás, rumo ao Triângulo Mineiro, para a cidade de Araguari, estado de Minas Gerais. Meu pai ficou em Goiânia, para resolver alguns assuntos, antes de ir se juntar a nós.

     Um fato triste aconteceu na nossa partida, que me deixaria sentido por muito tempo. Eu tinha, como já disse anteriormente, uma cachorrinha de nome Bolinha. Quando eu saía de madrugada para vender jornais e engraxar sapatos, ela ia comigo, era minha companheira inseparável, onde eu punha o pé, ela punha o nariz, não se separava de mim para nada. Tudo que eu comia, eu dava para ela comer, por isso, ela aprendeu comer maçã, uva, chupar picolé, tudo que eu dava ela comia. Mas vejam como são as coisas, não sei se foi por falta de visão de meus pais ou se foi por falta de recursos financeiros, quando estávamos embarcando, a minha cachorrinha não podia embarcar conosco, ela havia nos seguido até a estação ferroviária iria para sempre se separar de nós. A Bolinha queria estar perto de mim, coisa que ela fez durante  o tempo que morei em Goiânia, ela queria ir junto comigo, mas infelizmente a empresa não permitia carregar cachorro ou qualquer outro tipo de animal. O trem apitava a bolinha do lado de fora, latia tristemente. Parecia até que ela adivinhava que aquela seria a última vez  que ia me ver. Dentro do trem, meu desespero era igual. Eu chorava inconsolavelmente, pedia que deixassem a minha amiga Bolinha vir comigo. Infelizmente o trem partiu e a minha cachorrinha ficou para trás, uivando, triste, como querendo me dizer adeus para sempre. Nunca mais a vi. Tive notícias de que ela voltou para onde morávamos e que chorava muito. E foi assim até morrer.

     Viajamos a noite toda. Chegamos a Araguari eram aproximadamente umas nove horas da manhã. Durante a viagem, fato desagradável ocorreu: o dinheiro que minha mãe estava levando, fruto da venda de alguns objetos em Goiânia, foi roubado. Esse dinheiro era para as despesas de viagem, comida e passagem, assim, a viagem inteira passamos fome, sem ter a quem recorrer. Em Araguari, minha mãe, contando com a ajuda providencial de um primo, por nome de Missiínha, que trabalhava na Estrada de Ferro da Mogiana, comprou as passagens para nós até Uberlândia, onde iríamos morar.

     Em Uberlândia, as coisas não mudaram muito. Estávamos com a família quase toda reunida, mas era uma família grande, meu pai e minha mãe estavam desempregados, só meu irmão Edson, que era alfaiate, trabalhava para nos sustentar, porque minha irmã Odete e meu cunhado Álvaro não tinham como nos ajudar, eles trabalhavam cedo para comer à tarde. Eu já tinha onze anos de idade. Como Uberlândia era uma cidade onde as pessoas tinham o hábito de plantar hortaliças, eu embarquei nessa. No fundo do quintal da casa da minha irmã havia uma área de terra relativamente grande. Não perdi tempo, contando com a ajuda de meu cunhado, Álvaro Vasconcelos, iniciei o plantio de hortaliças, como forma de ajudar, com a venda dessas verduras, na despesa de casa.

     Graças a Deus, tudo que plantamos deu com abundância: alface, couve, repolho, cenoura, almeirão e cebolinha. Enchi um carrinho e saí vendendo. Não deu nem pro cheiro. Assim, vendendo essas verduras, ajudei a manter as despesas da casa com alimento, durante uns três meses.

     Já fazia alguns meses que estávamos morando em Uberlândia, quando minha mãe descobriu que vários parentes nossos moravam em Ituiutaba. Ela não perdeu tempo, juntou o dinheiro necessário para a viagem e veio conhecer Ituiutaba e se avistar com a parentalha, que há muitos anos não via, e tentar encontrar um novo caminho, uma nova oportunidade , para que nossa família pudesse viver melhor.

A viagem de mamãe a Ituiutaba durou apenas dois dias, pois ela retornou a Uberlândia com um único objetivo: preparar a nossa mudança para aquela cidade que seria mais uma onde iríamos buscar uma nova oportunidade de sobrevivência, de ter uma vida digna, independente, como todas às pessoas têm direito. 

 

Capítulo III

 

Chegada a Ituiutaba

 

Vista parcial da Praça da Prefeitura - 1960 

 

     Mudar para Ituiutaba representava a esperança de um dia melhor, de encontrar um caminho seguro que pudesse dar estabilidade ao esforço de meus pais de completarem a criação da família que haviam iniciado a constituição no estado de Goiás, nas cidades de Goiandira, Vianópolis, Buriti Alegre e Goiânia, mas que, por ingerência do destino, havia penalizado a nossa criação no estado em que eu nasci e que nasceram meus irmãos.

     No dia 8 de junho de 1958, chegávamos de mudança na pequena e ainda muito jovem Ituiutaba, que naquele ano completaria cinquenta e sete anos de existência. Saímos de Uberlândia por volta de cinco horas da madrugada e aportamos nesta terra de São José do Tijuco, por volta das quatorze horas e trinta minutos. Gastamos nove horas e meia de viagem de caminhão. Chegamos pela Rua 36 – como é até hoje -, descemos pela Av. 7 – que hoje é mão única de sida -, viramos a direita, na Rua 26, e seguimos por esta até a Avenida 13, onde iríamos morar.  

     Algo me chamou a atenção: havia grande fila de caminhões, carregados com sacas de arroz, em toda a extensão da Avenida 7, nas ruas 28 e 26, numa distância de aproximadamente em um quilômetro, dos dois lados da vias, justificando ser Ituiutaba a “Capital Brasileira do Arroz”.

Segundo o historiador João Petraglia (falecido), existiam naquela época aproximadamente cinquenta e duas máquinas de beneficiar arroz, e Ituiutaba era conhecida, como, a “Capital Brasileira do Arroz” devido à grande produção de arroz no município.

    Chegamos,  como já disse, às quatorze horas e trinta minutos. A cidade estava em festa, pois a seleção brasileira havia jogado contra a Áustria, pela Copa do Mundo de 1958, que estava sendo realizada na Suécia, e havia derrotado aquela seleção por 3X1.

     Fomos morar em uma casa na Av. 13, entre ruas 28 e 30, bem perto de parentes de minha venerada e querida mãezinha, Laura. Eram nossos parentes, minha tia Bárbara Severino e meu tio Filinho, os primos Geni Severino e Bolívar Gomes Campo, que foram pessoas importantíssimas na mudança de rumo de nossas vidas, desde nossa chegada a essa cidade que nos abraçou como filhos.

     Dois anos depois da nossa chegada a esse porto feliz,meu pai, até então trabalhando de guarda noite na Predial - Materiais para Construção, localizada na Rua 22, entre as avenidas 9 e 11 -, conseguiu mudar de emprego. Ele foi convidado – por intermédio do primo Bolívar que era espírita e membro da Mocidade Espírita de Ituiutaba, mantenedora do Educandário Ituiutabano -, para trabalhar e morar naquele Educandário, o  que daria a mim uma nova perspectiva de vida, pois ali aprendi a ler, a escrever e a descobrir um mundo que até então eu não conhecia. Naquele Educandário vivi uma das melhores fases da minha vida, pois, durante dez anos, convivi com quase dez mil estudantes de ambos os sexos e professores maravilhosos, como dona Nair Gomes Muniz, dona Luiza e dona Congeta Pelheús, esta última, esposa do meu grande amigo Tomaz Salviano, as minhas primeiras professoras, e o professor, Dr. Paulo dos Santos, diretor do colégio, e um segundo pai para mim e para os demais alunos da escola.

     O educandário foi para mim um segundo lar, pois aprendi que a vida é mais bonita quando a gente sabe ler e escrever, porque ler e escrever significa cortar as algemas da ignorância e as corrente do analfabetismo e alçar vôo, como o condor, para um mundo maravilhoso que é o saber, a luz que guiaria meus passos por toda vida. Aprendi, além de ler e escrever, a dançar, a praticar esporte, como futebol, futsal, vôlei, natação, atletismo e fiz parte da mais importante fanfarra que já se teve notícia nesta cidade: a fanfarra do Educandário que dava show quando participava dos desfiles de 7 de setembro e do aniversário da cidade.

 

Hairton Dias -  Aos14 anos de idade

 

    O primo Bolívar, um influente comerciante na Rua 22, com Av. 11, era proprietário da Alfaiataria do Bolívar, que naqueles tempos, por volta de 1960, confeccionava uma média de cem  ternos por semana, todos para noivos que iriam se casar. Aos sábados eram realizados na cidade uma média de cento e vinte casamentos. Nesta época, o Bolívar, já bem-sucedido como empresário no ramo de alfaiataria, propôs vender seu estabelecimento para seus funcionários: Edson – meu irmão, Chico Alfaiate e Valdivino Alves Ferreira, que assumiriam o comando daquela promissora atividade.

     A sociedade durou apenas um ano, pois meu irmão Edson comprou a parte do Chico e do Valdivino e passou a tocar, com minha ajuda, aquela alfaiataria, que passou a chamar-se Silva Alfaiate, na Rua 22, nº 621, bem no centro da cidade. Eu que já havia aprendido a profissão de alfaiate, trabalhava noite e dia para ajudar meu irmão a dar conta das encomendas que eram muitas, uma média de doze ternos por semana.

      Registro: Em 1963, morávamos no Educandário Ituiutabano, naquele ano aconteceu uma seca memorável, ficou sem chover praticamente, de janeiro a dezembro, deixando às pessoas desesperadas por falta de água, levando centenas de moradores desta cidade, passarem em frente ao colégio onde eu morava, com garrafas com água e irem rezar, na chamada Serra do Corpo Seco, para chover.      

     Até 1967, eu, já com vinte e um anos de idade, estudava e trabalhava naquela profissão que havia me dado uma melhor estabilidade financeira, diferente da vida dura de minha infância. Paralelo à minha profissão de alfaiate e atividade estudantil, nos fins de semana, eu iniciava uma nova profissão: a de radialista. Convidado por meu irmão, hélio Dias, e por Gilson Humberto e Pereira Lisboa – estes dois últimos de saudosas memórias -, fui fazer teste de radialista na rádio Difusora AM, que naquela época estava arrendada pelos cancellas e funcionava no mesmo prédio da Rádio Cancella, na rua 20, no 1º andar do prédio onde funciona até hoje a revenda Ford – isso ainda por volta de 1967.

Naquela nova profissão eu contei, como não poderia deixar de ser, com a ajuda importantíssima do mano Hélio Dias, mas também com a ajuda importante de amigos como Elmory Pereira Lisboa e Rui Barbosa Castanheira. Mas tarde pude ajudar amigos como Luiz Carlos de Souza, Wanderlei Nascimento, Daniel Paulo do Nascimento e tantos outros, a iniciarem a gratificante carreira de radialista.

 

Capítulo IV

 

Presidente Da União Estudantil de Ituiutaba

 

      1971 - Presidente da UEI  

                                                 

No final de 1969, eu estudava na Escola Estadual Professora Maria de Barros (ex-Educandário Ituiutabano), fui convidado por Luiz Fratary e Nelson Dias das Graças para concorrer à eleição da UEI – União Estudantil de Ituiutaba -, como candidato a vice-presidente de uma chapa de situação, encabeçada por Nelson Dias das Graças. A eleição foi realizada em 23 de outubro de 1969, e nós saímos vencedores. A nossa posse se deu em 5 de dezembro de 1969. Fomos eleitos para um mandato de dois anos. Foi nessa época também que fui convidado por Rodolfo Leite de Oliveira e Sebastião Luiz Mamede a ingressar na política, filiar-me no MDB, como um de seus fundadores, partido pelo qual saí candidato a vereador, e fui eleito por quatro mandatos, sobre os quais entrarei em detalhes posteriormente.

     Na política estudantil fiquei como vice-presidente por um ano. Devido a problemas particulares, o presidente Nelson Dias das Graças renunciou ao mandato, isso em  maio de 1970. Por força do estatuto da entidade fui conduzido à presidência da UEI.

     Como presidente, paguei todas as contas deixadas por meus antecessores, como aluguel atrasado, para o Senhor Manoel Horta, correspondente à sala quatro do edifício Cine Ituiutaba, aonde funcionava a sede da UEI; despesa de energia elétrica, material de consumo, como papel, envelopes, plásticos para carteira de estudantes. Procurei administrar bem a UEI, pois consegui através de um trabalho sério filiar todos os grêmios das escolas municipais, estaduais e particulares à entidade. Destinei 60% da arrecadação com a expedição de carteira de estudantes aos grêmios das escolas filiadas; fiz convênios com estabelecimentos comerciais, médicos, dentistas, barbeiros, cabeleireiros para que os estudantes pudessem gozar de descontos ao comparar nos estabelecimentos e ou usar os serviços prestados por esses profissionais.

     Foi nessa época que a UEI foi convidada a participar, em Passos, sul de Minas, dos Jogos Estudantis Mineiros. Formamos  uma delegação de 11 atletas  para disputar natação, atletismo e futebol de Salão (Futsal). Foi uma equipe pequena, mas voluntariosa, porque ganhamos três medalhas, uma em natação, uma em Futsal e outra em atletismo. Mas Ituiutaba, devido essa participação, ganhava um sonhador. Prometi a mim mesmo, naquela longínqua cidade, que um dia eu iria realizar na minha terra jogos como aqueles que nós acabávamos de participar.

     No final de 1971 realizei, conforme estatuto, as eleições da União   Estudantil, e a chapa oficial, encabeçada pelo estudante Wilson Marinho e apoiada por mim, saiu vitoriosa. Ele venceu aquele que, mais tarde, viria a ser o diretor da CTBC, Divino Sebastião de Souza, irmão do também, mais tarde , diretor da CTBC Algar Telecom e presidente da ACII – Associação Comercial e Industrial de Ituiutaba, Gerson Sebastião de Souza. Em seguida dei posse aos eleitos. Pequeno detalhe: eu que havia assumido a UEI, há dois anos, com dívidas que ultrapassavam, naquela época, a casa de dez mil cruzeiros, deixei a entidade com trinta e cinco mil cruzeiros em caixa, depositados em conta do Banco do Brasil.

   Em janeiro de 1973, casei-me com Mirtes Helena Vinhal, com quem tive duas filhas, Andréa Vinhal Dias e Priscila Vinhal Dias.

  Em maio de 1976, conheci aquela que viria a ser, mais tarde, minha segunda esposa, a jovem Margarete Batista Moreira, porque, anos depois me divorciei, indo unir minha vida aquela por quem me enamorei desde o primeiro dia em que a vi.

 

Capítulo V

 

Início da minha carreira política e radiofônica

 

No início da carreira radiofônica, apresentando o programa com a participação de populares

     Retornando a 1970, ano em que foi oficializada a fundação do MDB de Ituiutaba e  ano eleitoral, iríamos ter a primeira eleição para prefeito no bipartidarismo, isto porque, a chamada revolução de 1964 havia baixada um Ato Institucional extinguindo todos os partidos políticos existentes até aquela data. Foram criados somente dois partidos: MDB – Movimento Democrático Brasileiro – e a ARENA – Aliança Renovadora Nacional.

      Como já tinha alguma experiência política disputando cargo na União Estudantil de Ituiutaba e como já havia me filiado ao MDB, não tive dúvidas, entrei de cabeça na campanha eleitoral. Como um dos fundadores do partido, empunhei a Bandeira da Democracia, já que o Brasil estava sendo governado, depois do golpe militar de 1964, por generais, em um regime ditatorial truculento, porque prediam,  torturavam e exilavam as pessoas que eram contra aquele estado de coisas, e por isso, eram consideradas comunistas.

     A disputa foi bastante concorrida, o MDB tinha como candidato o arquiteto Fued José Dib, e a ARENA, o engenheiro civil e professor, Álvaro Otávio Macedo de Andrade. Eu como membro do partido, vesti  camisa dessa candidatura sem pedir nada em troca. Ao final da campanha, o candidato do MDB foi derrotado e Álvaro Otávio saiu vitorioso. Foi nessa campanha que, pela primeira vez, como líder estudantil, fiz um discurso político, na confluência da Av. 25 com Rua 36, pedindo ao povo para  votar nos candidatos do meu partido, o MDB. Saí carregado do caminhão, porque as pessoas que lotavam aquele comício gostaram bastante do meu discurso de apoio aos candidatos do partido. Muitos cidadãos naqueles tempos tinham receio de ir ao comício do MDB, por pensar que podiam ser considerados comunistas.

     Foi nesse mesmo ano que iniciei um programa radiofônico, na Rádio Cancella, intitulado “Show Noturno e o desfile dos Bairros”, onde eu, usando um gravador maior que uma rapadura, ia de bairro em bairro, levantando os problemas existentes em cada um deles e, depois, cobrava das autoridades constituídas as providências em favor dos moradores.  As pessoas que participavam das gravações do programa, além de poder cobrar os benefícios, como rede de água, rede de esgoto, energia, pavimentação, postos de saúde, creches e emprego, podiam ainda pedir a sua música preferida. Esse programa ficou no ar até dezembro de 1975, com audiência total nos bairros da cidade, porque era um instrumento precioso que os moradores tinham para cobrar das autoridades os benefícios que quase não existiam em seus bairros. Foi dessa foram que fiquei bastante conhecido, ganhei popularidade e, no ano seguinte, em 1972, eu fui convidado pelos integrantes da executiva do MDB para me candidatar a vereador.

     Na minha carreira radiofônica trabalhei com vários ícones do rádio de Ituiutaba, mas a maior de todas as honras, para mim, foi ter trabalhado ao lado de Fernando Santiago, o mestre dos mestres, o papa do rádio tijucano.

 

Capítulo VI

 

Meu primeiro mandato de vereador: Criação dos

Jogos Estudantis de Ituiutaba

 

                        

     Jogos Estudantis criados em 1976 - seriam realizados pela primeira em um ginásio em 1981 - Ginásio AABB 

 

    A eleição de 1970 foi realizada para um mandato tampão. Dois anos depois os partidos políticos se organizaram para mais uma disputa eleitoral. O MDB novamente lançava a candidatura do arquiteto Fued Dib (raposa da política de Ituiutaba), e a ARENA lançou a candidatura do Dr. Gerson Abrão, advogado e professor, com o único objetivo: derrotar o candidato do Movimento Democrático Brasileiro, Fued Dib.

     Nessa eleição de 1972, eu me candidatei a vereador pela primeira vez, enfrentei candidatos como Agesípolis Fernandes Maciel, Gabriel Palis, Arthur Junqueira de Almeida, José Arantes de Oliveira, Sebastião Luiz Mamede, Milson Ribeiro Vilela, Luziano Justino Dias, Joaquim Campos  Primo, Eurípedes da Costa Melo, Nivaldo Inácio Moreira, Pedro Lurdes de Morais, Vasco de Almeida, dentre outros, que eram candidatos raposas da política desta cidade, fiquei como primeiro suplente, vindo a assumir, mais tarde, a cadeira de vereador, na mudança do vereador Vasco de Almeida para o estado de Matogrosso. Nessa época vereador não tinha salário.

     O candidato do MDB, Fued Dib, saiu vitorioso, com uma substancial ajuda minha e de meus companheiros  de partido. Nesse meu primeiro mandato como vereador foi desenvolvido de forma muito atuante. Como eu já conhecia os problemas da cidade, e principalmente os dos bairros, devido ao programa que realizava na Rádio Cancella, Show Noturno e o Desfile dos Bairros, percorrendo os quatro cantos da cidade, em toda reunião da Câmara eu apresentava indicação ao prefeito para resolver a questão da falta de infraestrutura e de saneamento básico, como redes de água e esgotos para os moradores da periferia, que não contavam com esses benefícios, postos de saúde, creches e pavimentação. Foi nesse meu primeiro mandato de vereador que criei os Jogos Estudantis de Ituiutaba considerados naquela época, a maior festa esportiva do Triângulo Mineiro. Os jogos foram aceitos pela administração e aquele sonho que eu acalentava desde 1971, quando participamos dos Jogos Mineiros, em Passos, iria se transformar em realidade e, como sonhei, eu iria coordenar a sua realização em Ituiutaba.

 

Jogos Estudantis - 1978 - Quadra do Ituiutaba Clube

     Foi a minha primeira grande vitória em favor do povo desta cidade que me abraçara como filho. Vitória da nossa juventude estudantil que até então não tinha nenhuma opção de lazer, de prática esportiva. Os Jogos Estudantis, além de ser a maior festa esportiva da cidade, se transformaram num instrumento de inclusão social, porque desde 1976, tirou meninos e meninas das ruas, incentivando-os a retornarem às salas de aula, e voltarem a estudar, pelo prazer de participarem dos jogos, defenderam suas escolas, tornarem-se vencedores, ficarem em destaque, se transformarem de excluídos, em vencedores, em verdadeiros campeões.

 

Capítulo VII

 

História dos Jogos Estudantis criados

por Hairton Dias

 

Abertura dos Jogos Estudatis Ituiutaba - 1982

 

     Era outubro de 1971. A cidade de Passos, no Sul do estado, iria sediar os Jogos Estudantis Mineiros. A competição reunia cinco mil atletas de vários municípios. Um dos convidados foi Ituiutaba, no Triângulo Mineiro. Eu, Hairton Dias, então presidente da União Estudantil de Ituiutaba, tinha um desafio: reunir o maior número de alunos para participar da competição. O número não foi nem um pouco animador.  Apenas onze estudantes decidiram entrar nos jogos para representar a cidade.

 

Abertura dos Jogos Estudantis 1988
 


O que ninguém imaginava era que a cidade terminaria a competição tão bem representada. Ao todo, três atletas voltaram com medalhas: uma de ouro, uma de prata e uma de bronze. Mas mais do que medalhas, eu, Hairton também trazia um sonho. Pois eu acreditava que a prática do esporte era capaz de aproximar as pessoas, de fazer amizades e o melhor: fazer disto um instrumento de inclusão social.

 



Após chegar de viagem da capital mineira, eu fui amadurecendo aquela ideia de fazer tornar-se possível o sonho de realizar os jogos estudantis na cidade. Mas o caminho não foi fácil. Sem dinheiro e sem patrocinadores, eu decidi bater na porta de empresas em busca de parceria para adquirir materiais esportivos que poderiam ser usados nas competições. E foi em meio às dificuldades que eu dei início, em 1976, à primeira edição dos Jogos Estudantis de Ituiutaba. Em 2014, 38 anos depois, eu aguardava como espectador o início da 36ª edição.

 

Hairton Dias cumprimenta os atletas no Jubileu de Prata dos Jogos, quando foi homenageado, em 2002


     - “Digo que plantei uma semente em terra fértil. Fico lisonjeado em saber que isso cresceu. Sonhei e materializei esse sonho e estou realizado por saber que os jogos desde sua criação são usados como instrumento de inclusão social. Muitos alunos, desde a sua criação voltaram à escola por causa deles. Estamos colhendo os frutos desta semente boa que foi plantada, com muito carinho e dedicação. Frutos que são colhidos hoje também por profissionais da educação.

     A diretora da Escola Municipal Machado de Assis, Ana Emília Abrão, explicou que somente para esta edição, cerca de 400 alunos foram selecionados. Ela afirma que é visível a mudança de comportamento nas crianças, que mostram vontade de participar e se comprometem mais nas aulas. Com os jogos, ficou mais fácil ensinar.
- "Os alunos mudaram o comportamento. Eles têm aumentado a frequência e se mostram mais dispostos para as aulas. É um sentimento de dever cumprido, pois estão dando respostas aos projetos que nos envolvem" - disse a diretora.


     O coordenador de esportes da Escola Municipal Aureliano Joaquim da Silva, Fernando Donizete, explica que por conta dos jogos, treinos especiais são realizados aos finais de semana com os selecionados. Ele ainda afirma que é mais fácil ensinar e entusiasmar os alunos, que têm o objetivo de participar da competição e subir ao pódio para representar a escola.
- Se você propuser ao aluno para treinar e participar das aulas, você tem como objetivar a competição. Só de falar que esses alunos vão representar a escola nos jogos, eles já se sentem realizados. Se não tivéssemos esse projeto, teríamos dificuldade em facilitar essa motivação. E damos o máximo para que isso não diminua - explicou.

     Em 2015, os Jogos Estudantis serão realizados em sua 37ª edição. “Hoje grande parte das cidades do Triângulo Mineiro realizam jogos estudantis seguindo o exemplo de nossa cidade, isso para mim é gratificante”.

     Registro: Na comemoração do Jubileu de Prata dos Jogos Estudantis, em 2002, além de mim, idealizador e criador, da referida competição foram homenageados também, os integrantes da comissão que me ajudou durante a realização desse grande evento: Eurípedes Divino Parreira, Sinésio de Freitas, Marquinhos da Esportiva Calçados, Sargento Neiva (TG), Alberico José Vilarinho, Valter Vanderlei Valadão, Paulo Sergio da Cruz, Ebert Laurent, Edmar Mariano, Jamil Nasralla, Vanderlei Alves, que deram sua contribuição para a realização dos Jogos Estudantis de Ituiutaba.

 

Jogos Estudantis – 40 anos de história

 

Partida dos Jogos no Ginásio AABB - 1982 - Ginásio lotado de estuantes e população

 

Foi no dia 7 de setembro de 1976, que nós abrimos pela primeira vez nesta cidade os Jogos Estudantis, que iriam mais tarde se transformar no maior acontecimento esportivo de Ituiutaba e região. Sonho acalentado por vários anos e que a partir daquela data ia se transformar no grande elo de integração da juventude desta terra tão querida.

Quantas dificuldades foram vencidas por nós para concretização desse ideal, mas tínhamos uma certeza, se conseguíssemos lançar aquela semente que colhemos na longínqua cidade de Passos, no sul de Minas, por certo haveria de germinar e produzir bons frutos. Preparamos a terra com todo cuidado e lançamos a semente, a irrigamos com muito amor e a adubamos com a fé inquebrantável que vinha das entranhas de nossa alma, porque acreditamos que só vence aqueles que acreditam no poder de vencer, lição que aprendi com meus pais, a quem rendo as minhas homenagens. Vencemos, porque a semente germinou e surgiu uma árvore frondosa, que ao longo dos anos tem produzido inúmeros frutos, os “Jogos Estudantis”, em sua 38ª edição.

Esse ano estamos comemorando quatro décadas da abertura dos 1º Jogos Estudantis, que além de ser uma extraordinária ferramenta de preparação fica e mental de “ crianças, se transformaram desde seu nascedouro, em um instrumento poderoso de inclusão social, pois fizeram retornar as salas de aula muitas crianças e adolescentes que haviam deixado de estudar e despertou em outras, o desejo de ir para a escola, fazendo nascer um interesse coletivo pela sala de aula, afastando muitas crianças e adolescentes dos caminhos perigosos e perversos das drogas, pois tinham certeza que estudando, o prêmio seria a participação nos jogos estudantis, que significava praticar várias modalidades de esporte, o que representava para eles uma grande vitória!

Quando se realiza no país às Olimpíadas, reunindo atletas e nações do mundo inteiro, quero concitar os governantes a investir mais em educação e em esporte, para que tenhamos realmente um país em que parte de seu povo possa se libertar das amarras do analfabetismo que escraviza e possa viver a plenitude de seus direitos, para que o Brasil possa se transformar na maior nação do mundo, em todos os sentidos, mas especialmente no campo esportivo, produzindo os melhores atletas para nos representar nas principais competições esportivas. Nesta oportunidade em que comemoramos 40 anos da criação dos jogos, eu quero cumprimentar a todos os prefeitos que deram a sua contribuição e apoio aos jogos, especialmente ao prefeito Luiz Pedro, a sua secretária Lazara Maria e a subsecretária Alciene Martins que têm dado suporte e apoio, para que os jogos continuem sendo esse instrumento importante de aprimoramento físico e mental, de nossas crianças e adolescentes, cumprindo o seu papel de formar bons atletas, mas acima do tudo, formar homens e mulheres conscientes, para enfrentar e vencer os desafios da vida!

Por último rendo a minha homenagem a companheiros que acreditaram no meu sonho e se juntaram a mim desde a primeira edição dos jogos, compondo comigo a comissão organizadora: Eurípedes Divino Parreira, Sinésio de Freitas, Paulo Sergio da Cruz, Marquinhos da Esportiva Calçados, Sargento Neiva (TG), Alberico José Vilarinho, Valter Vanderlei Valadão, Ebert Laurent, Edmar Mariano, Jamil Nasralla, Vanderlei Alves.

Realizar os jogos estudantis foi um sonho vencido, mas havia nascido outro sonho: ver um (uma) atleta dos Jogos Estudantis, participar um dia, das Olimpíadas! Para minha Alegria e satisfação, estou vendo mais um sonho meu ser realizado, pois na abertura das olimpíadas, a atleta Poliana de Ituiutaba, revelação dos JEI, lateral direita da Seleção Brasileira de futebol Fem., participou da vitória do Brasil 3 X 0 China e Brasil 5 X 1 Suécia, nos últimos dias 3 e 6 de agosto de 2016 no Engenhão.

Os Jogos Foram oficializados pela Câmara Municipal de Ituiutaba, através de emenda de minha autoria quando fui vereador, fiz constar na Lei Orgânica do Município promulgado no dia 21 de abril de 1990, Art. 115 § 4º. Além desta oficialização fiz constar no mesmo artigo, § 5 º que: o atleta ou agremiação que se destacar extraordinariamente nos jogos estudantis poderão ser destinados recursos financeiros, nos termos da lei, para participarem de competições intermunicipal, estadual ou nacional.

A todos os participantes dos 38º Jogos Estudantis os meus cumprimentos, que a vitória seja sempre perseguida, mas com lealdade, camaradagem e respeito com seus oponentes! Salve os Jogos Estudantis, 40 anos vivos, em meu coração!

Hairton Dias

 

Homenagem ao criador dos Jogos Estudantis de

Ituiutaba

 

Ponto alto da homenagem ao criador dos Jogos Estudantis, ex-vereador Hairton Dias, sendo representado por seu neto João Pedro

 

O criador dos Jogos Estudantis de Ituiutaba, ex-vereador Hairton Dias recebeu em 11 de agosto de 2016, uma das mais significativas homenagens para comemorar os 40 anos de história da criação deste grande evento esportivo de Ituiutaba e de toda região. A homenagem foi prestada pela atual administração (prefeito Luiz Pedro), ficando a Secretária de Educação, Esporte e Lazer, Lázara Maria coordenadora dos jogos, encarregada de prestar esta merecida homenagem ao seu criador.

A solenidade muito bonita e emocionante aconteceu no Ginásio Poliesportivo Municipal Romão, mas o homenageado, ex-vereador Hairton Dias, por orientação médica não pode comparecer (devido as fortes emoções que por certo teria), sendo representado por seu neto, de 14 anos, João Pedro Dias Vieira, estudante da escola Gildo Vilela Cancella (GVC), que teve a honra, em nome de seu avó, conduzir a Tocha Olímpica e acender a Pira Olímpica, dos 38º Jogos Estudantis de Ituiutaba.

 

João Pedro representando seu avó, criador  dos Jogos Estudantis, ex-vereador Hairton Dias, acende a Pira Olímpica

 

“Toda essa homenagem que recebi, eu dedico as crianças e adolescentes desta minha querida cidade, com a certeza que os jogos são uma importante ferramenta de burilamento do caráter e da personalidade de cada um, com a convicção de que os jogos haverão sempre, de preparar essas crianças e adolescentes, para os grandes desafios da vida, sempre com muita garra, mas com muita lealdade e respeito, aos seus semelhantes” disse HD.

 

Secretaria de Educação, Esporte e Lazer

endereça mensagem ao criador dos Jogos

Estudantis de Ituiutaba

 

Hairton,

“O homem é uma continuidade existencial. É uma vida que se faz em cada momento e se expande em cada gesto”.

A sua vida possui, sobejamente, continuidade existencial em todas áreas de trabalho em que você atuou ou atua.

No Legislativo tijucano, porém, você criou, quando vereador, os Jogos Estudantis de Ituiutaba-JEI, que sabemos, ficarão na história do município.

Parabéns pelo legado deixado as gerações vindouras que muito contribuirá para formação do carater de nossas crianças e jovens, além de integrá-las, incentivando-as a se comportarem em sociedade com seriedade, lisura, ética, companheirismo, respeito e lealdade.

Esta cerimônia, linda e segnificativa, devemos a você, Hairton e a sua capacidade de criar projetos que beneficiam o coletivo é que ficarão para a posteridade.

Nossos agradecimentos e o nosso abraço.

Prof.ª Lázara Maria Alves Moraes de Souza

Secretária Municipal de Educação, Esporte e Lazer.

Agradecimento:

“Fiquei muito emocionado ao ler essa mensagem a mim endereçada, através de meu neto João Pedro, que me representou no dia 11/08/2016, quando da abertura da 38ª edição dos Jogos Estudantis de Ituiutaba, onde não pude comparecer por recomendação médica. Quando os criei, não podia imaginar que um dia eles alcançariam o grande sucesso que hoje desfrutam. Passaram-se 40 anos, mas quando li essa mensagem e vi o vídeo de sua abertura, senti uma emoção inenarrável, como se toda aquela maravilhosa festa de abertura estivesse acontecendo naquele momento. Confesso fui tomado por uma emoção indiscernível, o que sonhei um dia estava se realizando, ano, após ano, os jogos cumprindo o seu papel, o de contribuir com formação física e mental, das crianças e adolescente desta cidade, de sua formação, se transformando em uma ferramenta importantíssima de inclusão social, contribuindo desde a sua 1ª edição, com o retorno a sala de aula, de crianças e adolescente que haviam parado de estudar, muitas delas a mercê de serem arrebanhadas pelo mundo perigoso das drogas. Retornavam a sala de aula, pelo prazer de participar dos jogos e defenderem as cores de sua escola, mas acima de tudo, com essa volta, sendo preparadas para enfrentar os grandes desafios nas jornadas da vida”.  

“Muito obrigado prefeito Luiz Pedro, muito obrigado Secretária de Educação, Esporte e Lazer, Lázara Maria Alves Moraes de Souza, muito obrigado a Subsecretária Alciene Martins e todos os membros da Comissão Organizadora-JEI. Recebo esta homenagem muito emocionado e eternamente agradecido, mas quero dividi-la com todos aqueles amigos e companheiros, que um dia acreditaram no meu sonho, e participaram comigo da sua realização, organizar os Jogos, a partir de sua criação, em 1976: Eurípedes Divino Parreira (+), Cinésio de Freitas, Marquinhos da Esportiva Calçados, Paulo Sérgio da Cruz (+), Sargento Neiva - TG 11/002, Ebert Laurent, Alberico José Vilarinho, Edmar Mariano (+), Jamil Nasralla, Walter Vanderlei Valadão e Vanderlei Alves”.

Hairton Dias

Capítulo VIII

 

Recuperação da canalização do córrego

São José

 

 Trecho de 300 metros sendo recuperado pelo prefeito João Batista Arantes da Silva da Rua. 38-A até Av. 17

 

    Em 1974, tivemos o início de uma grande obra de infraestrutura na cidade, a canalização do córrego São José, no trecho da Av. 5 até a rua 38, essa canalização foi feita com recursos do FDU – Fundo de Desenvolvimento Urbano-, do Governo Federal, repassados através do BDMG. Essa canalização representava uma grande conquista  e um grande avanço no desenvolvimento urbano da cidade; porém, de uma hora para outra, se transformaria no maior desastre administrativo já registrado na história deste município. Grande parte da canalização caiu. É que a sua construção, de acordo com denúncias feitas pelos vereadores da bancada da Aliança Renovadora Nacional – ARENA – na Câmara Municipal, havia sido feito com material de qualidade inferior e sem a devida fiscalização, por isso, no início de 1977, aproximadamente 300 metros dessa canalização caiu e aquela obra se transformou num grande pesadelo para a cidade e para à população tijucana, com reflexos negativos para o desenvolvimento econômico e urbanístico da cidade.

 

Capítulo IX

 

Segundo mandato de vereador

 

 HD fez as emissoras de rádio aonde trabalhou ficarem a serviço do povo

 

    Já no meu segundo mandato – devido aos trabalhos que realizei em favor da minha classe e dos trabalhadores em geral, consegui uma grande vitória nas eleições de 1976, o que me dava forças para desenvolver um bom trabalho em favor da população e do desenvolvimento do município. Eu que era vereador e radialista, tão logo assumi a minha cadeira na Câmara para o segundo mandato fui surpreendido com um desastre, a canalização que tinha sido recém-inaugurada com muita festa caiu aproximadamente 300 metros de galeria, trecho compreendido entre as ruas 38 e 38-A.

     Foi uma agitação total, pois a oposição queria uma explicação para aquele desastre, porque além de estarem cumprindo a missão de fiscalizar, não gostavam do ex-prefeito Fued Dib, devido às suas posições radicais. Como vereador de situação, tive a oportunidade de questionar aquele desastre, porém, o ex-prefeito Fued Dib, autor da obra, tentava de todas as formas justificar o injustificável e explicar o inexplicável sobre aquele desastre, porque ele não tinha uma explicação lógica para aquela irresponsabilidade e nenhuma forma de convencer a seus opositores – que qualificaram a canalização de a “Obra do Século”, porque, segundo eles, teria que ser consertada durante um século, pois teria sido muito mal feita.

     Ainda segundo a oposição, a queda da canalização do Córrego São José foi considerada como o maior prejuízo já causado por um prefeito na história administrativa de Ituiutaba, isso, segundo eles, por falta de zelo na construção da obra, falta de fiscalização, uso de material inadequado, sem que a administração tomasse qualquer posição para melhorar essa situação. Ela caiu três vezes em trechos compreendido entre a Rua 36 e a 38-A, sendo esse mesmo trecho recuperado, em épocas diferentes, pelos prefeitos Gilberto Aparecido Severino, João Batista Arantes da Silva e Públio Chaves, obras que, se fossem cobrados os preços praticados hoje, custariam aos cofres públicos aproximadamente 10 milhões de reais, porque foram quase 600 metros de canalização, que caiu vezes três.

     Devo salientar nessa narrativa da minha vida política em Ituiutaba, que tão logo comecei a realizar projetos em favor do povo, ganhando a simpatia popular, principalmente a partir da criação dos Jogos Estudantil de Ituiutaba, comecei a enfrentar na Câmara Municipal resistência aos meus projetos que sempre eram voltados para os mais carentes, para a classe que eu representava na Câmara, a classe trabalhadora.

     Mas, por incrível que pareça, não sei se por inveja, a maior resistência que os meus projetos e o meu trabalho enfrentava, vinha dos meus próprios “companheiros” do MDB/PMDB: José Arantes de Oliveira, Arthur Junqueira de Almeida (já falecido), Ricardo Abalém, Gabriel Palis, Sebastião Luiz Mamede, Luziano Justino Dias e Milson Ribeiro Vilela. Esses “companheiros” procuravam de todas as formas dificultarem o meu trabalho, impedindo que o povo fosse beneficiado por meus projetos, certamente, para que meu nome não continuasse acrescendo junto a opinião pública.

     Uma prova do que estou narrando aqui está registrado nos anais da Câmara Municipal desta cidade. Durante os seis anos de mandato do prefeito Acácio Alves Cintra Sobrinho – de 1º de janeiro de 1977 a 31 de dezembro de 1982 -, por seis vezes me candidatei ao cargo de presidente da Câmara. Inicialmente a escolha era feita dentro da bancada, para ser o candidato do partido e aí quem tivesse a maioria dos votos, seria o candidato da bancada. A nossa bancada era constuída por oito vereadores e a bancada da ARENA/PDS, por sete vereadores. Tínhamos maioria para eleger o presidente da Câmara; porém, em todos os anos, por mais que eu tentasse mostrar a minha competência para meus “companheiros” de partido, não conseguia me eleger presidente.

     Como inicialmente a escolha era feita dentro da bancada, eu tinha quatro votos e meus oponentes o mesmo número. Nos dois primeiros anos, como registrava empate o Regimento Interno da Câmara determinava que o candidato mais velho fosse o escolhido. Depois de dois anos que eu tentava e não conseguia ser escolhido, por marcação de meus “companheiros”, resolvi, com a participação de meus companheiros, Helis Ferreira da Silva, Anísio Marques dos Santos e Yussef Gergi Sabbag (este último já falecido), como não havia consenso dentro da bancada, ir para disputa da presidência da Câmara.

     Enquanto eu tentava conquistar legalmente os votos que me fariam presidente, os meus oponentes vereadores, José Arantes de Oliveira, Sebastião Luiz Mamede, Arthur Junqueira de Almeida e Gabriel Palis, companheiros entre aspas, faziam composição com a bancada adversária e me derrotavam por onze votos a quatro. Seria até normal na democracia esse resultado, se não fosse os acordos para me derrotar que ocorriam na fazenda do ex-prefeito Samir Tannus, um dos caciques da política da época.

     Sabem por que isso acontecia? Simplesmente porque eu disse em uma entrevista a um jornal da cidade, antes da primeira eleição que disputei à presidência da Câmara, caso fosse eleito presidente iria acabar com os marajás e funcionários fantasmas da edilidade. Outra coisa que declarei, e que me prejudicou muito, é que iria cortar as reuniões extraordinárias, em número de quatro por mês, que aumentavam os getons dos vereadores.

     Outra prática imoral que era comum, e que sempre fora usada para me derrotar, era a distribuição de dinheiro por aqueles vereadores que me enfrentavam na eleição para presidente da Câmara. Os vereadores que neles votavam recebiam dinheiro, além de parte dos dois terços a mais de salário que ganhava o presidente, como por exemplo: imaginemos que nosso salário em 1978 fosse de 1000,00 cruzeiros (dinheiro da época), porém, como o presidente recebia dois terços a mais, o que representava 666,66 cruzeiros, estes eram repartidos em partes iguais com os vereadores-eleitores; se fossem 10 vereadores, tocavam, em média, 66,66 cruzeiros a mais para cada um, isso o que consegui  descobrir. Compra de voto!..

     Como podem notar, era impossível conseguir eleger-me presidente da Câmara, porque usando estes artifícios – que sempre abominei – eles me derrotavam. À época, disputei eleições para presidente da Câmara contra José Arantes de Oliveira, Arthur Junqueira de Almeida e Gabriel Palis.

 

Capítulo X

 

Meu terceiro mandato - Implantação do

Projeto Cura em Ituiutaba

 

     Dois projetos devem ter contribuído para minha eleição, para um terceiro mandato, em 1982: a realização dos Jogos Estudantis de Ituiutaba e a criação da Lei do Passe Escolar, que concedia quarenta por cento de desconto para o estudante no uso do transporte coletivo urbano (Lei nº 1.119, de 1º de janeiro de 1980. Esses projetos contribuíram para que eu ficasse mais conhecido e mais respeitado, devido também, à minha luta em favor da população mais sofrida. 

 

Lei do Passe Escolar, uma grande conquista da classe estudantil

 

     O prefeito que venceu a eleição em 3 de outubro de 1982, foi Romel Anísio Jorge, auxiliado por mais dois candidatos da sublegenda do PDS: médico, Dr. Samir Palis (este já falecido) e o advogado e professor, Francisco Roberto Rangel. Os seus opositores derrotados, da legenda do PMDB, foram: professor Helis Ferreira da Silva. Milson Ribeiro Vilela e José dos Santos Júnior.

     Foi uma disputa acirrada, mas desigual, pois, os partidários do prefeito eleito usaram de todas às artimanhas para ganhar as eleições, inclusive, no dia da eleição invadiram e quebraram, o comitê do PMDB, situado bem no centro da cidade, na Rua 22, com Av. 9-A (avenida do Fórum Newton Luz). Um mandato conquistado assim, não podia iniciar de forma a construir o desenvolvimento da cidade.

     O prefeito Romel Anísio Jorge, iniciava o seu mandato com um orçamento aprovado de aproximadamente 18 milhões de cruzeiros (dinheiro da época); porém, contava com recursos vultosos do Projeto Cura, conseguidos pelo prefeito Acácio Cintra, que acabara de sair do comando da prefeitura. Os recursos eram de 450 mil UPCs, equivalente a quase cinquenta milhões de cruzeiros (como já disse dinheiro da época), destinados a obras de infraestrutura, tais como: canalização do Ribeirão Pirapitinga, pavimentação de bairros, extensão de redes de água e esgoto, galeria pluvial, meio-fio, sarjeta e construção de escolas, posto de saúde, dentre outros.

     Como salientei, uma administração conquistada usando métodos não aceitáveis pela sociedade, não podia ser uma administração voltada para o desenvolvimento. Vejam bem o que aconteceu: os recursos do “Projeto Cura” tinha como finalidade implantar obras de infraestrutura, como já mencionei anteriormente, dentre elas a canalização do Ribeirão Pirapitinga que corta a cidade, separando o centro da cidade de um dos seus bairros mais tradicionais, a Vila Platina, segundo nome de Ituiutaba.

     No projeto aprovado, constava uma canalização feita de concreto, a céu aberto, sistema caixote, com uma avenida construída em suas margens – inclusive até votamos o nome desse logradouro, “Avenida Juscelino Kubitschek de Oliveira”, em homenagem a esse grande Estadista Brasileiro. Infelizmente, mudaram o projeto, em vez de fazerem como estava previsto, iniciaram uma canalização pelo sistema “Manta de Gabião”, com pedra, tela e manta, descaracterizando totalmente o projeto, que inclusive, eu votei e ajudei aprovar na Câmara.

    Começaram esse desastre de canalização na Avenida 31. Preparavam o talude com a terra socada e cobriam com o manto, depois, punha pedra lascada e em seguida cobriam com uma tela grossa, tipo as telas de cercar terreno. Antes de completar 300 metros de canalização, isso em 1984, pouco abaixo da Av. 23, caiu uma chuva, deu uma pequena enchente, sanfonando praticamente todo trecho canalizado, e parte da tela rodou Ribeirão abaixo causando um grande prejuízo à obra e aos cofres públicos. Isto porque, a empresa que havia vencido a licitação, conforme contrato, não estava fazendo as coisas direito. A empresa vencedora da licitação e responsável pela construção era formada por um consórcio entre a Seular Construtora, de Ituiutaba, e a Araguaia-Minas, de Uberlândia, e a Consomap, essa última responsável pelo projeto e fiscalização.

 

      Canalização do Pirapitinga destruída toda nas primeira chuvas que caiu sobre a cidade 

 

     Esta licitação foi contestada na justiça por uma empresa de Brasília, que segundo se sabe, foi inabilitada quando tinha todas as condições de vencer. Por essa inabilitação, ela entrou com um processo na justiça contra a prefeitura, requerendo o seu direito legal de participar, mas, esse processo ficou na primeira instância.

     Voltando à aplicação do referido Projeto Cura, o Consórcio Seular-Araguaia, subempreitou várias obras, como pavimentação, construção de postos de saúde, meio-fio, sarjeta, extensão de rede de energia, galerias pluviais, redes de água e esgotos. Aí a coisa começou a complicar, pois a fiscalização do que estava sendo feito, era realizada pela empresa que havia projetado aquela obra, a Consomap, que deixava os serviços correrem à vontade. Na verdade, ela não fiscalizava nada, era uma fiscalização de fachada.

     Os asfaltos foram feitos com camada simples, de no máximo 1,5cm de espessura, quando devia ser sido feito, o triplo invertido, com 3cm de espessura. A sub-base e a base não atendiam às especificações de técnicas de densidade e umidade ideal para receber a camada asfáltica e por isso o asfalto feito nos bairros Natal, Pirapitinga, Marta Helena, e nas ruas do Setor Sul e do Bairro Pedreira (Setor Norte) apresentaram problemas como borrachudo, e em outros locais afundaram, precisando ser concertados.

     Os meio-fios eram para ser feitos no local, no entanto, foram feitos com meios-fios pré-fabricados, com qualidade muito abaixo daquela prevista no contrato. O mais grave esses meios-fios foram adquiridos da Engeprel, empresa pertencente ao secretário de Obras Públicas da administração Romel Anísio Jorge, senhor Adauto Vilela Gouveia, e do próprio diretor do Projeto Cura, Senhor Antenor Tomaz Domingues Filho. A Engeprel, situava-se naquela época, na Av. 7, com Rua 32, no Bairro Progresso. Esses meios-fios, depois de implantados, grande parte deles, devido à péssima qualidade do material usado, quebravam.

     Outra irregularidade grave, parte do asfalto que era para ser feitos nos bairros Natal e Pirapitinga, beneficiando um número maior de moradores, considerados muito carentes, foi desviado e construído nos Conjuntos Sol Nascente 1 e 2 e em parte do Lagoa Azul 1. Esses bairros foram construídos sem pavimentação pela empresa Seular Construtora, uma das integrantes do consórcio que estava implantando o Projeto Cura na cidade. 

 

Capítulo XI 

 

Denúncia de corrupção no Projeto Cura

 

 

    Todos esses fatos narrados eram de domínio público, mas ninguém tinha coragem de fazer nada para impedir que aquilo continuasse acontecendo. Parte da população, e até mesmo o ex-prefeito Acácio Cintra, presidente do PMDB – que havia passado a prefeitura para seu sucessor, Romão deixando aprovado aquele projeto – dizia que a implantação do projeto apresentava vestígios de corrupção na sua aplicação. Muitos cobravam posicionamento dos vereadores, principalmente o presidente do PMDB, Acácio Cintra, que chamava a sua bancada de vereadores na Câmara, de “Bancada Drurys” – isso porque, no Natal de 1983, o prefeito Romel presenteou alguns vereadores peemedebistas com um litro de uísque, com isso, Acácio queria dizer que os vereadores liam na cartilha do prefeito.

     Essa ladainha, a cada dia que passava ficava mais forte, então, eu como vereador eleito pelo povo de Ituiutaba, e em seu nome exercia o terceiro mandato de vereador, comecei a acompanhar mais de perto aquilo que o ex-prefeito Acácio Cintra cobrava de sua bancada, e que parte da população comentava a boca pequena que havia corrupção na execução do Projeto Cura.

     Fiz um levantamento no que estava sendo feito na cidade, em termo dos recursos financeiros do projeto – projeto que eu, como vereador, havia votado em 1982 -, e pude constatar que tinha mudado a forma de aplicação daquele projeto. Mudado o projeto de canalização do Ribeirão Pirapitinga, a forma de fazer os meios-fios, e como era feito o asfalto.

     O que fiz diante de tudo isso? Nesta época eu trabalhava na Rádio Platina, não pude usar aqueles microfones para denunciar à população a mudança do projeto, porque o prefeito dominava todos os órgãos de comunicação da cidade, com exceção apenas de um, o Jornal Esteio, que pertencia a um grupo totalmente desvinculado daquele que estava no poder. Era um grupo independente, na forma de agir e de pensar daqueles que tinham o comando político e administrativo da cidade. O proprietário deste jornal era filho do empresário Elias Andraus, um jovem médico, Willian Melen Andraus, que abriu as portas daquele tablóide semanal para eu fazer esclarecimentos e as denúncias que precisavam ser feitas e que não pude fazer onde eu trabalhava como repórter, tal era a pressão e o poder do prefeito. 

 

Capítulo XII

 

Entrevista ao jornal Esteio

 

 

     A entrevista ao Jornal Esteio foi concedida por mim ao senhor Darci Jerônimo da Silva, no dia 14 de outubro de 1985. Naqueles tempos ele fazia estágio de repórter naquele órgão de imprensa, hoje ele é professor e ligado ao Sind-Ute – Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Ituiutaba. Na entrevista, tive a oportunidade de destacar a importância do Jornal Esteio, em termos de ser a única alternativa para a população que estava amordaçada, sem ter como reclamar ou denunciar fatos que estavam acontecendo, sem que pudesse ser levado ao conhecimento da opinião pública, pois todos os demais órgãos de comunicação estavam mancomunados com o Poder.

     A pergunta do repórter foi: “Como você vê o Projeto Cura”? A minha reposta provocou um reboliço na cidade, porque eu tinha posto em suspeição a honestidade da administração do prefeito Romel Anísio Jorge.

     Respondi categoricamente: Mudaram o Projeto Cura para beneficiar elementos do grupo político e administrativo do prefeito. Isso porque nós votamos o projeto de uma forma e ele estava sendo feito de outro jeito. Mudaram totalmente a forma de realizar as obras e os locais que seriam beneficiados. Havia obras de infraestrutura, como pavimentação e meio-fio, programadas para serem feitas em determinados bairros, mas não estava previsto pavimentação em outros. Isso para beneficiar elementos do grupo político do prefeito. O Ribeirão Pirapitinga era para ser canalizado pelo sistema caixote, a céu aberto, com concreto, no entanto, ele está sendo canalizado pelo sistema “Manto de Gabião”.

     A população ituiutabana, acostumada a falsas verdades divulgadas nas emissoras de rádio e no Jornal Diário Regional, de propriedade do Sr. Geraldo Luiz Morais de Andrade, proprietário da empresa que executava o Projeto Cura, ficou perplexa, mas não queria acreditar, ou fingia não acreditar naquilo que eu estava denunciando, tal era a força e o domínio do grupo político dominante, liderado  pelo prefeito Romel Anísio Jorge.

     Os acusados no escândalo negaram envolvimento dizendo que o que eu estava denunciando era totalmente inverídico, que eu estava mal informado, procurando dessa forma, se desvencilhares da denúncia, de usar o Poder Público para se beneficiar, crime de peculato.  Como não conseguiram convencer ninguém, disseram que iam me processar, por calúnia e difamação, quando na verdade eu cumpria apenas a minha missão para a qual fui eleito, fiscalizar a melhor aplicação do dinheiro público, impedindo que pessoas inescrupulosas, empresas, administradores  políticos, ou quem quer que seja usassem esse dinheiro em benefício próprio. Eu, sim é que devia tê-lo processado.

     Na edição seguinte do jornal, que circularia no dia 22 de outubro de 1985, fui procurado novamente pelo repórter Darci Jerônimo, que me disse: “os envolvidos no escândalo do Projeto Cura vão te processar. O que você tem a dizer?...”

     Respondi que reafirmava as denúncias que havia feito e que faria novas denúncias, porque, não podia acontecer o que estava havendo, na implantação daquele projeto em Ituiutaba. Pensei que o prefeito Romel Anísio Jorge iria apurar as denúncias que havia feito, no entanto, ele desconheceu essas denúncias, ou melhor, mandou, ou permitiu que os seus assessores direto me processassem. O correto seria ele afastar esses assessores e mandar investigar as denúncias. Omitiu, e todos sabem, omissão é crime. Ao se omitir assumiu todo o ono, do que esta sendo denunciado. 

     Inicialmente aquela notícia de que seria processado me fez pensar que era uma forma de me intimidar, de me fazer recuar se fosse fazer qualquer outro tipo de denúncia; porém, era verdade. No dia 13 de janeiro de 1986, os engenheiros que usavam a máquina pública para vender serviço e material, através da empresa que eram proprietários, e que forneciam materiais para uma das empresas integrantes do Consórcio Seular-Araguaia-Minas, entraram com um processo na justiça contra mim, por calúnia, difamação e injúria.

     Diante desse fato, procurei o diretório do PMDB, que tinha como presidente o ex-prefeito Acácio Alves Cintra Sobrinho, o mesmo que havia aprovado no final de sua gestão aquele projeto que estava sendo implantado na cidade. A primeira coisa que ouvi da boca do Acácio Cintra – a mesma boca que, inclusive, cobrava uma posição enérgica da sua bancada de vereadores sobre os fortes indícios de corrupção na execução do projeto – foi: “você é louco, Hairton”.

     Fui, pedir o apoio do partido para me ajudar a provar aquilo que todo mundo comentava na cidade, inclusive ele, Acácio Cintra, afirmava que tinha gente se beneficiando com os recursos do projeto. Ele convocou extraordinariamente á executiva e os vereadores do PMDB para aquele encontro comigo. A essa reunião compareceram os seguintes integrantes da executiva: Acácio Cintra, Zé Cury, Carlos Melo, Valdir Castanheira, Marcos Abrão (esse primo do Romel); e os vereadores: José Arantes de Oliveira, Gabriel Palis, Arthur Junqueira de Almeida, Sebastião Luiz Mamede, Ricardo Abalém, Aranísio Joaquim Martins, Luziano Justino Dias e eu.

     O presidente Acácio Cintra, usando da palavra, disse qual era a razão daquele encontro e queria saber a posição dos membros da executiva e da bancada de vereadores sobre o processo do qual eu estava sendo alvo. Quem primeiro se pronunciou foi o advogado e vereador Gabriel Palis, convidado para aquela reunião com a possibilidade de ser contratado para me defender. Depois de falar quase vinte minutos, ele descartou a possibilidade de me defender, alegando que se aceitasse a tarefa, iria ter todos os integrantes do PDS – sucedâneo da ARENA – integrantes do grupo do prefeito Romel, e aqueles que estavam me processando, segundo ele, até aquela data, eram seus adversários, mas se aceitasse me defender passariam também a ser seus inimigos. Gabriel afirmou ainda que um advogado pega uma causa por dois motivos: primeiro - por interesse na causa; segundo - por dinheiro. E acrescentou que não pegava a minha defesa, primeiro, porque ele não tinha interesse na causa, e, segundo, porque eu não tinha dinheiro. Os vereadores José Arantes de Oliveira, Sebastião Luiz Mamede e Luziano Justino Dias afirmaram que, para fazer aquelas denúncias, eu não havia comunicado a eles que iria fazê-las, que as fiz somente para aparecer, portanto, que eu agora me virasse sozinho.

     Arthur Junqueira de Almeida (Pituca, já falecido) disse que não iria participar de qualquer movimento que precisasse dele como testemunha, porque no fórum onde era feitas as audiências era um local em que uma mentira de um rico valia mais do que mil verdades, “que rico não vai para cadeia”, e descartou também a possibilidade de me ajudar. Ricardo Abalém disse que me ajudaria, mas nunca apareceu em nenhuma audiência e não fez nada para me ajudar, nem sequer para levar pelo menos o seu apoio moral.

 

     

Vereador Aranísio Joaquim Martins apoio incondicional as denúncias do vereador Hairton Dias

 

    Aranísio Joaquim Martins disse que não tinha dinheiro para me ajudar a contratar um advogado, mas que se eu precisasse dele para testemunhar contra os meus oponentes, estaria disposto a testemunhar e que podia contar com ele. O vereador Aranísio foi o único que esteve presente em todas as audiências.

     Os membros da executiva do PMDB se pronunciaram depois:

    Zé Cury disse que sabia que houve irregularidade na realização da licitação que contratou o Consórcio Seular-Araguaia para a execução do Projeto Cura em Ituiutaba, que uma empresa de Brasília – que não se lembrava o nome -, havia entrado na justiça, reclamando ter sido desclassificada, quando na verdade teria todos os elementos para vencer aquela licitação, inclusive no preço. Mesmo sabendo que as minhas denúncias eram corretas e se mostrando favorável a elas, ele também não materializou a sua ajuda.

     Marco Abrão, primo do então prefeito, descartou qualquer possibilidade de me ajudar.

   Valdir Castanheira se prontificou a me ajudar em tudo que fosse necessário. Carlos Melo teve que sair da reunião, segundo ele por problemas particulares.

     Diante da posição da maioria que me abandonou, se colocando praticamente contra mim, o ex-prefeito e presidente do PMDB, Acácio Cintra, que no início da execução do projeto cobrava posição dos vereadores sobre graves indícios de corrupção na aplicação do Projeto Cura em Ituiutaba. O mesmo que havia chamado sua bancada de vereadores, de bancada Drurys, fez como Pôncio Pilatos, lavou as mãos, dizendo:

     “Hairton Dias, diante da posição de cada integrante do partido contraria a ajudar você, eu sugiro que no dia de sua Audiência você diga ao juiz que não fez essas declarações, que foi o repórter que mudou o que você declarou sobre o assunto, peça desculpas ao juiz e aos seus acusadores, e acabe de vez com esse processo”.

     Confesso que fiquei tonto, perplexo, desiludido, incrédulo com o que acabara de ouvir da boca do presidente do meu partido PMDB. Para mim foi uma ofensa, um descaso essa omissão, ou melhor dizendo, esse não cumprimento aos princípios de lealdade e de companheirismo defendidos pelo Estatuto do PMDB. Ser abandonado pela maioria daqueles vereadores invejosos e falsos não me causou nenhuma surpresa, porque eles sempre foram contra mim, mas ser abandonado pela maioria dos membros da executiva do PMDB, especialmente pelo seu presidente, Acácio Cintra, foi para mim um golpe mortal.

     Com toda a convicção que herdei de meus pais, Aristides Dias da Silva e Laura Gonçalves da Silva, de quem nasci, cresci, me fiz homem, me candidatei e me elegi vereador, com a certeza de estar cumprindo o meu  dever constitucional, quando fiz as denúncias de corrupção no Projeto Cura, de estar fiscalizando corretamente a melhor aplicação do dinheiro público e sem medo do que pudesse acontecer comigo diante daquele ato covarde e omisso, de falsidade de quase todos os meus companheiros – companheiros entre aspas -, eu disse ao Senhor Acácio Cintra:

     “Eu me chamo Hairton Dias, não me chamo ‘Hairton Cintra’. Quanto aos vereadores, é preferível correr riscos e poder viver em paz com a nossa consciência, do que por conveniência, cometer o hediondo crime de omissão. Tenho fé em Deus, por isso tenho certeza de que a verdade tarda, mas não falta. Um dia que não está muito longe irá mostrar que eu estava com a razão, e aí, os que me abandonaram, me acusaram e me julgaram, se não forem punidos pela justiça dos homens, serão julgados e punidos pela história, sem se esquecer da justiça Divina”. 

 

Capítulo XIII

 

Advogados de Ituiutaba não se interessaram

por minha causa

 

Praticamente abandonado por todos – só não fui abandonado por minha família, alguns amigos e por Deus, o que redobrava minha confiança de estar fazendo certo -, procurei contratar um advogado em Ituiutaba  para me defender, como se eu tivesse cometido algum crime. Devido à repercussão da negativa dos meus “companheiros” do PMDB de me apoiarem, e por estar enfrentando gente poderosa, não consegui nem um advogado de peso para pegar minha causa. Os chamados “bons advogados” não se interessaram porque eu não tinha dinheiro para bancar os seus altos honorários, mas, sobretudo, pelo poderio do grupo que mandava em Ituiutaba

     Nesse processo movido contra mim, eu devia apresentar defesa prévia. O último dia estava chegando e eu não conseguia ninguém para fazer minha defesa, tal era a influência dos meus oponentes. Diante dessa situação, sem ter a quem recorrer, algo aconteceu. Deus veio em meu socorro, iluminando a minha mente, e foi ai que me lembrei que havia uma entidade na região, chamada AVETRIM - Associação dos Vereadores do Triângulo Mineiro -, constituída para representar, amparar e defender os interesses dos vereadores do Triângulo.

     O presidente da AVETRIM, vereador Belarmino da Silva, natural de Tabuão da Serra/SP, residia em Araguari, onde exercia seu mandato de vereador. Viajei apara aquela cidade onde me avistei como o vereador-presidente Belarmino, que se mostrou solidário à minha causa e prometeu me ajudar. Almoçamos juntos e no período da tarde visitamos a seda da Câmara Municipal, onde iria acontecer uma das reuniões ordinárias da edilidade araguaiense. No início daquela reunião foi anunciada a minha presença e eu fui convidado a participar dos debates. Fiz um pequeno histórico sobre minha atuação como vereador em Ituiutaba e porque estava sendo processado. Recebi o apoio e a solidariedade dos quinze vereadores daquela casa de leis, especialmente do vereador, secretário geral e advogado da AVETRIM, Dr. Joaquim Godói.

     Após essa reunião fui apresentado ao advogado Dr. Paulo Roberto dos Santos, ex-vereador e secretário da OAB daquela cidade, que viria ser indicado pela AVETRIM para ser meu advogado. Acertado os detalhes da minha defesa, retornei a Ituiutaba. O advogado, por ter sido indicado pela AVETRIM, não me cobrou honorários; porém, ficou acertado que todas as despesas de viagem e estadia seriam por minha conta.

        Ao indicar os advogados para me defender no processo que estava rolando no fórum de Ituiutaba, o presidente da AVETRIM assim se pronunciou:

     “A questão em que está envolvido o companheiro Hairton Dias é do nosso conhecimento. A defesa do vereador nesse processo será feita pelos advogados da Associação numa colaboração voluntária, sem qualquer remuneração. Quando à posição técnica do advogado é defender a imunidade parlamentar do vereador e o direito inarredável de questionar os atos da administração municipal, principalmente quando esta se nega a prestar informações sobre a aplicação de recursos públicos.

 

Capítulo XIV

 

Primeira Audiência

 

Vereador Hairton Dias aguardado o início da audiência

 

     A primeira audiência estava marcada para o dia 28 de janeiro de 1986, às 15 horas, no Fórum Newton Luz. Muita gente estava apostando que eu não conseguiria advogado de nome para me defender, principalmente aqueles ligados ao grupo político que dominava o Poder na cidade. Além de não ter tomado nenhuma providência para esclarecer as denúncias que fiz, o prefeito se dava ao desfrute de dizer que não tinha nada a ver com o que estava acontecendo, se mostrando alheio aos fatos, como se os dois engenheiros não fossem assessores do primeiro escalão de sua administração.

     Meus advogados, Dr. Paulo  Roberto dos Santos e Dr. Joaquim Godói, de raras inteligências e conheciments jurídicos, apresentaram a minha defesa prévia, deixando os meus acusadores e o seu advogado, Dr. Hélio Benício de Paiva, preocupados.

     E o pior, a partir dessa primeira audiência: comecei a receber ameaças de sequestro, de tortura e até de morte. Ameaçavam também raptar minhas filhas, Priscila , de apenas 7anos de idade, e a Andréa de 8 anos de idade. Isso passou a ser uma constante no meu dia-a-dia e de minha família. 

 

Capítulo XV

 

O que é defesa prévia?

 

Dr. Joaquim Godoi, de Araguari, um dos advogados de Hairton Dias

 

    Sobre a apresentação de defesa prévia, o advogado Joaquim Godói esclareceu que é uma parte em que não se expõe toda estratégia da defesa, mas indica um caminho. “É quase que a preparação do processo”, esclareceu.

     O Dr. Joaquim Godói antecipou que seria solicitado ao Juiz que requeresse à Prefeitura algumas certidões que serviriam de prova em meu favor. Mas afirmou que o Juiz não se satisfizesse com a prova meramente documental, certidões e provas, já constante dos autos, pediria que se completasse essas provas com testemunhas, perícias e depoimentos, para confirmar a denúncia.

     Para Godói, “o que o vereador disse já está confessado pelo querelante, ou seja, Antenor, o qual, segundo o advogado, caiu em contradição ao dizer que sua empresa não participou da execução do empreendimento do Projeto Cura, mas, no entanto confessa que fornecia preços e mercadorias, o que confirma as palavras do vereador”.

     As minhas afirmações, de acordo com Godói, eram as de que os dois engenheiros participavam do empreendimento como empresários: “ele falou a verdade, pois os mesmo participam do quadro de fornecedores de mercadorias”, disse.

     Por outro lado, uma proposta apresentada, em defesa prévia, é o pedido ao Juiz para que efetue o processamento da exceção da verdade, ou seja, a produção de provas que, se comprovarem os fatos por ele denunciados, encerra o caso. Essa proposta está inserida numa fase preliminar, de acordo com os advogados Paulo Roberto dos Santos e Joaquim Godói. Já em segundo lugar, outra proposta a ser apresentada seria a de discussão jurídica de que o que disse o vereador não é crime. Mas afirmou que só entrará com o fato, caso não consiga provar as declarações à exceção da verdade.

     Cumprida a audiência de defesa prévia, o juiz, Paulo Roberto Miro da Silva, não aceitou as alegações dos advogados de defesa e marcou a audiência de instrução e julgamento para o dia 18 de fevereiro de 1986.

 

Capítulo XVI

 

Juiz e Promotora com posições unilaterais

 

Dr. Paulo Roberto Santos, de Araguari, um dos advogado do ver. Hairton Dias

 

    Como aproximava-se o dia da audiência de instrução e julgamento, a pressão sobre mim aumentava; funcionários da prefeitura – que deixo de mencionar seus nomes, por uma questão de bom senso, porque eram uns pobres coitados  e estavam sendo usados por aqueles que apareciam como orientadores intelectuais dos autores do processo contra mim – iam á Rádio Platina, onde eu trabalhava, e diziam que eu iria ser castrado, que iria amanhecer com a boca cheia de formiga, se não parasse de conversar, de fazer denúncias que atingisse gente poderosa da cidade.

     Se não bastasse tudo isso, na audiência realizada no dia 18, eu e meu advogado notamos uma forte tendência do juiz e da promotora, de nome Sebastiana, a favor dos proponentes do processo. O motivo dessa posição parcial era porque o juiz e a promotora moravam em casas cedidas pela prefeitura. Além disso, o juiz era constantemente visto tomando cerveja com os dois engenheiros. O que me dava forças para resistir a tudo isso era a proteção divina, o apoio da minha família  e a minha convicção de que a justiça tarda, mas  não falha, e a certeza que ela seria feita. Aqui.

     Com cinco meses após o início da obra de canalização que estava sendo feita no Ribeirão Pirapitinga, uma chuva mais grossa caiu sobre a cidade destruído boa parte da obra, levando manta, pedra e tela ribeirão abaixo. Alguns afirmavam, ironicamente, que já tinha tela e pedra chegando ao Rio Paranaíba, a uns cinquenta quilômetros de distância da canalização. Isso acontecia porque não protegeram a parte superior do Gabião, deixando telas e pedras soltas, serviço de carregação mal feito, sem acabamento. Os meios-fios, e os asfaltos feitos em alguns bairros estavam danificados, com rachaduras e borrachudos, em algumas ruas a base e a sub-base muito mal feitas, faziam o asfalto afundar. Tudo isso, mas nada parecia adiantar.

     Diante da omissão da justiça diante desses fatos que ocorriam, eu esperava que a opinião pública compreendesse a veracidade de minas denúncias, porque no próprio Jornal Esteio, que serviu para serem feitas as denúncias de corrupção no Cura, foram publicados depoimentos de pessoas e mostradas fotos das obras que estavam sendo feitas. Nada disso adiantava, parte da população parecia se mostrar céptica a acreditar nos depoimentos e nas imagens que mostravam a péssima qualidade do que estava sendo feito, e como estava sendo feito.

     E tinha um agravante terrível: grande parte da canalização que tinha rodado com a chuva e que era obrigação do Consórcio Seular-Araguia-Minas, recuperar, sem ônus para o município, a administração, segundo se sabe, estava pagando novamente. Tudo isso acontecia e ninguém fazia nada para impedir, somente eu tentei, mas não fui ouvido, nem mesmo pela justiça que havia acolhido aquele processo absurdo contra mim, justamente eu, que tinha procurado com minha entrevista defender o dinheiro público, do povo de Ituiutaba, que estava sumindo no “ralo da ambição” e do “manto da omissão”.

     O dia da audiência de instrução e julgamento estava chegando. Uma semana antes dessa audiência, empresários da área de pré-moldados denunciaram competição irregular de empresas congêneres (Engeprel), me mandando documento assinado por eles, que transcrevo aqui:

     “Os empresários abaixo-assinados desejam levar ao seu conhecimento, e da Câmara Municipal de Ituiutaba, situação que de há muito vem prejudicando junto à sua clientela. Trata-se de competição, no seu entendimento absolutamente irregular, feita por congêneres, cujos  proprietários exercem cargos de confiança na administração municipal. No sentido de esclarecer devidamente a questão, que se apresenta grave, solicita que requeira vossa senhoria reunião extraordinária do Legislativo Municipal, para que possam comparecer e relatar de viva voz o que esta se passando. Na certeza da sua sensibilidade e agradecendo as providências que vier a tomar, expressam-lhes a sua mais alta consideração”.

     Assinaram o documento as empresas: Village, Lages Castelo, Comprel, Lages Santa Terezinha.

     Esse abaixo-assinado foi endereçado a mim, vereador Hairton Dias, devido à empresa Engeprel, de propriedade dos engenheiros: Adauto Vilela Gouveia e Antenor Tomaz Domingues Filho, usar a máquina administrativa para vender seus produtos e serviços, registrando ai tráfego de influência e peculato, pois como eles eram funcionários públicos, usavam o maquinário da prefeitura e distribuíam terra para facilitar a venda dos serviços e materiais da Engeprel.

 

Prefeito Romel disse que a Engeprel não seria a única a ser beneficiada 

 

Capítulo XVII

 

Pedido de informação sobre documentação do

Consórcio Seular-Araguia-Minas

 

     No sentido de provar as minhas denúncias, isso em 1985, já que os argumentos de meus advogados não foram aceitas na defesa prévia e nem os fatos publicados no Jornal Esteio, conseguiram convencer o juiz, pelos motivos já conhecidos, entrei com requerimento na Câmara Municipal solicitando fosse ouvido o plenário e oficiado o prefeito para que, com base no artigo 77, inciso XXI, da Lei Complementar nº 3, (Organização Municipal do Estado de Minas Gerais), de acordo com a redação dada pela Lei Complementar nº 11, de 31/07/1978, faça chegar a esta Câmara Municipal a seguinte documentação:

     1 – edital de tomada de preço 003/85 e os relacionados ao Projeto Cura;

     2 – cópia de proposta do Consórcio Seular-Araguaia-Minas;

     3 – especificações planilhas quantitativas;

     4 – projetos, normas, especificações, memoriais descritivos, dimensionamento  e demais elementos fornecidos pela contratante à contratada;

      5 – diários de ocorrências;

     6 – cronograma de obras;

     7 – aditamentos;

     8 – perícia para verificação de resistência do concreto utilizado nos meios-fios, granulometria dos materiais utilizados e traço provável em volume-dimensão das peças;

     9 – comparação com os previstos no edital;

     10 – solicitar ao Consórcio Seular-Araguaia-Minas  a quantidade de meios-fios fornecidos pela Engeprel;

     11 – Solicitar à Engeprel a quantidade de meios-fios fornecidos ao Consórcio Seular-Araguaia-Minas;

     12 – atribuições do cargo de gerente do Projeto Cura;

     13 – sistema de medição utilizada;

     14 – cópia de todas as medições;

     15 – prova da existência legal dos fornecedores de mão-de-obra à empresa Araguia-Minas;

     16 – números de registros perante a INPS (INSS) e a Prefeitura;

     17 – justificativa de todos os recibos estando em nome de Araguia-Minas, e a contratada ser o Consórcio Seular-Araguia-Minas;

     18 – recolhimento do ISSQN da empresa Consórcio Seular-Araguia-Minas e seus subempreiteiros;

     19 – data de constituição da firma Engeprel.

     Sala das sessões, em 9 de dezembro de 1985.

Esse requerimento foi votado por unanimidade pelos vereadores da Câmara Municipal. Muitos queriam votar contra, mas se isso tivesse acontecido poderia ter contribuído para a mudança dos rumos do processo a meu favor.

     Desses documentos solicitados pelos meus advogados, os mais importantes não foram atendidos pela administração, principalmente o item de nº 8. Tudo isso foi juntado ao processo, pelos meus advogados, em mina defesa. Mas tudo em vão. 

 

Capítulo XVIII

 

Vereadores do Triângulo Mineiro e Alto

Paranaíba reunidos em Uberaba, fazem

moção de desagravo e apoio a meu favor

 

     Os vereadores de várias cidades do Triângulo e Alto Paranaíba, reunidos em Uberaba, no dia 28 de janeiro de 1986, apresentaram Moção de Desagravo com assinatura de mais de cinquenta vereadores de trinta municípios, em solidariedade ao meu posicionamento como vereador:

     “Os vereadores abaixo-assinados, por meio desse especial instrumento de desagravo, vêm manifestar repúdio  e indignação pela atitude tomada contra o vereador Hairton Dias da Silva, que, no cumprimento do dever, fez denúncias e críticas à administração pública da cidade de Ituiutaba”.

     O presidente a União dos vereadores do Brasil – UVB –, Paulo Silas de Melo, enviou telegrama para mim, com o seguinte teor:

     “Hipotecamos nossa solidariedade a Vossa Excelência no processo que está envolvido. O vereador não pode ser calado na sua atribuição legal de fiscalizar o executivo”.

     Vereadores e companheiros políticos do PMDB e de outros partidos de várias cidades de Minas Gerais e do país manifestaram apoio e solidariedade às denúncias que fiz, investido de mandato popular: fiscalizar e denunciar irregularidades do executivo na aplicação do dinheiro público.

     Infelizmente, só não recebi apoio e solidariedade dos vereadores de minha cidade, e nem de meus “companheiros” do PMDB de Ituiutaba – exceção para os amigos e companheiros, Rodolfo Leite de Oliveira, Valdir Castanheira e vereador Aranísio Joaquim Martins –, porque a maioria se omitiu, quando todos que tomavam conhecimento ficavam solidários comigo! Omitiram-se porque certamente, tinham o rabo preso com o prefeito, liam na sua cartilha, pelos favores que recebiam. Alguns desses “companheiros”, inclusive defendiam mais o prefeito  que os próprios vereadores de seu grupo político. Um verdadeiro compadrismo.

Outro que se escondeu na sombra da omissão foi o ex-prefeito Fued Dib – que por diversas vezes foi ajudado por mim nas suas eleições –, mas quando precisei de sua ajuda, ele, que era deputado federal e sabia da seriedade de minhas denúncias, podia ter me ajudado a desmascarar os meus algozes, porque havia acompanhado todo o processo de aprovação do projeto e sabia como estava sendo aplicados aqueles recursos, simplesmente não fez nada para me ajudar, porque o prefeito Romel era seu patrício, e certamente não lhe interessava desgastar-se com ele.

     Só vim descobrir o porquê da posição omissa daquele homem, que eu imaginava ser meu companheiro, dezoito anos depois. É que por toda a vida ele mentiu para nós, peemedebistas;durante todo esse tempo ele se referiu ao Romel como um adversário ferrenho, mas tão logo se elegeu prefeito desta cidade pela segunda vez, trocou todos os peemedebistas pelo Romel e companhia limitada, tirando  a máscara e revelando a sua verdadeira identidade. 

 

Capítulo XIX

 

Mandato popular no Banco dos réus

 

     O PT – Partido dos Trabalhadores –, de Ituiutaba, manifestou apoio e solidariedade às denúncias que fiz de corrupção na implantação do Projeto Cura na cidade, publicando manifesto na imprensa local com o título acima.

     “Os fatos relacionados com as denúncias feitas pelo vereador Hairton Dias da Silva, lançaram sobre o executivo e o legislativo de Ituiutaba sérias restrições sobre a forma de desempenho do mandato popular que lhe foi outorgado em 15 de novembro de 1982. Isto porque o mínimo que se espera do executivo ao receber uma denúncia que envolva sua administração (assessoria) é que apurem os fatos e erradique o mal pela raiz, para  que não haja (neste caso especifico) malversação do dinheiro público, e sua postura nos palanques de campanha eleitoral não se torne figura de retórica.

      Por outro lado, o Legislativo, composto por vereadores cujo mandato só se justifica na medida em que se trabalha na defesa dos interesses do povo, deveriam se unir, evitando assim que os interesses particulares, de grupos ou até mesmo de assessores inescrupulosos, se sobreponham ao bem comum.

     Não se justifica, sobre hipótese alguma, que companheiros de uma  mesma batalha, empunhando uma mesma bandeira, cujo lema é dar um basta na corrupção e aos desmandos ocorridos ao logo dos 21 anos de ditadura, se omitam até mesmo hostilizem o companheiro que se propõe a legitimar o mandato que lhe foi conferido.

     Igualmente, é no mínimo desonesto aguardar ‘em cima do muro’ o desfecho de uma batalha e partilhar os louros da vitória. O partido dos Trabalhadores de Ituiutaba espera que esses acontecimentos, embora lamentáveis, possam contribuir para que se inicie em nosso município a tomada de uma postura eficaz de oposição dentro do Legislativo.

PT de Ituiutaba

 

Capítulo XX

 

Audiência de instrução e julgamento

 

Envolvidos no escândalo do Cura - Na sala de audiência - Foto Jornal Esteio

 

     O dia da audiência de instrução  julgamento havia chegado: 18 se fevereiro de 1986, 9 horas da manhã. Na sala de audiência eu me encontrava com meu advogado, Dr. Paulo Roberto dos Santos, os  proponentes do processo: Adauto Viela Gouveia e Antenor Tomaz Domingues Filho, a promotora Sebastiana Cunha Nascimento e o Advogado de acusação Hélio Benício de Paiva.

     A audiência foi aberta pelo Juiz da segunda Vara, Paulo Roberto Miro da Silva. No salão adjacente à sala de audiência, em solidariedade à minha pessoa, estavam vários representantes de associações de bairros, o presidente do PT local, Francisco Coelho Ferreira, João Sérgio de Medeiros (falecido), representando o Sindicato dos Comerciários, meu único companheiro e correligionário, vereador Aranísio Joaquim Martins, meus familiares, meus amigos,  e muitos simpatizantes de minha causa.

     O Juiz Paulo Miro não permitiu o acesso da imprensa e das pessoas presentes na sala onde se realizou a audiência, que protestaram contra essa atitude, porque estavam ali para me apoiar.

     Foram ouvidas, pelo juiz, quatro testemunhas de acusação e três de defesa. A minha quarta testemunha, por motivos particulares, não compareceu, o que levou o juiz a designar nova data, 6 de março, para prosseguir a audiência, a partir das 9 horas.

     As testemunhas de acusação foram: o corretor Adelino Roberto Pimenta, o advogado Reinaldo Gonzaga e os vereadores Said Jacob Yunes e Mário Natal Guimarães Neto – esses dois vereadores seriam, mais tarde, beneficiados por mim.

 

Fotos comprovam denúncias - Foto: Jornal Esteio

 

     Minhas testemunhas: o comerciante Antônio Alves Filho, o empresário no ramo de pré-moldados Luiz Antônio de Assis, e Walter Arantes Guimarães, morador do bairro Natal, de onde foram retirados milhares de metros quadrados de asfalto do Projeto Cura, para serem feitos onde não devia.

     Transcrevo o depoimento de cada testemunha de acusação para que todos que lerem a minha história possam avaliar a posição tendenciosa daqueles que me julgaram em nome da justiça em Ituiutaba. Assim como o próprio Antenor Tomaz Domingues Filho admitiu na entrevista ao Jornal Esteio  para responder às denúncias que fiz, que a empresa dele e do Secretário de Obras, Adauto Vilela Gouveia, vendia broquetes para uma das empresas que “havia” vencido a licitação: Araguaia-Minas, uma das integrantes do Consórcio Seular-Araguaia, e de acordo com a lei, a empresa deles não podia vender material, porque ele, Antenor, e seu parceiro Adauto, eram: o primeiro, o chefe do Projeto Cura, e o segundo, o Secretário de Obras da Prefeitura, registrando aí o tráfico de influência, que é crime.

     As testemunhas reafirmaram, tentando me incriminar, as denúncias que fiz que eles não vendiam material (broquetes) para a Construtora Araguaia-Minas, que de forma indireta, vendia material para ser usado na implantação do Projeto Cura.

 

  Asfalto e meio-fio estragado: Foto: Jornal Esteio

 

   Acompanhem os depoimentos das testemunhas de acusação, todos publicados, na época, no Jornal Esteio.

     Adelino Pimenta: “Não é do meu conhecimento que a firma Engeprel forneça material à obra do Projeto Cura ou mesmo à Prefeitura deste município”. Ele disse também que a aludida firma fornecia pré-moldados à Construtora Araguaia-Minas. Essa empresa fazia parceria com a Seular, formando o Consórcio Seular-Araguaia.

     O advogado Reinaldo Gonzaga, Procurador Jurídico da Prefeitura, alegou ter conhecimento da existência de calúnias feitas pelo acusado contra o vereador Luziano Justino Dias e de sua veiculação pela imprensa local, embora não se recorda do teor destas calúnias.

     Vejam bem, o negócio era desgastar minha imagem e desqualificar as denúncias que fiz, me colocando como alguém que não respeita ninguém. O que este “advogado” declarou não tinha nada a ver com o processo e era uma grande inverdade.

     O vereador Said Jacob Yunes, pertencente ao partido político do prefeito e dos dois engenheiros, disse que fez questão de levar e exibir a documentação do Projeto Cura a cada um dos vereadores presentes em sessões da Câmara, tendo todos a oportunidade de constatar a lisura com que agiam os engenheiros Antenor e Adauto.

     O vereador Said simplesmente saiu porque as principais questões solicitadas por mim não foram atendidas, principalmente as perícias de meio-fio, asfalto e canalização do Ribeirão Pirapitinga.

     Eustáquio Franco, membro do partido do prefeito – e, por motivos de ação trabalhista que impetrei contra a empresa que ele ajudava a administrar,  Rádio Cancella, era meu desafeto,- disse saber que a firma Engeprel vendia mercadorias à Construtora Araguaia-Minas, conquanto não soubesse se a mesma prestava serviço ao Projeto Cura.

     O vereador Mario Natal Guimarães Neto, também pertencente ao grupo do prefeito e dos engenheiros, disse que a Engeprel não prestava serviço ao Projeto Cura, sabendo apenas ter eles fornecido material ao Projeto Cura, não sabendo, contudo, a destinação dada aos mesmos.

     Transcrevo aqui também o depoimento das testemunhas de defesa:

     As minhas testemunhas de defesa, por sua vez, mesmo coagidas pela pressão psicológica que pairava no ar, compareceram na hora marcada, todas elas prejudicadas de alguma forma por aqueles que executavam o projeto na cidade, de forma direta ou indireta:

     O primeiro a depor foi o empresário de pre-moldados, Antônio Alves Filho, que disse da concorrência desleal dos dirigentes do Projeto Cura, proprietário da Empresa Engeprel, que para vender serviços de sua empresa usavam máquina da prefeitura para fazer “favores” para os clientes. Disse também que assinou documento enviado à Câmara reclamando dessa concorrência desleal.

     Walter Arantes Guimarães, morador do bairro Natal, disse que alguns moradores do seu bairro afirmavam que os serviços de meio-fio eram executados pela empresa dos engenheiros, Adauto e Antenor, ou seja, pela Engeprel, chegando a informar os primeiros nomes de dois funcionários que executavam serviços em seu bairro: Jerônimo e Geraldo.

     Luiz Antônio de Assis, durante seu depoimento, disse não poder afirmar que a Engeprel prestava serviço ao Projeto Cura, mas, no entanto, afirmou ter visto um funcionário dessa empresa, chamado Milton, fazer demarcações para a colocação dos meio-fios, tendo esse funcionário dito a ele que estava a serviço da Engeprel.

     Como faltou uma testemunha, considerada chave no processo, o meu advogado, Dr Paulo Roberto dos Santos, requereu ao juiz Paulo Miro, a designação de outra data, para que esta testemunha fosse ouvida. O juiz acatou e marcou para o dia 6 de março às 9 horas, uma nova audiência.

     Enquanto eu esperava chegar o dia marcado para a última audiência, procurava ficar calmo, pois tinha certeza que mais cedo ou mais tarde a verdade viria à tona; porém, não havia como me desligar daquela situação, que cada dia que passava ficava mais tensa, porque as ameaças que eu recebia por telefone aumentavam. Ligavam em minha residência, em meu local de trabalho, que era a Rádio Platina, dizendo que iriam me matar, tão logo eu saísse da apresentação do meu programa, “Tarde Noite Cabocla” que era apresentado entre 17 e 19 horas. Eu sempre respondi que não temia àquelas ameaças.

     Numa dessas ligações a pessoa disse: “agitador, fascista, hoje, quando você sair daí, vai levar umas castanhas na costela para ficar de bico calado e não ficar aí caluniando e difamando pessoas de bem”, e desligou. Só que desta feita, essas ameaças foram ouvidas por todos os meus ouvintes porque pedi ao técnico de som que pusesse a nossa conversa no ar.

     Se não bastasse, ligaram também para as minhas filhas, Andréia (8 anos) e Priscila (6 anos), dizendo que iria me matar, porque eu estava mexendo com gente muito poderosa; além de ligarem constantemente para minha ex-mulher e dirigir-lhe todo tipo de assédio.

     Faltavam apenas dois dias para a audiência, onde seria ouvida a minha quarta testemunha, considerada chave, porque era um técnico em laboratório, que poderia confirmar um dos itens das denúncias que fiz sobre a qualidade do que estava sendo feito na cidade. O meu advogado, Dr Paulo Roberto dos Santos, foi procurado por alguém, ligado ao grupo dominante, oferecendo vantagem financeira para que fosse colocada uma pedra em cima do processo, acabando com aquela contenda judicial, ficando bem para os engenheiros e para mim também. 

     Respondi para meu advogado que era uma indignidade o que eu acabara de ouvir, que nunca aceitaria uma proposta daquela, pois, se aceitasse eu jamais teria coragem de olhar no rosto de meus pais que me criaram com muito carinho, respeito e honra.

     Diante da minha recusa a essa proposta, o meu advogado, de Araguari, fez a seguinte consideração: “se você tivesse dito ao menos que ia pensar na possibilidade de aceitar essa proposta, eu abandonaria sua defesa na hora. Eu vim a essa cidade para lhe defender porque vi sinceridade nas suas palavras e consistência em suas denúncias, independente de qual seja o resultado que você venha a alcançar aqui na primeira instância, mas uma coisa é certa, no Tribunal de Justiça, em Belo Horizonte, pode ter certeza, você será absolvido, pela seriedade de suas denúncias.

 

Capítulo XXI

 

Audiência Final

 

Vereadores de várias cidades do Triângulo Mineiro trouxeram  seu apoio ao vereador Hairton Dias

 

     Finalmente chegou o dia 6 de março, data da última audiência que serviria de base para minha possível condenação ou absolvição.

      No salão de entrada, em frente à sala de audiência, dezenas de pessoas se faziam presentes. Vereadores de várias cidades do Triângulo Mineiro: Tupaciguara, Araguari, Uberlândia, Centralina, Estrela do Sul, Canápolis, Gurinhatã, Cascalho Rico, e apenas um de Ituiutaba, era mais uma vez o meu companheiro de bancada e de partido, Aranisio Joaquim Martins, que esteve presente nas anteriores.

     Vários presidentes de bairros, amigos, eleitores e todos os meus irmãos e irmãs: Odete, Oliveira, Edson, Hélio, Genevra, Maria Célia, Sueli e Leilane. Minhas filhas Andréa e Priscila ficaram em casa com a mãe, mesmo porque eram de menores. Meus pais, Aristides Dias da Silva e Laura Gonçalves da Silva, não compareceram, atendendo a um pedido meu, pois eu não queria que eles tivessem o desprazer de assistir ao teatro que tinham armado para mim no último ato. Porém, eu tinha certeza, meus amigos e eleitores que ali estavam presentes sabiam que eu tinha falado a verdade, quando, no dia 14 de outubro de 1985, tinha concedido entrevista ao Jornal Esteio e denunciado corrupção na implantação das obras do Projeto Cura de Ituiutaba.

     Eu sentia que todos eles estavam ali em solidariedade à minha pessoa, à posição que eu havia tomado em defesa de uma causa, defender intransigentemente o dinheiro público, à população, contra a corrupção e a impunidade que poderia estar nascendo naquele julgamento que demonstrava o quanto é frágil a nossa justiça, o quanto era parcial aquele juiz e aquela promotora que agiam ao arrepio da justiça, justiça que eles tinham a obrigação de preservar.

 

Pessoas se acotovelavam para tentar acompar a última audiência antes da sentença

 

     Os vereadores que ali estavam, testemunharam o precedente perigoso que aquele processo representava para o direito constitucional do Poder Legislativo, através de seus membros fiscalizarem o executivo, e a melhor aplicação do dinheiro do contribuinte; poder intimidar aqueles que usam a influência do cargo que exerce para tirar proveito próprio exercendo o chamado tráfico de influência, usando as benesses do Poder. Era o que estava acontecendo com os personagens em questão, usaram a posição que ocupavam para tirar proveito em benefício próprio, a par de todas as informações e ingerências na forma original de concepção do projeto.

     Aquele processo revelou para mim o quanto podem ser perigosas algumas pessoas que desfrutam do nosso convívio. Você as imagina amigas, companheiras e, derrepente, se revelam e uma falsidade impressionante. Caso dos vereadores de Ituiutaba naquela época, exceção do vereador Aranisio que desde o início do processo foi solidário, se oferecendo, inclusive, para depor a meu favor. Por orientação de meu advogado, Dr. Paulo Roberto dos Santos, o vereador Aranisio não foi chamado para ser minha testemunha, porque o seu depoimento não teria muito valor, por ser meu companheiro.

     Lembrei-me do presidente do PMDB, Acácio Cintra, que cobrava posição dos vereadores sobre as irregularidades na implantação do Projeto Cura, na cidade; do Fued Dib, outro que se omitiu, certamente por medo de alguém ressuscitar a canalização desastrosa que fez em seu primeiro mandato de prefeito, causando um grande prejuízo aos cofres públicos, como a canalização do Pirapitinga que eu havia denunciado; do professor Helis Ferreira, por quem sacrifiquei a possibilidade de uma candidatura minha a prefeito, em 1982, para apoiar a sua candidatura; do José Cury, outro interesseiro, que sempre usou o partido para beneficiar de uma forma ou de outra, nas administrações peemedebistas na cidade. Do Luiz Junqueira, meu ex-patrão, a quem também sempre ajudei, nas suas eleições para deputado estadual. Solidariedade que veio de todos os lugares do Triângulo, de Minas e do Brasil, menos do PMDB de Ituiutaba.

       Naquela audiência, que seria a última antes da sentença, o juiz Paulo Miro proibiu a presença de qualquer tipo de assistência ao julgamento, até mesmo a imprensa foi proibida de registrar o depoimento que poderia mudar os rumos da sentença. Houve protesto por parte dos presentes; porém, o representante da justiça ameaçou esvaziar o salão de entrada, onde as pessoas se acotovelavam para tentar acompanhar de perto aquele depoimento.

     O oficial de justiça, por determinação do juiz, fez adentrar a sala de audiência a minha última testemunha, João Batista Pacheco, laboratorista de pavimentação que fez o seguinte depoimento.

     “Afirmo que não houve, no bairro onde eu moro, pesquisa de solo antes do início dos serviços de pavimentação e que não constatei no local das obras um laboratório de solo, e por isso a qualidade de uma base e  sob-base bem feitas, foram prejudicadas, não atingindo a umidade do material, o ponto certo”.

     O advogado de acusação, sogro de um dos querelantes (Adauto Vilela Gouveia), Hélio Benicio de Paiva, tentou desqualificar esse depoimento, afirmando se tratar de informações falsas. Esse depoimento veio confirmar as denúncias que fiz sobre esse item e as mudanças registradas na realização e qualidade do material usado, enfraquecendo a qualidade do que foi feito; porém, ao mesmo custo, como se tivesse sido executado como foi aprovado pela Câmara Municipal, no final de 1982.

     O advogado Hélio Benício de Paiva ameaçou processar a minha testemunha que havia esclarecido, em poucas palavras, aquela farsa que montaram para mudar o projeto Cura, referente à pavimentação, com objetivo que não eram aqueles previstos no projeto, qualidade destinada a área social da cidade.

     Diante do burburinho que se formou, o juiz Paulo Miro encerrou a audiência, me restando apenas, a partir daquele momento, aguardar a sentença. 

 

Capítulo XXII

 

Sai à sentença e eu fui condenado

 

     Bem, para mim o mês de abril de 1986 transcorria sem muitas novidades, apena as articulações políticas eram feitas pelos dirigentes partidários visando às eleições daquele ano. Porém, aquele mês tinha um significado diferente, eu estava sendo processado por ter denunciado corrupção na implantação do famigerado Projeto Cura e a sentença poderia sair a qualquer momento. O mês de abril acabou, e nada aconteceu.

     À medida que o tempo passava, os comentários sobre o que havia ocorrido nas audiências de instrução sobre o que tinha sido dito pelas testemunhas criavam uma série de boatos de que eu seria condenado, mesmo sendo verdade as minhas denúncias, porque tinha denunciado gente poderosa e porque o juiz, responsável pelo processo, era amigo dos dois engenheiros e continuava sendo visto em festas na companhia de ambos, tomando cerveja.

     Restava-me apenas torcer para que a justiça fosse feita e que as minhas denúncias fossem levadas a sério e consideradas por aqueles que representavam a justiça no município, realmente fizesse justiça, independente de amizade, mas acima de tudo, fazendo valer o interesse público, que a própria justiça tem a obrigação de preservar. Ou então realmente seria verdade aquele provérbio: “a justiça é cega, para quem precisa dela”.

     Infelizmente, na primeira instância, interesses escusos falaram mais alto e eu fui condenado a vinte e oito meses de prisão – como se eu fosse um bandido –, pagamento das custas do processo e onze salários mínimos de multa, e aqueles que realmente podiam ser considerados assim, estavam saindo ileso. Confesso que o meu primeiro pensamento foi realmente fazer justiça com minhas próprias mãos, dar cabo daqueles representantes da justiça que haviam assumido uma posição unilateral em favor de meus algozes, e que, em vez de ficarem ao lado da verdade e ajudarem a defender o interesse público, ficaram do lado da mentira, dos que usaram o tráfico de influência, dos que usaram o poder para se beneficiarem, em detrimento do interesse público e da moralidade administrativa.

     Mas o pior ainda estava por vir, se não bastasse aquela sentença, o meu nome seria enlameado por um jornal que pertencia ao proprietário da empresa Seular Construtora que havia firmado consórcio com a Construtora Araguaia-Minas, de Uberlândia, para participar da implantação daquele projeto, com já mencionei anteriormente. O Jornal Diário Regional, pertencente ao Senhor Geraldo Luiz Morais de Andrade, publica, de forma espalhafatosa, e sensacionalista, a injusta sentença condenatória com o seguinte título: “Caluniador e Difamador condenado”.

     Vejam o teor da sentença e os comentários do jornal faccioso:   

     Comentário do jornal: O vereador Hairton Dias da Silva, conforme já é do mais amplo conhecimento público, foi condenado a vinte e oito meses de detenção e a pagar multa de onze salários mínimos, por ser autor de graves calúnias e difamações, assacadas contra os engenheiros Antenor Domingues Filho e Adauto Vilela Gouveia, sendo o primeiro chefe do Projeto Cura-Piloto de Ituiutaba, e o segundo secretário de Obras da Prefeitura.

     A sentença condenatória está sendo considerada como demonstração cabal de que a justiça é feita para conter dentro dos limites da ”lei” a atuação dos senhores vereadores, que não gozam de imunidades parlamentares, o contrário do que pesam alguns, desinformadamente. Ficou patente, ao ser lavrada a condenação, que o vereador usou e abusou das páginas de um semanário, para veicular suas comprovadamente falsas acusações. Nem a imprensa, nem a tribuna do povo serão instrumentos de assacadilhas caluniosas e difamadoras. É o que deixa claro o veredicto da “justiça”.

     Foi dada ao vereador Hairton Dias toda a oportunidade de se retratar. Não o fez. Pelo contrário, em nova entrevista, endossou o que dissera, através da calúnia e da difamação, e ameaçou acrescentar mais acusações, indo ao ponto de nem sequer se preocupar com o respeito devido às autoridades constituídas, nem aos que exercem o múnus público (sic), disse o editorial do jornal Diário Regional, que vivia à custa do Poder Público.

 

Capítulo XXIII

 

Sentença do Juiz Paulo Roberto Miro da Silva

 

Juiz Paulo Miro

 

     Publico na íntegra, a sentença condenatória propriamente dita do “juiz” Paulo Roberto Miro da Silva:

     “Pelo visto e como muito bem salientou o honrado assistente de acusação, Hélio Benício de Paiva, o réu acha que a presente ação penal lhe dá rendimento político e que seu objetivo único é e ter cartaz político, sem o menor respeito a qualquer autoridade. Já se disse alhures, que fazer política não e aproveitar-se dos cargos, quer para lisonjear vaidades, quer pelo intuito  de se aproveitar da situação em benefício próprio ou de um grupo de amigos, em detrimento do interesse geral. O povo sabe julgar onde está o que o defende e onde o que o explora com promessas vãs e palavras despidas da sinceridade. Praticar a política, a sã política, é abraçar o sacrifício. Para tanto, são requeridas daqueles que a ela se entregam qualidades incomuns de descortino, coragem e abnegação, aliadas a uma inteligência esclarecida e conhecimento profundo dos problemas sociais. Ante ao exposto e mais que dos autos consta, julgo procedente em parte a denúncia de folhas 02/03, para o fim de condenar o réu Hairton Dias da silva nas sanções dos artigos 20 e 21, da Lei nº 5.250 de 09/02/1967. Trata-se de réu primário, sem antecedentes criminais.

    Por conseguinte, fixo as seguintes penas:

a)     Para o delito do art. 20, lei nº 5.250 – fixo pena-base em quinze meses de detenção, aumentando-a de um terço, face à causa especial prevista no art. 23, II, lei 5.250, passando-a, pois, para vinte meses de detenção e multa de sete salários mínimos vigentes na região, já que não alterada pelo art. 20, da lei 7.209-84. Concretizo-as nesse quanto, à míngua de causas especais de diminuição de pena, bem assim de circunstâncias agravantes ou atenuantes.

b)     Para o delito do art. 21, lei nº 5.250 – fixo a pena-base em seis meses de detenção, aumentando-a de um terço, face à causa especial a que alude o art. 23, II, lei 5.250, passando-a, pois, para oito meses de detenção e multa de quatro salários mínimos vigentes na região, já que não alterada pelo art. 20, da lei 7.209. Concretizo-as nesse quantum, à míngua de causas especiais de diminuição de pena, bem assim de circunstâncias agravantes ou atenuantes

     Em resumo, imponho ao réu Hairton Dias da Silva a pena privativa de liberdade de vinte e oito meses de detenção a multa de onze salários mínimos. Condeno-o ao pagamento das custas processuais, devendo seu nome ser lançado no rol dos culpados. Transitada esta em julgado, expedir o competente mandato de prisão. Está sentença cruel foi proferida no dia 29 de maio de 1986, pelo “juiz” Paulo Roberto Miro da Silva, que recebia da prefeitura casa para morar. 

 

Capítulo XXIV

 

  Moradores da periferia inconformados com a

minha condenação

 

 

    Aquela sentença caluniosa do juiz da segunda Vara da Comarca de Ituiutaba, Paulo Miro, causou inconformação entre as pessoas humildes que eu sempre defendi, pessoas que sempre foram excluídas socialmente, que os poderosos da cidade sempre usaram, mas nada faziam para mudar sua difícil condição de vida e para eles a minha condenação significava a perda do aliado, do parceiro que empunhava a bandeira do trabalho e que lutava para mudar a condição de vida dos moradores dos bairros.

     Vários desses moradores, correndo risco ao se esporem, manifestaram sua surpresa pela minha condenação e demonstraram a sua solidariedade, procurando o Jornal Esteio e deixando registrado o seu protesto e a sua solidariedade.

     O comerciante e mais tarde vereador Walter Arantes, morador do Bairro Natal, afirmou que o Projeto Cura não cumpriu sua finalidade e que procurou o vereador Hairton Dias para lhe solicitar empenho, visando providências sobre os serviços feitos no bairro pelo Cura. “O vereador, que é da periferia, atendeu-nos fazendo a denúncia de irregularidade nessas obras e hoje está sendo processado, para mim, injustamente”.

      Estamos insatisfeitos com isso, disse Jandira Maria Moreno, também do Bairro Natal. “Hairton Dias trabalhava em defesa dos moradores dos bairros, mas que não era preciso caluniá-lo por isso, como estão fazendo”.

     Já um morador do Bairro Pirapitinga, Afonso Teixeira Nunes, entende que “a denuncia foi feita em defesa da população e não pode ser crime. Hairton não é criminoso, não faz sentido, eu ponho a minha mão no fogo por ele”, atestou.

     O presidente da Sabson – Sociedade de Amigos do Bairro Sol Nascente 2 –, João Marcos da Silva, estudante, falando em nome dos moradores do bairro disse: “Hairton não merecia esta condenação. É um fato lamentável  e tenho certeza de que terá um fim tranqüilo, porque acredito que ele não merece o que está passando, não é ele o caluniador, o difamador, porque está defendendo interesses populares e é condenado, fato que nunca vi na história. É a primeira vez. O Hairton disse a verdade”.

     O comerciante Ziltomar Donizete, morador do Sol Nascente 2, entende que “agora tem que se procurar um meio de eliminar a sentença de Hairton”.

     Já Valdivina Rodrigues da Silva, professora, afirmou: “a condenação foi muito injusta, vendo-se a péssima qualidade do asfalto e dos meios-fios”. Segundo ela, “a justiça brasileira e muito falha, porque condena quem fala a verdade e deixa por ai pessoas que vivem prejudicando a comunidade”.

     A moradora do Bairro Pirapitinga, Maria Ferreira Silva, convocou os meus companheiros de política a me ajudar, “porque ele está ajudando as pessoas menos favorecidas”.

     "Ele não merece ser desmoralizado como foi, porque não poderia levar essa calúnia”, declarou Ana de Jesus

 

Capítulo XXV

 

Processo sobe para o Tribunal de Justiça de

Minas Gerais

 

     Após a minha condenação na primeira estância, de conformidade com a lei, eu tinha quinze dias para recorrer da sentença que, maldosamente, foi proferida contra mim pelo “juiz” da segunda Vara da Comarca de Ituiutaba, Paulo  Miro, que não considerou os vários quesitos não atendidos pela acusação, como perícia dos meios-fios vendidos pela empresa Engeprel para serem usados nas obras do Projeto Cura, perícia da obra de canalização do Ribeirão Pirapitinga, dentre outros.

     O meu advogado, Dr. Paulo Roberto dos Santos, muito tranqüilo quanto àquela condenação, sempre me acalmava sobre um resultado desfavorável, porque no Tribunal de Justiça não haveria influência do poder econômico e nem pressão de ninguém sobre os desembargadores, que julgaria instruídos nos autos do processo.  

      Enquanto isso na cidade, o buchicho era total: a minha condenação era o assunto de toda roda. Quando saía à rua para ir trabalhar, pessoas que eu julgava de bem me olhavam com desdém, com desprezo, como querendo dizer que eu tinha sido condenando por um crime inaceitável. Nessas horas eu levantava a cabeça e dizia comigo mesmo: “vou provar para essa gente quem é culpado nessa história.

     Num desses dias, quando eu descia a Rua 22, após a Av. 17, bem no centro da cidade, cruzei com um cidadão por nome Juarez Alves Muniz, que inclusive se dizia ser amigo de meu pai. Quando me dirigi a ele cumprimentando-o, indagando com ele estava passando, respondeu-me que estava muito bem, porque não estava sendo processado como eu. A princípio senti como se o chão tivesse saído debaixo de meus pés, porém, recobrei a calma e disse a ele: “É melhor ser processado cumprindo o dever conferido a mim pela população, de fiscalizar o que é do povo, do que cometer o crime de omissão que muitos vêem cometendo nesta cidade, como por exemplo, você, em relação às denúncias que fiz em defesa do dinheiro público... “Ele saiu sem falar mais nada. Acredito que ele jamais esperava aquela resposta minha ao insulto a mim dirigido.

     Insulto como esse eu cansei de ouvir depois da minha condenação, principalmente no centro da cidade, na chamada Esquina do Pecado, na Rua 22, com a Av. 15, onde se reunia muitos desocupados, os meus adversários, aqueles que costumeiramente viviam nas tetas do poder, homens que tinham preço, alguns guiados, outros teleguiados, que viviam às custa daqueles que ostentavam o Poder. Uns diziam que eu seria preso, outros que eu iria perder o mandato de vereador, que perderia o pouco que tinha conseguido com o suor de meu rosto, que minhas filhas seriam castigadas por serem minhas filhas, tudo isso eu enfrentei desde o início do processo, se agravando ao sair a minha condenação.

 

Dr. Rodolfo Leite de Oliveira meu amigo e companheiro de verdade

 

     Os dias iam passando e eu esperava, a qualquer momento, sair o resultado do processo na segunda estância. Para reforçar minha defesa, um dos únicos companheiros do PMDB que me ajudou de fato e de direito, Dr. Rodolfo Leite de Oliveira, contratou o famoso advogado e jurista brasileiro, Dr. Ariosvaldo Campos Pires, que me garantiu que no Tribunal a justiça seria feita – o que me fez renovar a minha fé na justiça – e me assegurou que haveria um julgamento justo e imparcial, o que não tinha ocorrido na primeira estância, devido à parcialidade daqueles que julgaram o processo imputado a mim, pelos engenheiros do poder. 

 

Capítulo XXVI

 

Sai o primeiro resultado do julgamento,

Procurador de Justiça concede provimento

ao meu recurso

 

     A minha expectativa era muito grande, e a cada dia que passava eu me sentia mais confiante numa renovação da sentença no tribunal, isto porque, além de estar sendo defendido por um dos mais renomados juristas do país, na instrução do processo, contei com outro grande advogado, o Dr. Paulo Roberto dos Santos, que com muita competência forneceu todas as informações cabíveis no processo para minha defesa lá em Belo Horizonte.

     Os meus advogados estavam certos ao afirmarem que no Tribunal o processo seria analisado sem a influência de ninguém que pudesse interferir no resultado final. Isso era tanto verdade que a minha primeira grande vitória aconteceu, quando o Procurador de Justiça, que exerce o papel quase sempre de acusar, me absolveu, opinando pelo provimento do meu recurso.

     Àquela altura dos acontecimentos, como eu trabalhava em uma das rádios locais, eu dei publicidade à posição do Procurador de Justiça, de ter dado provimento à minha apelação. Essa notícia chegou à opinião púbica e às pessoas que até então me olhavam com desprezo, começaram a ter outro conceito sobre minha posição ao fazer as denúncias de corrupção na implantação do Projeto Cura. Eu esperava apenas poder provar que não caluniei, nem difamei e nem injuriei ninguém, somente cumpri a minha obrigação constitucional de fiscalizar a aplicação correta do dinheiro público, impedindo que maus administradores usassem o Poder para malversar sua aplicação.

     Estávamos em ano eleitoral, mês das convenções partidárias, onde os partidos políticos iriam escolher seus candidatos a governador, senador, deputados federais e estaduais. Na minha cidade, os candidatos eram Samir Tannus/estadual (PDC), Luiz Junqueira/estadual (PMDB), Arlindo Porto/senador (PDS), Júnia Marize (PMDB, entre outros.

     Em uma visita que fez a esta cidade, o então candidato do PMDB, Newton Cardoso, me recebeu, quando solicitei seu apoio para me ajudar a provar as denúncias que fiz contra aqueles que haviam mudado o Projeto Cura para se beneficiar. Ele hipotecou apoio à minha causa e se colocou ao meu dispor para seguir em frente na minha luta em defesa da moralidade administrativa.

     Nesse ínterim, os meus “companheiros” vereadores, até certo ponto decepcionados com o provimento concedido pelo Procurador de Justiça ao meu recurso, torciam pela minha condenação, o que os deixariam certamente muito satisfeitos porque ao invés de me defenderem, eles, o tempo todo, se posicionava ao lado da administração e dos engenheiros que me processaram. Inclusive, sempre que podiam, passavam informações sobre o que ia propor em minha defesa.

     Tinha dia que me dava vontade de resolver aquela questão de forma diferente, como eram resolvidas, lá onde nasci, em Buriti Alegre/GO, questões iguais àquela: justiça com as próprias mãos; mas recuava, porque se fizesse isso eu estaria assumindo uma culpa que eu não tinha, jamais seria perdoado pelos meus amigos e principalmente pela história.

     Cinco dias antes de sair a sentença do Tribunal, meu pai, Aristides Dias da Silva, muito doente e fragilizado com aquela situação em que eu me encontrava, me chamou em sua casa e, na presença de minha mãe, Laura Gonçalves da Silva, me fez prometer que, se eu fosse absolvido no Tribunal de Justiça, poria uma pedra em cima do processo e não mexeria mais com nada, esquecendo que meus algozes existiam e que eu jogasse no lixo do esquecimento aquele ultraje sofrido. Tive que prometer, porque, meu pai estava muito doente e eu não queria almentar seus problemas de saúde. Infelizmente, meu pai não viveu o tempo suficiente para ver e assistir a minha absolvição, pois, dias após a essa conversa, meu pai fechava os olhos para sempre.

 

Capítulo XXVII

 

Tribunal me absolve – Justiça, finalmente!

 

.   Advogado e jurista, Dr. Ariosvaldo Campos Pires responsável por minha defesa e absolvição no Tribunal de Justiça

 

     Como estava previsto, longe da influência dos poderosos, do poder econômico, isento de qualquer tipo de interferência que pudesse beneficiar esse ou aquele – como ocorreu na primeira instância, onde a corda arrebentou do lado mais fraco, devido ao poder daqueles que propuseram o processo e por falta de coerência dos que em nome da justiça, cometeram uma grande injustiça ao me condenarem a vinte e oito meses de detenção, multa de onze salários mínimos e pagamento das custa do processo, sem analisar com isenção os itens apresentados por meus advogados, Dr. Paulo Roberto dos Santos e Dr. Joaquim Godói, quando recebi essa condenação –, e graças à interpretação de minha defesa, pelo grande jurista brasileiro, Dr. Ariosvaldo Campos Pires, no segundo julgamento, na Corte da Justiça, em Belo Horizonte, O Tribunal de Justiça de Minas, por seis votos a um, deu provimento ao meu recurso, isentado-me de qualquer tipo de crime que eu tenha cometido, reformando a sentença, recaindo sobre meus algozes o ônus de toda culpa, ou seja, pagamento das custas do processo, os onze salários mínimos e faltando somente os dois serem presos e ficarem não só vinte e oito meses na cadeia, mas, sim, mais tempo, para deixarem de usar a maquina pública em seu benefício próprio, usando e abusando do poder e ainda se darem ao luxo de me processar, quando eu estava apenas cumprindo o meu dever, de defender intransigentemente a melhor aplicação do dinheiro público.

 

Capítulo XXVIII

 

Acórdão de absolvição do Tribunal de Justiça

 

 Justiça Finalmente! 

 

     Os que tiveram a oportunidade de me ouvir ao longo dessa etapa de sofrimento e de perseguição, pesado tributo que sempre paguei por militar honradamente na vida pública situando o dever acima da minha própria tranqüilidade podem testemunhar que, em momento algum, deixei de crer na Justiça. Os percalços foram muitos. Os motivos para desânimo, inúmeros. Houve instantes de profundo desalento, face à extrema crueldade dos meus detratores. A palavra final da Justiça, eximindo-me de qualquer culpa ou crime e, pois, fazendo cair sobre meus algozes à sombra do delito, banha de paz minha alma e inunda de luz os meus familiares, os meus amigos, os meus companheiros e as pessoas humildes que sempre confiaram em mim. Os pró-homens (desembargadores), envolvidos nesse processo, a final trouxeram inestimáveis esclarecimentos à vida coletiva de Ituiutaba, e melhor do que ninguém resgata toda a verdade a meu respeito e com relação àqueles que me agrediram, para ocultar os seus próprios erros. Se não vejamos:

     O preclaro Procurador de Justiça, Dr. João Batista Bueno, em seu memorável parecer sobre a matéria disse o seguinte:

     “O réu apelante é vereador em sua cidade e, como representante do povo, não se pode negar-lhe o direito de criticar aos atos da administração municipal, e deve ser exercida não apenas no recinto da Câmara. Todas as questões de interesse da comunidade devem ser amplamente debatidas, em qualquer lugar. É próprio do político, principalmente quando exerce a representação popular, usar de todos os meios regulares de comunicação para transmitir a sua mensagem ao eleitorado. Nisso reside à essência da Democracia, a face dinâmica do estado de direito. Toda crítica é quase sempre ofensiva, mas não necessariamente criminosa, mesmo quando injusta. Para caracterização do delito, nos casos de calúnia, difamação e injuria, a ação dolosa deve dirigir-se a pessoa determinada, com precisa indicação de fatos ou circunstâncias perfeitamente definidos na lei penal. O acusado nega autenticidade a entrevista que lhe é atribuída, não havendo provas suficientes nesse sentido. Além disso, nota-se muita divergência entre o conteúdo da matéria publicada no jornal e a narração dos fatos na denúncia, que serviu de base a sentença condenatória no caso sub judice, a improcedência da ação penal parece ser a solução mais justa que conforme o direito”.

      “Assim, opinamos pelo provimento do recurso do acusado”.

 Importante lembrar que a procuradoria exerce em nome da sociedade, função essencialmente fiscalizadora quase sempre acusatória.

     O iminente juiz Paulo Medina, em seu voto antológico, leciona, de sua parte:

   “Há, sem dúvida, a suspeita do vereador, que, mesmo depois de explicações, pôde ainda parecer-lhe o fato estranho.

     Sim, estranho pôde afigurar-lhe, porquanto, ausente vinculação direta na execução das obras, afirma dos ofendidos, apesar disso, estava a beneficiar-se com o fornecimento de material. 

     Irrelevante na espécie, a distinção que o ilustrado advogado dos assistentes, Dr. Hélio Benício de Paiva, pretende fazer quanto à distinção entre a pessoa jurídica Engeprel e a de seus sócios, principalmente porque não está o réu a apontar prática de crimes contra esses e apenas indicando o interesse da empresa junto ao município.

      Eis ai a prova. Resta-lhe a roupagem jurídica. E continua o eminente jurista, em verdadeira aula de democracia e de coragem:

     “abomino os que estão a tecer, às escondidas, junto a outros, as fragilidades humanas. Abomino a solércia do covarde, a intriga do poltrão, a mentira dos subservientes. Mas, por outro lado, admiro quem, por destemor e responsabilidade, de público acusa.

   Admiro a quem, no cumprimento de mandato responsável, denuncia. Ao pecado da omissão, opõe-se o risco para a busca da verdade. E ao risco fora lançado o vereador.

     Havia suspeita pela vinculação da empresa às obras e ao município. Os sócios e o presidente e secretário foram confundidos na imagem distorcida do vereador.

     Apesar disto, era razoável a suspeita do vereador. A sua palavra não pode estar restrita às salas da Câmara Municipal, vazias, em regra, pela desesperança e descrença do povo. A publicidade pela imprensa permitiu dirimir a suspeita, restaurar a dignidade e esclarecer o fato. A fiscalização e sua publicidade são formas para conter até mesmo a hipertrofia do executivo. “Nas críticas do vereador-réu não vianimus para difamar ou caluniar”. Prossegue, ainda, o douto julgador: 

     “É o caso, por exemplo, da manifestação eventualmente ofensiva feita com o propósito de informar ou narrar um acontecimento ou com o propósito de debater ou criticar, particularmente amplo em matéria política”. 

     E, arremata, magistralmente, o Dr. Medina: “A suspeita de irregularidades administrativas, manifestadas por vereador, na sessão da Câmara Municipal, e mesmo através de entrevista a jornais, conquanto, posteriormente, vêem-se infundidas, não constitui crime contra honra, exceto se a sua crítica não estiver inspirada no interesse público e revele, exclusivamente, o propósito de injuriar, difamar ou caluniar”.

     “Posto isto, nego provimento às apelações do Ministério Público e dos Assistentes, e, por outro lado, dou provimento à apelação do réu, para, de acordo com o artigo 386, III, do Código de Processo Penal, absolvê-lo das imputações que foram feitas”.

     De seu turno, o ilustre Juiz Gudesteu Biber, referindo à matéria, afirma:

     “A meu sentir, o processo não é nada mais do que um espelho do que hoje acontece neste país com a super-hipertrofia do Poder Executivo, de tal forma a se anular os demais poderes. Um vereador tem o direito e, antes do direito, tem o dever de fiscalizar toda e qualquer obra da municipalidade.

     Se um vereador pede informações ao Executivo sobre o andamento de uma obra qualquer e o executivo, como sempre, na sua arrogância atual, não fornece os esclarecimentos pedidos, não há, por parte do vereador que denuncia irregularidades, seja na      Câmara Municipal , seja através da imprensa, o propósito de caluniar, injuriar ou difamar. 

     O vereador 3° apelante cumpria, a meu sentir, mandato popular, e, como tal, ele tinha o direito de exigir do Executivo prova de todos os contratos de prefeitura de obras da municipalidade. E o Executivo tinha o dever de prestar, detalhadamente, os esclarecimentos pedidos. Se isso fosse feito ou se isso tivesse sido feito, no caso presente, não haveria a querela que ora se decide.

     Estou com o ilustre relator de que não é possível haver dos crimes contra honra num só ato. A calúnia, a injúria e a difamação são degraus de uma mesma escada deletiva, de tal forma que a caracterização de um mais grave, automaticamente absorve outro menos grave.

     “Não vejo nas palavras de um edil o “animus caluniandi” nem “animus difamandi” quando ele dá a grita, pela imprensa, de que irregularidades deveriam estar acontecendo na Prefeitura em razão de falta de informações que o Executivo deixou de prestar ao legislativo”.

     Esses pronunciamentos, exarados no âmbito do processo, sob se constituírem em lições de direito, são, sobretudo, luminosas e vibrantes aulas de coragem e de Democracia.

     A vitória não é minha. O triunfo é da verdade. Transfiro-o, com todos os méritos aos que acreditaram na honra.

     Aos meus familiares e as minhas filhas Andréa e Priscila, a minha ex-esposa, Mirtes Helena Vinhal que sofreram comigo, instantes a instantes, a pressão e a tortura psicológica que sofri. Aos que rezaram. Aos que fizeram promessas e os choraram.

     Ao povo de Ituiutaba que jamais me negou sua confiança e aos meus amigos e àqueles companheiros que se mantiveram solidários comigo. Estejam certos, todavia, os meus detratores. O meu íntimo não tem lugar para ressentimento nem ódio. A minha consciência, porém, jamais, transigirá diante do erro.

     Agradeço a Deus, por ter me dado forças e coragem para chegar até o fim do processo, com dignidade. Aos meus advogados: Dr. Paulo Roberto Santos, Joaquim Godói e Ariovaldo Campo Pires, pelo zelo e dedicação com que me defenderam. Aos companheiros: Dr. Rodolfo Leite de Oliveira, Aranisio Joaquim Martins, Dalton Chaves Vilela, ao Partido dos Trabalhadores, aos vereadores de todas as cidades do Triângulo Mineiros e aos peemedebistas das cidades da região, aos presidentes de bairros e a todos aqueles que de forma direta ou indireta, me deram seu apoio moral.

Ituiutaba, junho de 1986

Ver. Hairton Dias da Silva

 

Capítulo XXIX

 

Minha Vitória na Justiça me fez recobrar

a autoestima

 

     Aqueles que viravam o rosto quando me viam passar durante a vigência do processo, ao tomarem conhecimento da minha vitória no Tribunal, ficaram com a pulga na orelha, principalmente os meus adversários, pois, acredito, temiam qualquer tipo de retaliação de minha parte.

     Vejam bem, mesmo com essa estupenda vitória que consegui, e agora com a opinião pública do meu lado, o meu partido, que foi omisso o tempo todo continuava a sê-lo, pois não se dispôs a tomar nenhuma posição, porque com exceção apenas do companheiro Valdir Castanheira, Rodolfo Leite, do vereador Aranísio Joaquim Martins, todos os demais vereadores do partido eram comprometidos com o executivo. A meu ver, seria à hora de dar um cheque-mate no prefeito Romel Anísio Jorge e acabar com o seu reinado para sempre nesta cidade. Mas não foi preciso, o povo desta cidade fez isso por mim, ao derrotá-lo em sua candidatura de deputado.

     Mas nada disso foi feito, o tempo passava sem às denúncias que eu havia feito fossem esclarecidas pela administração e pela justiça que me condenou, na primeira estância. 

 

Capítulo XXX

 

Imprensa de Ituiutaba se nega a divulgar meu

acórdão, que me absolveu de qualquer culpa

 

     O Jornal Esteio, responsável pela minha entrevista, onde fiz as denúncias de corrupção no Projeto Cura, havia deixado de circular. O seu proprietário, o jovem médico Willian Melen Andraus, por questão profissional se transferiu para São Paulo, onde estava fazendo curso de pós-graduação em cardiologia e tinha consultório médico. Procurei todos os órgãos de imprensa de Ituiutaba para divulgar o meu acórdão, inclusive, o jornal que havia publicado com muito sensacionalismo, a minha condenação; porém, todos se negaram ate mesmo a ver o que eu tinha para publicar.

     Claro que não iam publicar o meu acórdão, porque ele era a punição dos meus algozes e representava a vitória da verdade sobre a mentira, da justiça contra a injustiça, da minha vitória, da minha determinação de defender o dinheiro público, contra os malversadores do Poder, do tráfico de influência, da corrupção e da impunidade.

     Até mesmo na Rádio Platina, emissora onde eu trabalhava seus proprietários, Alcides Gomes Junqueira e Luiz Alberto Franco Junqueira, me proibiram de divulgar o acórdão através de seus microfones. Esses dois empresários e políticos eram meus “companheiros” de PMDB.

     Diante dessa situação, só me estava uma alternativa: montar extraordinariamente um jornal para levar ao conhecimento da opinião pública que eu estava com a verdade, que eu havia finalmente recebido da justiça, do Tribunal de Justiça, de Belo Horizonte, na segunda estância, o provimento ao meu recurso, ou seja, eu tinha sido finalmente absolvido das imputações que me foram atribuídas.

     Nesse ínterim, começa a circular nesta cidade, o Jornal Folha de Ituiutaba, sob a responsabilidade do escritor Rauer Ribeiro Rodrigues. Paguei esse jornal para publicar o meu acórdão. Os vinte mil exemplares que foram impressos, eu mandei distribuir, desde o centro a todos os bairros da cidade,

     Mas não parei aí, como era ano eleitoral e estavam realizando comícios, usei o palanque dos candidatos do PMDB para cobrar do prefeito e da justiça que tinha me condenado aqui, na primeira instância, que explicasse ao povo de Ituiutaba às denúncias que eu havia feito de corrupção na implantação do Projeto Cura. Sabem o que aconteceu? O Juiz, Dr. Ataíde, diretor do Fórum, procurou o presidente do PMDB, que ainda era o Acácio Cintra, para eu ter cuidado com às minhas colocações sobre a Justiça, senão quem ia me processar agora era à própria justiça. Da pra entender uma coisa dessas.

     Em momento algum, onde tive a oportunidade de usar da palavra, não falei nada que pudesse ferir a justiça como instituição, mas exigia, sim, que aqueles que haviam me condenado, em nome da justiça, punissem os que usam o tráfico de influência para se beneficiar com a máquina pública.

     Em uma sessão da Câmara de Ituiutaba, logo após esse incidente, um vereador – que não me lembro mais ao certo quem era, mas penso ter sido o Vilson Morais (PDS) – disse que a justiça ia mandar me prender, porque eu estaria a desmoralizando. Simplesmente, respondi para esse vereador, até como um desabafo, que eu não tinha medo de cadeia, e que cadeia foi feita para prender homem e não cachorro, mas que a cadeia que iria me prender, por aquele motivo, jamais seria construída em Ituiutaba.

     Era só bravata do vereador, mesmo porque, depois da posição parcial do Juiz Paulo Miro e da promotora Sebastiana Cunha, não havia clima para qualquer posição da justiça contra mim, principalmente porque a opinião pública agora estava toda do meu lado e eu não havia feito nada que colocasse a justiça contra mim.

     Mesmo não tendo os órgãos de imprensa como parceiros, porque, esses dependiam da administração, para que eu pudesse levar ao conhecimento da opinião pública os detalhes da minha vitória no processo absurdo que respondi por ter defendido a melhor aplicação do dinheiro público, em todas as oportunidades que usei da palavra para participar da campanha política do PMDB, o meu partido que havia me abandonado durante a vigência do processo, eu aproveitava para levar ao conhecimento do povo de Ituiutaba o que havia  acontecido comigo, quando eu, no uso de um mandato popular, tinha sido processado por defender o interesse público daqueles que usaram mal o Poder, para se completarem, estavam impunes.

     Nessa altura dos acontecimentos, quase toda população já tinha conhecimento do que havia acontecido em Ituiutaba sobre o escândalo “Cura”. Mas mesmo assim, muita gente ainda não acreditava que o todo- poderoso Romão havia mudado o Projeto Cura  para que apaniguados políticos seus se beneficiassem, sem que nada lhe acontecesse, tal era a sua influência junto a opinião pública. Mas  enquanto pude falei, cobrei uma posição em favor da povo ordeiro e trabalhador de Ituiutaba; porém, infelizmente, em terra de Romão quem tem só um só olho – nem tampouco dois – era rei.

     O tempo foi passando, cada dia se aproximava as eleições de novembro  de 1986, e os candidatos do PMDB, Governador: Newton Cardoso, deputado federal: Fued Dib, senadora: Júnia Marize; os três tinham a expectativa de vencer aquelas eleições. Porém, vou me ater somente a um candidato de Ituiutaba, o deputado federal Fued Dib, que era candidato à re-eleição.

     Não sei por que, mas alguma coisa havia feito minha mente esquecer a omissão praticada por ele quando precisei de sua ajuda, para que eu pudesse provar as denúncias que havia feito.  Ele foi omisso, correu da raia, não quis me ajudar, mas eu, na esperança de que  as coisas mudassem em nível de comportamento político, de “companheiros” como Fued, mais uma vez apoiei sua candidatura, podia também, ser o meu sexto sentido de peemedebista, não sei explicar.

     Por causa desse apoio, quase perdi o meu emprego na Rádio platina, porque Luiz Junqueira, que se dizia meu “companheiro”, mas que também não me ajudou no processo, nem sequer me permitiu ler o acórdão de minha vitória na rádio de sua propriedade, tinha me pedido para apoiar uma  amigo seu, Sérgio Naya, que ele estava apoiando em Ituiutaba. Como eu disse, ele eu já tinha  compromisso com o Fued Dib, a partir daquela data, ele, além de não me ajudar quando precisei, virou a cara para mim, só não fui mandado embora da sua rádio, porque eu era vereador e faturava  alto no agenciamento de publicidade para a rádio e para o meu programa “Tarde Noite Cabocla”.

     Veja como as coisas mudam, veio a eleição e Fued Dib perdeu, não conseguiu se re-eleger, ficando à mercê da sorte, porque até  aquela data, ele vivia mais em função da política.

     O quadro político em Minas tinha mudado, porque o candidato do PMDB, Newton Cardoso, havia  vencido as eleições e eu esperava, com aquela vitória,poder contar com o apoio do governador do estado  para me ajudar a provar a culpa de meus algozes e puni-los, já que a justiça em Ituiutaba não havia feito isso, pela má gestão do dinheiro público na implantação do Projeto Cura.

     Nem a vitória do PMDB em Minas, através de Newton Cardoso, me ajudou a mudar o resultado daquele projeto que continuava ser implantado na cidade de forma estranha, sem que a justiça fosse feita para defender o contribuinte dos maus administradores. Porém, a vitoria de Newton Cardoso serviu para que a cidade, pela primeira vez, pudesse ter dois cargos importantes em seu governo. O ex-deputado Federal Samir Tannus foi convidado para ser, o Secretário de Estado do Trabalho, e o também ex-deputado federal, Fued Dib, para ser um dos Conselheiros do Tribunal de Contas de Minas Gerais. Porém o governador exigiu um posicionamento do diretório do PMDB de Ituiutaba, para indicar Fued Dib.

     Foi aí que pensei: “vou pagar a omissão com uma boa ação, vou provar para esse sujeito que a gente não abandona companheiro na beira do caminho”. Redigi um ofício endereçado ao governador Newton Cardoso, foi assinado por mim, como secretário Geral da Executiva do PMDB de Ituiutaba, por Teofeu Patrocínio de Morais, como presidente do PMDB. Aliás, diga-se de passagem, Teofeu não queria assinar aquela indicação, alegando ser o Fued Dib um falso, um quinta coluna, fingido com quem viesse precisar dele, ele só pensava no umbigo. Mas depois de uma semana eu andando atrás dele para que assinasse aquele ofício, ele assinou, sendo o senhor Fued Dib, depois, indicado para ser Conselheiro do Tribunal de Contas de Minas Gerais, aonde chegou a ser presidente. Falo sobre isso depois.

 

Capítulo XXXI

 

Chuva de fim de ano leva boa parte da

canalizaçãodo Ribeirão Pirapitinga

 

Jornal de Uberlândia questiona desabamento do Pirapitinga- Foto Jornal Correio de Uberlândia

 

    Neutralizar o juiz, a promotora e a imprensa de Ituiutaba não foi difícil para quem se julgava o dono do mundo, que tudo podia; porém, o então alcaide se esqueceu de que não poderia neutralizar a Justiça Divina, e ela estava se manifestando na cidade, na força da natureza, pois a cada chuva que caia em Ituiutaba, um trecho da canalização rodava ribeirão abaixo. Desta feita, as chuvas de fim de ano haviam feitos vários estragos na canalização, mostrando a fragilidade desta, não havia ficado pedra sobre pedra, quase tudo rodou, causando um prejuízo enorme à obra e a cidade.

     Tudo isso acontecia porque, além, de terem mudado a forma de canalização não seguiram as normas e especificações do projeto, quando se realiza canalização pelo sistema “Manto de Gabião”. Alias, mesmo sendo leigo, acredito ser esse sistema de canalização impróprio para o tipo de topografia por onde corre o Ribeirão Pirapitinga.

     Querem saber qual foi o resultado desse novo desastre,  para os cofres públicos, ou seja, para o bolso do contribuinte? Esse novo estrago foi recuperado e as informações que tenho é que tudo foi pago novamente pela administração, quando o Consórcio Seular-Araguia-Mias, que estava fazendo a canalização, e a empresa Comsomap, responsável pela fiscalização, tinham a obrigação de recuperar, sem ônus para o município, porque já haviam recebido pelo mesmo serviço. Era um verdadeiro trem da alegria.

     Tudo que era possível fazer para responsabilizar aquela gente pelos serviços mal feitos eu procurei fazer, porém, nada disso adiantava. Eu acreditava que o pior ainda estava por vir, porque com chuvas que chegavam a pouco mais de quarenta, cinquenta milímetros causava transtorno na canalização, mas e o dia que chovesse oitenta, noventa, cem milímetro, o que iria acontecer? Ninguém podia precisar ao certo, só sei que a cada chuva mais grossa um trecho da canalização rodava. Foi assim durante o período de chuvas de 1986/1987.

 

Capítulo XXXII

 

 Derrotei projeto de resolução que dava a cada

vereador dinheiro para comprar um carro

popular

 

     O ano de 1988 iniciava, era um novo dia que estava nascendo. Como sempre, eu esperava que fosse um ano cheio de paz, esperança e prosperidade para todos, que as coisas boas acontecessem para alavancar o desenvolvimento de Ituiutaba. Uma dessas vitórias estava ligada a forma como eu desempenhava o meu mandato de vereador, pois além de ficar atento como o executivo gastava o dinheiro do contribuinte eu também tive que me posicionar contra um projeto de resolução, que fora proposto pela mesa da Câmara, de reposição salarial, que, naquela época, dava direito a cada um dos vereadores comprarem um carro popular. Podia até ser legal, mas para mim, que me opus, aquele projeto era imoral, não assinei como membro de uma das comissões da Câmara. Aquele projeto foi rejeitado.  

 

Capítulo XXXII

 

Ajudei a derrubar projeto de aposentadoria

dos vereadores de Ituiutaba

 

      Enquanto vereador, alcansei inúmeras vitórias a favor do povo desta cidade, mas uma das grandes conquistas da qual participei, em favor do trabalhador foi a derrota do  Projeto de Resolução da Mesa da Câmara Municipal de Ituiutaba que estabelecia a Aposentadoria dos Vereadores a partir da sua aprovação, ou seja, a partir de 1º de janeiro de 1989. Fora apresentada uma proposta pela mesa da Câmara que concedia a todo o vereador, a partir do primeiro mandato (com quatro anos de duração), o direito de aposentar-se proporcionalmente, e assim por diante: dois mandatos, três mandatos. Com quatro mandatos ou mais, aposentava-se com todos os direitos e a aposentadoria seria integral, ou seja, com o salário que ganhava na ativa, os demais proporcionalmente, de acordo com o tempo de vereança.

     O meu voto ajudou a derrotar o projeto. Éramos no plenário, no dia da votação, dez vereadores, cinco eram favoráveis e quatro eram contra; em caso de empate, haveria o voto de minerva do presidente. Eram favoráveis de inicio: José Arantes de Oliveira, Sebastião Luiz Mamede, Gabriel Palis, Ricardo Abalém, e mais um que não me lembro o seu nome. Mais o presidente já havia afirmado se houve empate ele desempataria favorável a aprovação. Lembro-me dos que eram contra: Eu, Hairton Dias, Neuza Domingues, Jeuid Abdulmassih e José Barreto Miranda. Antes da votação convenci ao vereador Ricardo Abalém a votar contra, ai derrotamos o projeto de aposentadoria dos vereadores de Ituiutaba, por cinco votos contra e quatro favoráveis.

      O que me fez votar contra esse projeto e trabalhar para sua rejeição ter consciência de que no Brasil, o trabalhador comum, para aposentar-se, tem que recolher contribuição para a Previdência durante longos trinta e cinco anos, e se o projeto passasse, os vereadores poderiam aposentar-se, apenas com um mandato de quatro anos, com uma pequena contribuição, porque, a maior  parte do dinheiro para fazer o caixa de aposentadoria viria dos cofres públicos, do contribuinte, e não apenas de recolhimento dos vereadores.

     Pasmem os senhores leitores, quando grande parte da população tomou conhecimento que nós havíamos derrotado o projeto de aposentadoria dos vereadores de Ituiutaba. Muitos fizeram essa afirmação pra mim: “você é trouxa mesmo Hairton, você votou contra sua família, contra suas filhas! Ninguém da valor nisso, não. Fica ativo Hairton!

     Quando eu imaginava que ia receber aplauso pela minha posição, pelo meu gesto, simplesmente fui chamado de trouxa, de bobo. Essa atitude de integrantes da população me fazia pensar. Será que para ter valor na política, no Brasil é preciso ser desonesto e corrupto?

 

Capítulo XXXIII

 

Saldo positivo como vereador credenciava o

meu nome para ser o candidato a prefeito do

PMDB nas eleições de 1988

 

Hairton considera seu trabalho, saldo positivo em favor do povo

 

     Por tudo que realizei, pelas minhas posições durante os meus três mandatos de vereador, havia me qualificado para ser o candidato do PMDB a prefeito, porém mais uma vez fui preterido e o nome de Acácio Cintra era indicado e escolhido para ser o candidato a prefeito do partido. Ele, Acácio Cintra, que a menos de dois anos havia, juntamente com o partido, me abandonado durante o período em que fui processado, porque defendia o interesse público, contra a corrupção e a impunidade, na implantação do Projeto Cura de Ituiutaba.

     Mas fazer o quê? Abandonar o partido que eu ajudei a criar pela falta de apoio dos “companheiros” quando precisei deles? Só me restava essa saída ou então esquecer tudo e, pelo partido, entrar mais uma vez na luta, porque para mim o importante era recuperar o mando político no município. Quanto à falta de lealdade dos “companheiros”, eu imaginava que isso um dia iria mudar. Não pensei duas vezes, entrei mais uma vez na luta, para tentar restabelecer ao partido o mando político na prefeitura. Participar daquela campanha política como candidato a re-eleição para vereador seria para mim a grande oportunidade de continuar cobrando do executivo e da justiça, explicações sobre a omissão de ambos com relação às denúncias que fiz de corrupção na implantação do Projeto Cura na administração que estava encerrando.

     Bem, iniciada a campanha, nós fomos para as ruas buscar o voto dos eleitores, corpo a corpo. A falta de coerência do candidato a prefeito do PMDB, Acácio Cintra, era sentida pela população, pois ele não tinha conseguido como presidente do partido, se posicionar quando foi preciso. À população não o estava perdoando pela omissão cometida quando ele não se posicionou em defesa de um companheiro – que era eu – no processo que fui alvo quando defendi o interesse público, na implantação do Projeto Cura e por não ter exigido uma posição da bancada de vereadores em meu favor.

     Esse tipo de incerteza do eleitorado e por falta de um projeto político-adminsitrativo, claro, levou o candidato do PMDB a uma fragorosa derrota nas eleições daquele ano.

     Eu, porém, trabalhando de casa em casa, com sempre fiz, gastando somente sola de sapato, consegui me eleger pela quarta vez. Foi uma das mais difíceis eleições que disputei. O candidato do PMDB havia prejudicado todos os candidatos a vereador, inclusive algumas raposas do partido perderam a eleição, como José Arantes de Oliveira, Gabriel, Helis Ferreira e Aranisio Joaquim Martins. Destes, a perdas que eu mais lamentei foi a não re-eleição do companheiro Aranisio, que sempre foi solidário comigo. Para prefeito, o eleitorado ituiutabano elegeu o médico Gilberto Aparecido Severino, que ganhou de Acácio Cintra com mais de dez mil votos de frente.

 

Capítulo XXXIV

 

Passada as eleições, encerrava-se mais um ciclo

da política ituiutabana

 

     Com o resultado das urnas, nas eleições de 1988, encerravam-se mais um ciclo da política ituiutabana, mas alguns fatos ficaram sem solução. Um deles, o mais grave: a cidade iria ficar sem resposta diante das denúncias de corrupção sobre a aplicação do Projeto Cura na administração do prefeito Romel Anísio Jorge, iniciada em 1º de janeiro de 1983 e encerrada em 31 de dezembro de 1988.

     A nova Câmara iria se interessar em esclarecer por que aquele projeto havia sido mudado por motivos até hoje não explicados pelos seus executores? E qual seria o comportamento do novo prefeito com relação à dívida que estava sendo deixada? Ele iria aceitar calado, sem fazer uma auditoria nessas contas?

     Eu só tinha uma convicção, iria continuar trabalhando no sentido de esclarecer todos os fatos que ocorreram na administração anterior e que ninguém se interessou em me ajudar a apurar. Eu esperava ajuda dos novos vereadores para apurar as irregularidades que haviam ficado sem solução, principalmente porque, a cada dia que passava, as obras do Projeto Cura sofriam avarias.

 

Capítulo XXXV

 

1989 – ano de eleição para Presidente da

República PMDB, dividido, lança a candidatura 

de Ulysses Guimarães

 

Ver. Hairton Dias cumprimenta Ulysses Guimarães

 

     A eleição pra presidente e da república esta marcada para 15 de novembro de 1989. Em abril, o Dr. Ulysses Guimarães foi escolhido candidato do PMDB, mas, na prática, uma parcela significativa do partido, a nível nacional e também nos municípios, não apoiou a sua candidatura, indo dividido para aquela eleição, que para mim representava uma nova era para o País, porque, era a primeira eleição para presidente depois do golpe militar de 1964, e a partir daquela eleição poderia se estabelecer um governo popular, de acordo com o projeto defendido pelo partido, melhorando a condição de vida do trabalhador brasileiro. Infelizmente, os fisiologistas e aproveitadores da sigla, abandonaram a candidatura do “Senhor Coragem” logo após ele ter sido escolhido candidato.

    Nesta época, eu era, além de vereador, secretário geral da executiva do partido e propus uma Moção de apoio à candidatura de Dr. Ulysses Guimarães. Na moção, propomos também a expulsão dos traidores do partido, peemedebistas que apoiavam a candidatura Collor de Melo, em todos os níveis. A moção foi aprovada pelo diretório e pela executiva e foi entregue por mim pessoalmente ao nosso candidato, que estava acompanhado pela Executiva Nacional do PMDB, em comício realizado na cidade de Uberlândia.

 

Hairton entrega moção de apoio a candidatura de Ulysses Guimarães

     Ao discursar em apoio à candidatura de Dr. Ulysses, aproveitei para pedir à executiva nacional do partido que expulsasse todos os traidores  da agremiação, a nível nacional, estadual e municipal. Fui carregado pelos peemedebistas autênticos, presentes naquela concentração cívica, mas o que me emocionou foi o que ouvi da boca do nosso candidato:

     “Muito obrigado, companheiro, queria ter sua juventude e eloquência ,  Uberlândia, hoje, está a seus pés.

     Nada disso adiantou, mesmo dispondo de vinte e dois minutos diários de programa eleitoral no rádio e na TV, Ulysses obteve apenas 4,43% dos votos. No segundo turno, realizado em dezembro, Fernando Collor de Melo derrotou Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT, e elegeu-se presidente.

     Em outubro de 1990, Ulysses foi re-eleito deputado federal, recebendo  contudo menos de um décimo dos votos alcançados em 1986. Em março de 1991, Orestes Quércia o substituiu na presidência do PMDB.

     A recuperação política do Dr. Ulysses ocorreu em meados de 1992, durante o processo de afastamento do presidente Collor. No dia 9 de maio, a Revista Veja publicou sérias denúncias do empresário Pedro Collor contra o irmão-presidente. Mesmo após a instalação  da CPI, Dr. Ulysses não via com bons olhos a proposta de impeachment; porém, com a evidência dos fatos e a adesão popular, mudou de posição e seu gabinete transformou-se no quartel-general da CPI. Ciente de que a vitória do impeachment no Congresso seria fácil se a votação não fosse secreta, trabalhou para a adoção do voto aberto, afinal aprovado. Em 29 de setembro, por grande maioria, Collor de Melo foi declarado impedido de continuar na presidência, sendo substituído pelo vice Itamar Franco.

     O Dr. Ulysses Guimarães, faleceu em 12 de outubro de 1992, em um acidente de helicóptero no litoral do Rio de Janeiro. Seu corpo não foi encontrado, mas a morte foi oficialmente reconhecida.

 

Capítulo XXXVI

 

Minha vida política construída com honestidade,

sacrifício, amor e trabalho, em defesa

das causas populares

 

 

     Dia 1º de janeiro de 1989, uma nova jornada de trabalho surgiu à minha frente, com desafio a ser vencido. Eu e mais dezesseis vereadores, eleitos em 1988, éramos empossados no legislativo, pela justiça eleitoral. Os vereadores eram os seguintes, por ordem alfabética: Anagê Novais Silva Moura, Carício Batista Morais, Carlos Melo, Guilherme Franco Junqueira, Hairton Dias da Silva, Jeuid Abdulmassih, José Barreto Miranda, José Lourenço Freira, Luziano Justino Dias, Neuza dos Reis Domingues,, Ricardo Abalém,, Sebastião Luiz Mamede,  Valmir José Fonseca França, Vânia Aparecida Alves Morais Jacob,  Vilson Silva de Morais, Walter Arantes Guimarães.

     Em seguida a essa solenidade demos posse a novo prefeito, Dr. Gilberto Aparecido Severino, médico de quem esperávamos muito: um governo diferente daquele que acabará de deixar o Poder, um governo popular e não populista, sério, sem anomalia, que realmente promovesse o desenvolvimento de Ituiutaba, porque os ituiutabanos queriam ter o direito de serem felizes, nascerem aqui e criarem seus filhos nesta terra abençoada de São José do Tijuco, sem que precisassem ir em busca de condições de vida fora de Ituiutaba, como ave que caiu do ninho, isto porque, o ser humano só é humano se for livre e só será livre se tiver oportunidade de viver, de ter acesso à educação, à saúde e a oportunidade de trabalho, condição que garanta a sua sobrevivência e a sua dignidade.

     Tão logo iniciaram-se os trabalhos da Câmara, depois da posse, eu procurei iniciar o meu quarto mandato, como sempre, com muita seriedade; porém, muita determinação, com a certeza de realizar grandes conquista em favor da população. Como primeiro trabalho, propus ao Ministério da Saúde, para que em parceria com o município de Ituiutaba, implantasse em nossa cidade um núcleo de Hemocentro (Banco de Sangue), para ser instrumento eficaz em defesa da vida. Tal proposição encontrou ressonância no Ministério da Saúde, que tinha na área de finanças um funcionário de carreira que havia prestado serviço na Superintendência de Água e Esgotos de Ituiutaba – SAE –, como diretor da autarquia, Dr. Sebastião Alves Carlos Grilo, que eu tinha homenageado com um título  de cidadania honorária de Ituiutaba, devido os relevantes serviços prestados em nossa cidade, como representante da FUNASA – Fundação Nacional de Saúde. Contando com a ajuda preciosa do Dr. Carlos Grilo, nós conseguimos recursos do Ministério para a implantação em nossa cidade do Banco de Sangue (Hemocentro), diga-se de passagem, a quarta unidade instalada em uma cidade de Minas Gerais. Para mim foi uma das maiores vitórias, conquista em favor da vida. Até denominei o Banco de Sangue de o “Banco da Vida”.

 

Para o vereador Hairton Dias:

Banco de Sangue o "Banco da vida!"

 

 

    O tempo ia passando e a administração Gilberto Severino transcorria sem maiores novidades em termos de grandes obras, a não ser a implantação do Banco de Sangue e, por nossa interveniência, conseguimos também junto ao Dr. Carlos Grilo, no MS, a implantação também do Centro de Controle de Zoonoses, instalado entre o Bairro Alvorada e a BR-365, de controle de toda doença animal.

     Outro projeto que conseguimos  aprovar na Câmara na área de saúde foi o que cria em Ituiutaba o Banco de Olhos, que até hoje, infelizmente, não foi regulamentado pelo executivo, mesmo a cidade já tendo elegido três médicos para prefeito. Esse projeto que propõe Ituiutaba como centro de doação e transplante de córnea.

Conseguimos aprovar também projeto que obriga proprietário de loteamentos, que vendem terrenos à população e as empreiteiras que constroem unidades habitacionais, a colocarem  redes de água, esgoto, energia elétrica  e pavimentação asfáltica nesses logradouros, regra que não era respeitada em Ituiutaba, como exemplo eu cito o Bairro Santa Edwiges, onde foram vendidos todos os lotes sem nenhuma infraestrutura.

     Nesse ínterim, uma chuva grossa que caiu sobre a cidade, no início de 1989, tinha causado enormes transtornos no resto da frágil canalização do Ribeirão Pirapitinga, quase todo resto dessa famigerada canalização havia rodado ribeirão abaixo. Parecia que a bruxa estava solta, porque passado alguns meses parte da canalização do Córrego São José (a chamada obra do século) havia também caído, a cidade estava entregue a irresponsabilidade dos que fizeram obras no passado, a mercê da queda de dois córregos.

 

Capítulo XXXVII

 

Comissão parlamentar de inquérito (CPI) para

investigar desabamento da Canalização 

do Ribeirão Pirapitinga

 

Vereador Hairton Dias e Walter Arantes autores do requerimento para criar CPI do Projeto Cura

 

     Como eu previ no passado, a canalização do Pirapitinga, feita pelo sistema “Manto de Gabião”, estava, a cada chuva, sendo destruída devido ter sido mal feita e por falta de critério na implantação do projeto e por falta de fiscalização. Para mim, havia chegado a hora de uma prestação de contas dos responsáveis por aquela canalização que tanto prejuízos já haviam causado aos cofres públicos e ao povo de Ituiutaba. Nesse sentido

Nesse sentido entrei com requerimento, que foi assinado também pelo  vereador Walter Arantes Guimarães, com o seguinte teor:

     Os vereadores que este subscrevem, na foram regimental, requerem a V. Excia. Seja formada uma Comissão Especial, integrada por vereadores pertencentes às bancadas representadas nesse legislativo, com o objetivo de fazer levantamentos e averiguações na canalização do Ribeirão Pirapitinga, face ao desmoronamento de parte desta canalização, ocorrida no trecho compreendido entre a ponte da Av. 7 e a Avenida Professor José Vieira de Mendonça, num total de mais de quinhentos metros.

Sala das sessões, em 24 de maio de 1990. 

     O requerimento foi aprovado por unanimidade. A Comissão foi constituída pelos seguintes vereadores: eu, Hairton Dias, Caricio Batista de Morais, Carlos Melo, Vânia Aparecida Alves Morais Jacob, Walter Arantes e Guilherme Franco Junqueira.

     Formada a comissão, a primeira providência foi fazer uma visita de levantamento em toda extensão da canalização, da Av. 31 até a Rua Nona, no Bairro da Pedreira (Setor Norte): três mil cento e cinquenta metros lineares (3.150). A comissão constatou que havia rompimento do Gabião em toda extensão da referida canalização. Diante desta constatação, a comissão solicitou que fosse contratada uma empresa para fazer um laudo técnico da canalização, para apurar responsabilidades e chegar às causas dos .desabamentos

     Naquela altura dos acontecimentos, nem mesmo os vereadores pertencentes ao grupo político do ex-prefeito Romel, não se posicionaram contra a formação daquela Comissão parlamentar de Investigação e nem ficaram contra a proposta de  contratar uma empresa, para fazer auditoria na obra e fornecer um laudo técnico, tantos eram os estragos existentes. Não tinha jeito de tapar o sol com a peneira. Assim, foi contratada  a empresa do engenheiro Gilmar de Oliveira de Diniz, um dos mais conceituados engenheiros civil desta região, para fazer o referido levantamento pericial e produzir o referido laudo técnico da canalização do Ribeira Pirapitinga, perícia está solicitada por mim quando ainda estava sendo processado e que não foi atendida, só agora depois de mais de dois anos e que iríamos conhecer realmente o que aconteceu com aquela canalização, feita com recursos de financiamento junto ao Governo Federal – Projeto Cura, canalizado pelo Consórcio Seular-Araguia-Minas.

     Enquanto era providenciada a documentação de contratação do engenheiro civil, Gilmar de Oliveira Diniz, a comissão, formada por minha sugestão, procurava ganhar tempo e cercar-se de todas as informações que pudessem esclarecer as denúncias de irregularidades  que eu havia feito quando concedi entrevista ao Jornal Esteio, em 14 de outubro de 1985, quando afirmei que haviam mudado o Projeto Cura para beneficiar elementos do grupo político da administração de então, que tinha Romel Anísio Jorge como prefeito. Documentário de fotos, informações de profissionais que haviam trabalhado na obra e a convocação do responsável pela direção do projeto, engenheiro Antenor Tomaz Domingues Filho para prestar informações  sobre a implantação do projeto Cura em Ituiutaba.

     Depois de muitos meses de espera iríamos ouvir um dos envolvidos num dos maiores escândalos já registrados na história administrativa de um município dentro do estado de Minas Gerais. No dia marcado para ouvi-lo, já no mês de outubro de 1990, no plenário da Câmara compareceram os seis integrantes da comissão: Vânia Morais Jacob, Carício Morais, Carlos Melo, Walter Arantes, Guilherme Franco e eu, Hairton Dias, e mais o ex-diretor do Projeto Cura, Antenor Domingues Filho.

     A reunião foi aberta e, como eu era o proponente, usei primeiro a palavra para justificar aquela convocação, fazendo o seguinte comentário:

     “Como é irônica a vida, há aproximadamente quatros anos e quatro meses, eu estava assentado no banco dos réus sendo julgado por um crime que não cometi, porém o tempo passou e quis o destino que hoje um dos responsáveis por aquela difícil situação que vivi, esteja assentado, nesta sessão, no banco dos réus, como eu”.

     Os vereadores integrantes da comissão e companheiro político do engenheiro quiseram intervir, dizendo que eu estava maltratando quem estava ali para prestar informações e não para ser insultado.

     Retomei a palavra e disse, que nenhum dos que estavam ali tinha sido processado injustamente como eu fui, não mudei o tom de minhas palavras e perguntei ao engenheiro:

     Quem é que iria pagar agora as minhas noites mal dormidas, as ameaças de morte que sofri, o processo, a tortura psicológica que minha família foi alvo, mas, também, o prejuízo que este inadequado e criminoso projeto já causou aos cofres públicos e ao povo de Ituiutaba?

     Foi à primeira pergunta que fiz ao ex-diretor do Projeto Cura. Ele não respondeu a esse questionamento, mas afirmou:

     “Infelizmente quem está assentado no banco do réus hoje sou eu”.

     Eu continuei:

     Por que não foram seguidas as especificações do projeto, na canalização pelo sistema “Manto de Gabião”?

     Ele enrolou, e não respondeu, porque não tinha como justificar essas falhas na aplicação do projeto.

     Como não consegui arrancar informações que pudessem colaborar com a nossa investigação, pedi à presidente da comissão, vereadora Vânia Morais Jacob, que dispensasse o ex-diretor de responder a qualquer outra pergunta, porque mesmo que ele soubesse, não iria abrir o jogo. E disse aos membros da comissão que teríamos de aguardar o Laudo Técnico, porque, aí, sim, não tinha como esconder o que aconteceu.  

 

Capítulo XXXVIII

 

Empresa contratada para fazer perícia na 

canalização inicia levantamento técnico

 

     Quem não fazia parte da comissão de investigação dos estragos na canalização do Ribeirão Pirapitinga, não tinha idéia das dificuldades que existiam para se chegar a uma conclusão do que havia acontecido para causar tantos danos e prejuízo a uma obra que fora contratada para resolver questão  urbanística e ambiental, porque o Ribeirão Pirapitinga corta a cidade de fora a fora, separando o centro da cidade, da Vila Platina, do Bairro Novo Mundo, Central, Marta Helena, Pirapitinga e Mirim.

     Enquanto esperávamos, continuávamos desempenhando o nosso trabalho na Câmara. Como eu afirmei anteriormente, existia um meia divisão entre os integrantes do grupo político que estava no poder, isso porque, corria à boca pequena dois anos de governo do prefeito Gilberto Severino equivaliam aos seis anos do ex-prefeito Romão. Isso deixava o Romel e seus seguidores mais chegados loucos da vida. Como a briga era no quintal do vizinho, nós apenas observávamos, esperando que aquele desentendimento de posição, de pessoas do mesmo grupo político não prejudicasse o desenvolvimento do município. Quem estava fora do metiê político não sabia que isso estava acontecendo, mas nós sabíamos porque os próprios vereadores situacionistas contavam o que estava acontecendo.

     Um ano após a constituição da comissão de investigação dos desabamentos da canalização do Ribeirão Pirapitinga, o prefeito Gilberto Severino que estava em desgaste político e administrativo devido o impasse de posição com o ex-prefeito Romel, agravou ainda mais esse desgaste, isso porque, enviou projeto de Lei 1.991/06 à Câmara, solicitando autorização para contrair empréstimo junto a Caixa Econômica Federal, no valor de 800 milhões de cruzeiros (dinheiro da época), para recuperar parte da canalização do córrego São José, a chamada obra do século, que havia caído novamente quase 300 metros entre as ruas 36 e 38-A. o projeto foi enviado em regime de urgência, só que para votá-lo nos vereadores de oposição iniciamos uma série de reuniões para saber como seria aplicados aqueles recursos, e se realmente era preciso àquela dinheirama toda para essa recuperação.

     Em uma dessas reuniões que realizamos, com a secretária de Planejamento, Maria Eugênia descobrimos que para liberar esses recursos para recuperar trecho da canalização do córrego São José, à administração teria que pagar propina de 20% (vinte por cento), essa informação foi confirmada pelo próprio prefeito, Gilberto Severino, em reunião que ele participou da Câmara Municipal. Simplesmente nós não autorizamos esse empréstimo, mas essa noticia se espalhou como uma bomba por todo país, os principais órgão de imprensa do Brasil noticiou esse fato, que quase termina com a cassação do mandato do prefeito Gilberto Severino e quase derrubou a ministra Margarida Procópio. Nesse episódio ficou patente a importância da oposição, e de vários outros vereadores de situação que impediu que o nome de Ituiutaba fosse mais uma vez enlameado e desta feita com a possível participação de altas autoridades  federais.

 

Capítulo XXXIX

 

Laudo encomendado pela Câmara ficou pronto

 

    O laudo encomendado pela Câmara Municipal em atendimento a solicitação da Comissão de Investigação dos desabamentos da obra de canalização do Ribeirão Pirapitinga ficou pronto, o resultado foi preconizado por mim quando fiz as denúncias em 14 de outubro de 1985, ele condenou a obra por ter sido mal feita, por falta de fiscalização, por não ter seguido as especificações do projeto, pelo uso de material inadequado, por má fé, por irresponsabilidade e por falta de respeito ao dinheiro público.

     Muitos, ao ler esse livro, irão questionar as narrativas aqui feitas por mim, mas se tivessem vivido o que vivi, me pediriam perdão, tenho certeza, pelo julgamento, por tudo que passei, pelas noites mal dormidas, pelas ameaças de morte, pela tortura psicológica que eu e minha família sofremos, a perda de meu pai, que morreu um tanto o quanto de desgosto pela minha condenação injusta, pela posição unilateral  assumida pela justiça da primeira estância nesta cidade. Justiça que tinha a obrigação de ajudar a defender o dinheiro do contribuinte, ao contrário se posicionou ao lado de meus algozes, pelo prejuízo moral que tive, pela autoestima que perdi, mas, sobretudo, pela lei do mais forte, dos que se julgam serem os donos do mundo, achando que o dinheiro compra tudo e encobre tudo.

Capítulo XL

 

Laudo Técnico condena a obra de canalização

do Ribeirão Pirapitinga e a considera,

desastrada e criminosa

 

Cópia do Laudo técnico feito pela empresa do engenheiro Julmar Oliveira Diniz

 

Transcrevo agora o laudo feito e assinado, pela empresa do conceituado engenheiro civil, Julmar de Oliveira Diniz, CREA-MG 3068/D, atendendo a um pedido da Câmara Municipal de Ituiutaba, através da vereadora, Vânia Aparecida Alves de Morais Jacob, presidente de Comissão Especial de Averiguação (CPI) das responsabilidades pelos danos existentes na obra de canalização a céu aberto e urbanização do Ribeirão Pirapitinga, desta cidade, pedido este feito em 20/08/91, vem, mui respeitosamente, apresentar a V..Excia. as respostas aos quesitos por ela formulados, bem com planilhas de orçamento, laudos técnicos, fotografias e outros documentos necessários a uma boa compreensão da gravidade do problema e de sua extensão. 

  1º Quesitos/Respostas 

Q – 1. No projeto de canalização do Ribeirão Pirapitinga foi eleito o processo “Manto de Gabião” para o revestimento do canal que substitui o leito natural do mesmo. Esta escolha, do ponto de vista estritamente técnico, foi adequado? Em qualquer caso, com a resposta positiva ou negativa, justifique. 

R – 1. A escolha do processo “Manto de Gabião” para o revestimento do canal que substitui o leito natural do Ribeirão Pirapitinga foi do ponto de vista estritamente técnico, totalmente inadequado. O revestimento “Manto de Gabião”, a espessura de 0.30 m. como foi dimensionado pelo projeto, tendo em vista a velocidade máxima de escoamento de 3.58 m/s e as condições locais do terreno, foi uma temeridade. Esta velocidade, calculada em função da declividade critica do Ribeirão, e muito alta para a espessura de 0.30 m. adotada para o manto. Talvez o projetista, temendo o encarecimento excessivo da obra, optasse por esta espessura, a meu ver totalmente inadequado. O “Manto de Gabião” , além domais, é indicado apenas para canais com vazões controladas e protegidas de águas pluviais. Uma chuva mais intensa que a normal, pode duplicar a velocidade do escoamento com o agravante do aumento da pressão manométrica sobre o fundo e os taludes. Além destes fatores negativos, acresce-se o fato de inexistir, até hoje, um sistema descente de águas pluviais na cidade. Ora o projeto da Consomap, além de não projetar proteção ao canal contra escoamento transversal das águas pluviais não tomaram nenhuma providência suficiente para sanar este problema durante a construção, sendo esta sua obrigação como fiscalizadora incumbida. Para corroborar a inadequação do “Manto de Gabião, está o fato do mesmo não resistir à primeira chuva intensa ocorrida no dia 09/10/84, como está registrado à folha número 134 do Diário de Ocorrências, como se pode ver em “Xerox” no anexo. O próprio engenheiro hoje, gerente da CTBC de Ituiutaba) do Consórcio Seular-Araguaia, Luciano Jabur constatou neste Diário que, “as chuvas que caíram no dia de ontem (09/10/84) danificaram bastante nossos trabalhos”. O mesmo constatou a folha número 150: “causando bastante estrago no serviço executado” (referiu às chuvas de 16/10/84). Ora, a obra foi iniciada em 21/05/84, e já apresentava ineficiência durante a construção apenas 5 meses após. Mas isto não foi nada, perto do que ocorreu em 26/02/85, quando “fortes Chuvas que caíram na nascente do Ribeirão Pirapitinga, no dia de hoje, fizeram com que a água extrapolasse a canalização em Gabião, causando danos  apreciáveis (no Gabião) nas saídas das galerias das Avenidas 31 e 23. “Para tanto, solicitamos à fiscalização orientação a respeito das proteções e reparos não previstos em projeto, a serem executados nos pontos acima descritos”, folha número 282. Na época o engenheiro Jabur fotografou esta “enchente”, e gentilmente, me cedeu uma cópia, juntamente com outra fotografia do mesmo local, antes da referida enchente. Estes documentos pertencem a outro processo, por isso foram “xerocadas”. No espaço “observações” destinado à fiscalização (Consomap) observamos um quase descaso ou pela ausência, ou por orientações vagas e insuficientes. Para confirmar a inexistência de previsão de ação das águas pluviais por parte do projeto. leia a declaração do engenheiro Jabur à folha 190 do Diário de ocorrências. – A folha 299-A constatamos que foi recomposto o Gabião à saída da galeria da Av. 31, conforme orientação da fiscalização. Acontece que, numa perícia realizada poucos meses após a entrega da obra, em 28/05/86, após as chuvas de 86/87, foi verificado que a recomposição havia sido inútil, tendo a Prefeitura tomado providências para sanar o problema que havia se generalizado à toda obra, comprovando que, mais do que a construção foi o projeto responsável pelo total insucesso da obra, pois hoje constatamos que apenas uns 15% do revestimento do “Manto do Gabião” se conservam em condições satisfatórias. O relatório do laudo técnico prossegue:  

      

2º Quesito 

Q – 2. Foram feitos estudos hidrológicos e geotécnicos na fase inicial do projeto? Critique esses estudos em caso afirmativo.

R – 2. O erro básico do projeto da Consomap reside nos estudos hidrológicos, que pecam por buscar subsídios em bibliografias consideradas obsoletas pelos meteorologistas do CTA, maior centro tecnológico a respeito deste assunto. O projetista da Consomap parece-me desconhecer as mudanças climatológicas porque passa o planeta pela ação predadora do homem sobre seu ambiente. Enchentes catastróficas aumentaram sua freqüência devido ao fenômeno “El Niño”, que é nada mais, nada menos, que um aquecimento excessivo das águas do Oceano Pacífico.

No projeto do Ribeirão Pirapitinga foi adotado, como tempo de recorrência, T = 10 anos para a parte revestida com Manto de Gabião e T = 25 anos para a seção do canal, completando o revestimento com grama.

Contra fatos não há argumentos, o T = 10 anos passou a ser T = 5 meses, que foi o tempo necessário a se provar que o Manto de 0,30 m de espessura foi mais que insuficiente para resistir à ação, não de uma enchente, mas sim de uma chuva de intensidade aproximada de 26,0 mm, como registra o boletim da CEPET da vizinha cidade de Capinópolis (em anexo), do mês de outubro de 1984.

O T = 25 anos para a seção do canal virou T = 9 meses, que foi o tempo necessário a se provar que as dimensões do canal foram insuficientes para comportar a vazão da “enchente” de 26 de fevereiro de 1985, como comprovam “a folha 282 do Diário de Ocorrências e a cópia Xerox das fotografias tiradas no dia da “enchente”, provavelmente, não no instante de sua intensidade máxima, mas suficiente comprovadora da incapacidade da seção transversal. Os estudos geológicos, contudo, estão razoavelmente embasados em dados consistentes e desenvolvidos com técnicas universalmente aceitas por qualquer instituto científico idôneo.

Tanto é que os ensaios de compactação feitos por minha firma confirmaram esta afirmação.

Q – 3. O traçado do canal contribuiu para a ruína da obra? Por quê?

R – 3. O traçado do leito natural não merece ser criticado, pois foi projetado levando-se em consideração o equilíbrio entre um funcionamento ideal do canal e a economia de execução: Não há excessivo número de curvas e nem uma extensão exagerada de tangentes. Portanto, o traçado do canal não contribuiu para a ruína da obra.

Q – 4. O dimensionamento da seção transversal do canal contribuiu para a ruína da obra? Por quê? 

R – 4. Sim, como já vimos na resposta R-5, a insuficiência das dimensões da seção transversal do canal contribuiu para a ruína na obra.

Os cálculos das dimensões da seção transversal do canal são decorrentes do tempo de recorrência das chuvas intensas da região. Vimos que a determinação das intensidades das mesmas foi prejudicada por bibliografia obsoleta. Daí decorre que os cálculos, apesar de serem matematicamente corretos, não foram de utilização prática, pois foram baseados por dados irreais.

Q – 5. Qual outra falha do projeto que contribui para os danos ocorridos na canalização, durante e logo após a sua construção? Explique.

R – 5. Como já vimos na R-1, outra falha grave do projeto diz respeito a não consideração da existência da ação danosa das águas pluviais das ruas vizinhas que despejam as mesmas em sentido transversal ao eixo do canal.

Como não existia (e até hoje também) uma rede eficiente de águas pluviais, a Consomap deveria projetar obras de proteção que desviassem as águas pluviais para o leito do Ribeirão sem prejuízo das infraestrutura ou do revestimento do canal.

Pequenos reforços, tais como revestir as bordas da seção transversal, por uma faixa de 1,50m além do previsto no projeto, foram executados por iniciativa de um dos engenheiros do Consórcio Seu Lar Araguaia, o engenheiro Jarbas T. Gomes, e deram bons resultados. O pouco da obra que restou estão nestes trechos onde o Dr. Jarbas efetuou estas proteções. 

Q – 6. A execução da obra mediante o exame das ruínas denotam a falta de cumprimento das especificações do projeto?

R – 6 – É muito difícil, mediante o exame das ruínas, saber se houve má execução por parte da empreiteira. Contudo, do que se examinou, concluímos que, no que toca as dimensões tanto da seção transversal, como da espessura do Manto de Gabião ou da granulometria das pedras, houve cumprimento das especificações do projeto

Não houve nenhuma censura, também, por parte da fiscalização, no Diário de Ocorrência, quanto às qualidades da execução dos materiais e empregados. Houve, contudo, desmoronamentos de dois aterros de taludes, o que pode ser explicado na R-7 seguinte. 

Q – 7. Quais as especificações de projeto para a compactação dos aterros dos taludes e regularização do fundo e como foram cumpridas pelo Consórcio Seu Lar - Araguaia?

R – 7 – De acordo com o projeto a compactação dos aterros dos tabules deveria ser executada atendendo-se o teor da umidade ótima dos materiais em relação ao ensaio Proctor normal, tolerando-se um desvio de mais ou menos 2% daquele valor. O valor mínimo a ser obtido no grau de compactação seria de 95%, valor este referido ao ensaio Proctor normal.

– Fizemos 10 furos ao longo de toda obra em ambas as margens e os resultados, como podem ser comprovada no anexo, foram as seguintes: - Os furos 03, 05, 06, 07, 08, e 10 obedecem ao desvio de mais ou menos 2%, o que não ocorreu com os demais.

- Quanto ao mínimo de 95%, não obedeceram  os furos 01, 02 e 04. Estes resultados, apesar de indicarem uma compactação um pouco abaixo da desejada, não podemos garantir que a causa das rupturas tenha sido a falta de compactação dos aterros:

1º - Por que onde os danos foram maiores não estão  onde os índices de compactação foram mais baixos;

2º - Um aterro para se desfazer teria que ter um grau de compactação da ordem de 85% a menos, sendo que o menor grau medido foi de 90%. Ora apenas 2 pequenos aterros se desfizeram.

Quanto ao fundo, diz o projeto: “Executada a escavação deve ser procedida uma regularização e compactação do terreno no fundo e taludes do canal, de forma tal que o revestimento seja executado em condições adequadas. Apenas isto, quer dizer nada! 

Em relação à regularização, temos o dever de relatar uma observação feita por nós e por um técnico em construção de gabiões dois anos na (Hidroelétrica de Itaipu), que foi laboratorista da Prefeitura durante a obra em questão: quando um talude tinha o seu Manto de Gabião desligado para um canto do fundo, deixava a nu os graus da compactação, o que denunciava a falta de regularização do mesmo. Ora, sendo plana a superfície interior do Manto do Gabião, entre a mesma e os degraus da compactação, teria de haver matéria solta, não compactada, que teria que ser eliminada na regularização. Um trator com lâmina de inclinação do talude poderia muito bem ter executado esta regularização, importante para a fixação do Manto de Gabião no solo do aterro. A matéria solta existente entre este manto e os degraus da compactação facilitou o trabalho de infiltração das águas pluviais, que resultou no desprendimento dos mantos precariamente afixados nos taludes. Estes fatos são vistos em inúmeras fotografias (algumas neste anexo). 

Q – 8. As firmas do referido Consórcio tem algum “Know how” “sobre processo Gabião”?

R – 8. A firma Seu Lar não possuía, na época, “Know how” sobre o processo Gabião. Quanto a Araguaia, é de meu conhecimento que a mesma executou uma obra de gabiões para a firma CICA em Jundiaí-SP. 

Q – 9. Algum(s) engenheiro(s) do Consórcio ou da Prefeitura emitiu (ram) alguma opinião sobre a causa ou as causas das rupturas ocorridas na fase de construção? Você concorda ou não? EM caso afirmativo, explique por que.

R – 9. A voz corrente de todos os engenheiros que trabalharam na construção ou na fiscalização é a de que as chuvas fortes é que foram as causas do desastre. Muito bem, concordo, foram as chuvas mesmo. Mas, agora eu pergunto: É sensato considerar normal uma obra sofrer avarias na primeira chuva, sofrer danos consideráveis na primeira estação chuvosa e entrar em processo de total decomposição nas estações seguintes? Uma obra que, pela previsão do projeto deveria durar pelo menos dez anos e no prazo de dois anos entra em ruína, está certo? Claro que não! As chuvas são causas imediatas, mas as causas verdadeiras serão enumeradas na resposta da última pergunta.

Q – 10. Os fatos ocorridos, tanto durante quanto logo após a construção da obra, indicam que os estudos hidrológicos e geotécnicos estão equivocados ou que estes fatos (que causaram a total ruína da obra) foram causados pela má-execução da obra?

R – 10. Em respostas anteriores já esclarecemos que estão equivocados os estudos hidrológicos, mas não os geotécnicos e que houve algumas falhas na execução da obra, tais como uma compactação um pouco aquém da exigida e a falta de regularização do aterro dos taludes.

Apesar destas falhas de execução, o dimensionamento do projeto, baseados nestes “estudos” hidrológicos, é que foram as principais causas das rupturas dos Mantos de Gabião.

Q – 11. A alegação das construtoras de que o projeto e a fiscalização, sendo da mesma firma (Consomap Ltda.), as isentam de responsabilidade, procede?

R – 11. Não, porque uma execução não obediente a todas as especificações constantes no projeto fica, implicitamente, responsável pelo insucesso da obra.

Q – 12. Algum esgoto sanitário que por ventura exista e despeja seus eflúvios sobre a obra foi à causa principal da ruína da mesma?

R – 12. Nem causa principal, nem causa secundária porque:

1º - Não havia, na época da construção, emissários em quantidade tal que comprometesse a integridade da tela contenedora dos Mantos;

2º - A construção dos dois interceptores paralelamente ao canal impediu, logo após a obra, qualquer emissão de esgotos sobre o canal, ora; as principais rupturas ocorreram logo após a entrega da obra, quando os interceptores já estavam concluídos; 

3º - Apesar de toda fiscalização da SAE, constatei a existência de um pequeno eflúvio de natureza sanitária, a margem esquerda, debaixo da ponte da Av. 7, mas que não despejava seus dejetos sobre qualquer Gabião. 

Planilha de orçamento, a título de curiosidade, caso a prefeitura resolvesse recuperar a obra mantendo o mesmo projeto. 

Q – 13. Há possibilidade de recuperação da obra? Em caso afirmativo, economicamente falando, valeria à pena?

economicamente falando, valeria a pena?

R – 13. Fizemos uma planilha de orçamento, a título de curiosidade, caso a prefeitura resolvesse recuperar a obra mantendo o mesmo projeto.

       Com os preços deste mês de dezembro do ano de 1991, a recuperação ficaria em Cr$ 791.285.600,00.

       Possibilidade de recuperação há, e fica neste preço. Tanto é que há, que foi feita poucos meses após a entrega da obra.

         Valeria à pena?

        Claro que não, pois, uma estação chuvosa, logo após a recuperação, danificou irremediavelmente a canalização, demonstrando, irrefutavelmente o absurdo que é este criminoso e desastrado projeto.  

Q – 14. Faça uma síntese completa, diagnosticando as causas da ruína e sugerindo a melhor atitude por parte da prefeitura a fim de não mais se sacrificar o Erário Público Municipal.

R – 14. Classificamos em duas categorias as causa da ruína da canalização do Ribeirão Pirapitinga:  

Causas Principais 

1 – Falta de adequação do revestimento “Manto de Gabião” para um canal destinado a escoar águas pluviais numa região que caminha aceleradamente pra um regime torrencial, onde as secas passam a ser cada vez mais prolongadas, e onde as chuvas, num período cada vez mais curto, passam a terem suas intensidades aumentadas, chegando, algumas vezes, a serem catastróficas!

2 – Insuficiência das dimensões da seção transversal do canal;

3 – Insuficiência de espessura do “Manto do Gabião”. 

Causas Secundárias  

1 – Falta de proteção contra as águas pluviais das ruas vizinhas tanto de margem, quanto da outra, pois a cidade não possui um sistema decente de galerias de águas pluviais;

2 – Falta de regularização das superfícies dos taludes e do fundo do canal;

3 – Falta de compactação em alguns pontos dos aterros, tanto da margem direita, quanto da margem esquerda.

A fim de não mais sacrificar o Erário Publico Municipal, humildemente, tomo a liberdade de sugerir a Prefeitura o seguinte:

1 – A não realizar qualquer obra de recuperação do canal, baseada em qualquer projeto, enquanto não se executar uma galeria de águas pluviais em todas as ruas contribuintes a esse trecho do canal; 

2 – A proceder às vésperas de toda estação chuvosa, há uma desobstrução preventiva do canal, a fim de atenuar as consequências danosas de possíveis enchentes;

3 – A procurar os engenheiros residentes em Ituiutaba quando for necessário qualquer projeto ou execução de obra. Temos três faculdades tecnológicas: Engenharia Elétrica, Agronomia e Processamento de Dados, que estão à altura de qualquer projeto técnico. Nossos engenheiros são requisitados por firmas importantes, tais como Eletro Norte, CELG, Furnas, CEMIG, CTBC e Eletropaulo. Todas as firma de fora, trazidas por políticos inescrupulosos, deram problemas a Ituiutaba.

Este laudo deve ser estritamente técnico, não devo me alongar mais, para não me tornar inconveniente.

                     Ituiutaba-MG, 06 de dezembro de 1991.

Assinado pelo engenheiro do CREA-MG 3068/D - Julmar Oliveira Diniz

 

Canalização Pirapitinga toda destruída - Foto tirada da Av. 17 em direção Av. 15, ao fundo vista parcial da cidade

 

     Falar mais o quê, depois de tudo que este laudo esclarece. Veja bem, “desastrado e criminoso”, é a conclusão técnica sobre esse famigerado Projeto Cura que tanto prejuízo causou ao povo de Ituiutaba e que quase conseguiu destruir a minha vida e que tanta humilhação causou aos meus familiares.

     Veja o parecer individual que apresentei na Câmara Municipal sugerindo que fosse esse laudo encaminhado à Promotoria Pública para responsabilização jurídica dos envolvidos e responsáveis pela obra de canalização do Ribeirão Pirapitinga.

     “A perícia sobre as diversas rupturas e os vários desmoronamentos do sistema de canalização construído no Ribeirão Pirapitinga, efetuada pelo engenheiro Julmar de Oliveira Diniz, nós da conta de que:

     - Os projetos geotécnicos e hidrológicos relativos à obra foram a principal causa do seu insucesso, principalmente são absolutamente inadequados às peculiaridades, seja quanto às condições hidrográficas daquele curso de água, seja no que se refere às características de recepção pluvial da região onde se encontra.

     - Em razão disso, o sistema de revestimento de “manto de Gabião” é inteiramente contra indicado para a canalização que ali deveria realizar-se.

     - Tanto assim é que o sistema, como um todo, ruiu fragorosamente com a chegada das primeiras chuvas.

     Mesmo assim, a administração pública municipal, de forma temerária e irregular, contratou a própria empreiteira executadora das obras para construí-la de acordo com os mesmo inadequados projetos originais:

     Resultado: novas rupturas, novos fracassos e, sobretudo, mais um imenso e irreparável prejuízo ao Erário do Município.

     Por todos esses motivos, entendemos que a administração do município deve determinar, imediatamente, a responsabilização jurídica daqueles que respondem técnica e legalmente pela obra, tudo em consonância com o laudo pericial examinado.

Ituiutaba, 26 de junho de 1992

Hairton Dias da Silva

Vereador

 

Capítulo XLI

 

Vereadores não tomam nenhuma posição diante

do Laudo Técnico que condenou a

obra de canalização

 

Populares fizeram essa inscrição em substituição a placa de inauguração que foi retirada, que considerava essa obra eterna

 

     O Laudo Técnico produzido pela empresa do engenheiro civil Julmar de Oliveira Diniz condenou a obra de canalização do Ribeirão Pirapitinga, a considerando de desastrada e criminosa, em outras palavras, indicando que seus construtores deveriam ser responsabilizados civil e criminalmente devido às inúmeras falhas apontadas na execução da obra, vindo de encontro às denúncias que fiz, que haviam mudado o Projeto Cura.

     A mesa da Câmara somente recebeu o referido Laudo, sem que tomasse uma posição diante do exposto. Como transcrevi anteriormente, dei um parecer individual para que fosse notificado o principal resposável pelo projeto, prefeito Romel Anísio Jorge, que até aquela data não havia tomado nenhuma atitude para esclarecer as denúncias que fiz, que agora, diante de um Laudo Técnico agisse no sentido de responsabilizar-se e punir os culpados por uma obra considerada desastrada e criminosa (Era querer demais, pois o responsável direto pelas ações executivas é o prefeito e ele jamais iria assumir essa responsabilidade). Simplesmente, a maioria dos vereadores que compõem as bancadas no legislativo nesse período fez vistas grossas ao Laudo e ao meu parecer individual, sobre o pedido que fiz a Câmara, para que o Laudo fosse encaminhado a Promotoria Pública, para que os responsáveis fossem punidos, já que o prefeito, mais uma vez através do silêncio, deixava claro mais uma vez, que não ia agir com relação ao que foi denunciado desde a concepção desse famigerado projeto, que tantos prejuízos havia causado ao Erário Público e ao povo de Ituiutaba,sem falar que em função do processo que sofri, eu e minha família fomos execrados durante a vigência do processo, que durou quase três anos, por várias pessoas da população e por essas pessoas chamados pró-homens da política de Ituiutaba, que usaram e abusaram do Poder, como se pudessem fazer e desfazer desse poder, estarem acima do bem e o mal. Se esquecendo, porém, lembrando que a responsabilidade maior pela obra, era dele prefeito de Ituiutaba! Por isso sugeria a Câmara que o laudo com a prerícia fosse encaminhado a Justiça de Ituiutaba.

     Até hoje o Laudo está arquivado nas gavetas empedernidas da Câmara Municipal de Ituiutaba, face à falta de atitude de homens que nasceram para obedecer, não sei, se guiados ou teleguiados, homens que se omitiram para agradar aos seus chefes, que tanto prejuízos causaram, e estão causando até hoje, ao povo bom de Ituiutaba.

     A famigerada obra, do Projeto Cura Piloto de Ituiutaba está toda destruída, são três mil, cento e cinquenta (3.150) metros de canalização feita pelo sistema “Manto de Gabião”, se for feita novamente aos preços praticados pela Construtora Ferreira Lima, que canalizou a partir de 2009, quinhentos e oitenta e quatro (584) metros lineares do Córrego São José, que custou naquela hora aos cofres públicos R$ 7.756.232,50, canalização feita pelo sistema caixote, toda concretada – custaria com a inflação que esta versando no país, quase de R$ 50.000.000,00, ao povo de Ituiutaba. Esse é o tamanho do prejuízo que os pró-homens, que até hoje vivem passando por bonzinhos deram a esta cidade e ao seu povo.

 

Capítulo XLII

 

     Grupo dos onze poderia ter elegido

prefeito deItuiutaba, em 1992

 

Hairton Dias e Guilherme Franco Junqueira participando de Congresso em Brasília

 

     Antes da eleição de 1992, que elegeria o próximo prefeito desta cidade, a política de Ituiutaba mostrava a forte influência dos caciques que dominavam a política local e que não perdiam a oportunidade de impor seu domínio sobre aqueles que por ventura tentasse por em risco esse domínio, isto porque no final de 1991, quando a Câmara Municipal elegeria seu próximo presidente, naquela oportunidade por iniciativa de alguns vereadores, da qual eu fiz parte, foi criado o grupo dos onze, integrado pelos seguintes vereadores: Eu, Hairton Dias, Guilherme Franco Junqueira, José dos Santos Vilela Junior (Jucão), Vânia Morais Jacob, Walter Arantes Guimarães, Carlos Melo, Valmir José Fonseca França, Anagê da Silva Moura, Neuza dos Reis Domingues, Ricardo Abalém e José Barreto Miranda.

Os manda chuva da política desta cidade, liderados pelo ex-prefeito Samir Tannus, prefeito Romel Anísio Jorge, Gilberto Severino, Geraldo Luiz e Zé Cury, estavam com a orelha em pé, alguns estavam até perdendo o sono de preocupação com o que poderia acontecer no futuro se esse grupo continuasse existindo e desvinculado politicamente desses caciques.

Esse grupo de vereadores liderados por mim, pelo vereador Guilherme Junqueira e Vânia Jacob reuniu-se por diversas vezes, quando era tratado assunto de interesse da comunidade, como também, o futuro político desse grupo, já que no ano seguinte, ou seja, em 1992, haveria eleição para prefeito e vereador.

Chegou ao conhecimento dos chefões da política, que o nosso grupo poderia, inclusive, criar um novo partido, para disputar às próximas eleições, o que poria em risco o domínio desses políticos nesta cidade e região. Então, iniciou-se a partir desses comentários uma observação e um acompanhamento mais de perto desses políticos, junto aos integrantes do grupo dos onze.

Isso foi materializado quando da escolha no novo presidente da Câmara. Por unanimidade nos escolhemos o vereador Guilherme Franco Junqueira, para encabeçar uma chapa que disputaria a presidência do legislativo, eu fui indicado para ser o vice-presidente, o vereador Carlos Melo, primeiro secretário e Walter Arantes, segundo secretário. Ao tomar conhecimento da formação dessa chapa eu fui procurado, pelo ex-deputado Federal Samir Tannus, naquela oportunidade estava acompanhado pelos ex-vereadores, Gabriel Palis, José Arantes e pelo vereador Sebastião Luiz Mamede.

 Foram me propor formar outra chapa, que seria constituída pelos seguintes vereadores: presidente Vânia Morais Jacob, vice-presidente eu, Hairton Dias, Secretário Carlos Melo, segundo secretário Ricardo Abalém. Vejam bem, não tiveram a habilidade, nem de me oferecer à presidência, que poderia se eu fosse ambicioso e sem posição política, até quem sabe, mudar de opinião com relação à chapa da qual eu fazia parte, que saiu do grupo dos onze, mas não, o negócio era eleger quem eles queriam e podia manipular.

Aquela proposta era no meu entendimento uma forma de desestabilizar de vez o grupo dos onze e acabar de vez com qualquer pretensão futura de qualquer um de seus integrantes de se tornar independente da política praticada por eles. Não aceitei a proposta que já havia sido feita ao vereador Carlos Melo, que disse a eles, que aquele tipo de proposta deveria ser feita primeiro a mim, pois eu era um dos líderes do grupo dos onze e o que eu decidisse ele assinaria em baixo. A minha recusa de não participar daquele complô para derrubar o vereador Guilherme Franco Junqueira da presidência da Câmara deixou irritado o ex-deputado Samir Tannus, que afirmou: “assim não tem jeito de fazer política não”. Despediu-se de mim com os demais e foi embora.

Depois desse episódio nos reunimos para reafirmar a posição do grupo e consolidar sua existência, com a eleição da futura mesa da edilidade tijucana. Isso realmente aconteceu, no dia 1º de janeiro de 1992, nos elegíamos para presidir os destinos da Câmara Municipal de Ituiutaba a seguinte mesa diretora: Presidente Guilherme Franco Junqueira, vice-presidente Hairton Dias da Silva, 1º secretário Carlos Melo, 2º secretário Walter Arantes Guimarães. Assim, com a eleição dessa mesa diretora, integrantes do Grupo dos Onze, nós mandamos um recado aos caciques da política local, que não aceitávamos interferência deles nos assuntos da Câmara Municipal e nem no Grupo que havia se consolidado com a eleição do vereador Guilherme Franco Junqueira para presidente. Mas isso acarretaria enorme prejuízo político para mim em minhas pretensões políticas futuras, ou seja, de me candidatar a prefeito de Ituiutaba, como vocês verão.

Passado a eleição da mesa diretora da Câmara, o legislativo seguia seu curso normal de reuniões, porém nos bastidores políticos iniciava-se os entendimentos para lançamento de candidatos a prefeito, vice e chapa de vereadores. Era a grande oportunidade do Grupo dos Onze manter unido e eleger o próximo prefeito e uma forte bancada de vereadores, mas para isso acontecer realmente era necessário que os vereadores fossem de verdade independentes dos chamados caciques da política desta cidade, coisa impossível de acontecer, pois o que estava em jogo naquela hora, era a reeleição de cada um dos vereadores que integravam esse nosso movimento político formado só de vereadores. Tinha chegado a hora dos chamados caciques políticos cobrar daqueles vereadores sua desobediência, por formação do grupo dos onze e pela eleição de um candidato escolhido por seus integrantes. Ninguém topou a briga, todos se encolheram diante do mandario destes pseudos chefes.

Não me intimidei com o fim do grupo dos onze e continuei lutando por meu ideal, mesmo porque aquele movimento era supra-partidário e não tinha nada a ver com a minha pretensão, de quem sabe, naquela eleição que se avizinhava sair candidato a prefeito de Ituiutaba.   

  

Capítulo XLIII 

 

1992 - Ano Eleitoral

 

     Bem, diante de tudo que vivi não adiantava ficar chorando o leite derramado, porque a vida continua. Era preciso continuar lutando, tocando em frente à vida e o nosso ideal político. A história se incumbiria de julgar e punir as omissões ocorridas durante esse período difícil que eu vivi nesta cidade, e que os culpados não foram penalizados por seus erros.

     O ano de 1992 iniciava para mim com muita expectativa, porque era um ano eleitoral, uma grande oportunidade para mudar as coisas erradas que haviam acontecido num passado recente e pôr em prática o projeto que me levou a entrar um dia na política e disputar um cargo público. Havia chegado a hora; agora, mais do que nunca, era o momento certo para disputar a minha indicação como candidato a prefeito.

     As referências não eram boas, porque todas as vezes que precisei dos meus “companheiros” de partido fui abandonado. Porém, como sou persistente, não desisto nunca, iria tentar, quem sabe pela última vez, merecer o apoio daqueles que durante uma vida receberam tudo de mim, a minha lealdade, o meu companheirismo, respeito aos estatutos e princípios do partido e ao seu código de ética.

     Procurei a direção do PMDB, agora sob a presidência de Gilson Lucas Lima, e demonstrei a minha intenção de ser o candidato do partido nas eleições daquele ano. A princípio, recebi aprovação para que fizesse trabalho visando concretizar esse ideal. Entendia ser a grande oportunidade de minha vida política, porque desde que entrei para a vida pública sonhei um dia disputar o cargo de prefeito de Ituiutaba e, se eleito fosse, retribuir a esta cidade tudo o que ela tinha me dado ao longo dos trinta e quatro anos que nela vivia.

     Fiquei entusiasmado, e, mais do que nunca, levei a sério o meu quarto mandato de vereador. Para evitar qualquer tipo de surpresa quando da escolha dos candidatos a prefeito, vice e vereadores, na convenção que seria realizada na segunda quinzena de junho, sugeri à executiva do partido que fizesse uma prévia eleitoral para todo aquele que tivesse pretensão de ser candidato a prefeito, do partido, pudesse ter seu nome avaliado pelos companheiros e pelos eleitores.

     A executiva do partido topou fazer à prévia. Cinco nomes foram indicados pela executiva pra integrar a lista de possíveis candidatos a prefeito: Anagê da Silva Moura, Hairton Dias da Silva, Luziano Justino Dias, José Cury e Manoel Carolino de Paiva. A prévia foi realizada no início do Mês de maio. Foram ouvidos, entre companheiros e eleitores de um modo geral, 2.200 eleitores, eu consegui 89% de aprovação, que me indicavam para ser o candidato do PMDB naquelas eleições, a serem realizadas no mês de novembro de 1992. Eu tinha um passado de luta, uma história partidária, fui um dos fundadores do MDB/PMDB, tinha várias realizações como vereador e, acima de tudo, posição política, que me credenciavam, realmente, a ser o candidato do partido.

     A convenção foi marcada, seria realizada no último domingo do mês de junho. Estávamos apenas a um mês da realização da referida convenção e tudo indicava que eu seria o candidato a prefeito do PMDB. Vejam bem como é a política e como são aqueles que a praticam. Por falta de pulso ou por má fé do presidente do PMDB, iniciou-se um movimento fora das hostes do partido, para lançar a candidatura do “companheiro” José Cury para ser o candidato do PMDB. Desse movimento participaram: o próprio Zé Cury, Samir Tannus, Romel Anísio Jorge, Gilberto Severino, Geraldo Luiz, com a aquiescência da presidência do partido.

     Uma das estratégias usadas para desmobilizar a minha candidatura era que eu não tinha dinheiro para gastar na campanha. Foi isso realmente que usaram para convencer os sessenta (60) candidatos a vereadores da coligação que apoiaria a minha candidatura, afirmando que se eu fosse indicado candidato, além de não ter dinheiro para fazer minha campanha; eles, candidatos a vereadores, teriam que gastar dinheiro do bolso para patrocinar a minha candidatura a prefeito, além das suas próprias candidaturas.

     Aí começou uma pressão violenta para que eu desistisse de ser candidato, muitos alegavam que eu seria abandonado no meio da campanha e que seria ridicularizado pelos meus próprios “companheiros”. Todos que se posicionavam contra a minha candidatura, temiam que, se eu fosse eleito, muitas cabeças iriam rolar e muita gente desmascarada, e por isso se juntaram para me combater.

    Na verdade eu não dispunha mesmo de recursos financeiros para bancar essa candidatura, nem a candidatura dos vereadores, mas era responsabilidade do partido bancá-las. Eu não tinha dinheiro, mas tinha ideal, projeto, vontade de servir esta cidade e ao seu povo. Sem poder contar, mais uma vez, com a ajuda de meus “companheiros” do PMDB, que em momento algum tiveram a coragem de dizer que me apoiariam de qualquer forma, com dinheiro ou sem ele; de livre é espontânea pressão de todos os lados fui obrigado a tirar meu nome da disputa, de uma possível candidatura a prefeito.

     Observe bem, o tempo passou, mas o comportamento dos homens que integravam o PMDB de Ituiutaba era o mesmo: omissos, interesseiros, subservientes, mandados por coronéis que infelizmente manipulavam a política de Ituiutaba naquela hora. Homens que não aceitavam novas lideranças, e que, por terem dinheiro, imaginavam que podia mandar no ontem, no hoje e no amanhã das pessoas.

     Como estava previsto por eles, o Zé Cury foi indicado na convenção do PMDB, como candidato a prefeito, segundo eles “por ser empresário e por ter dinheiro para gastar na campanha”.

     Infelizmente, tive que adiar meu sonho de ser candidato a prefeito, mas entendia, não podia sair da vida pública, pois tinha um sonho, um ideal, ser prefeito de Ituiutaba e por em prática um projeto que iria mudar a fisionomia social e econômica desse município, que até então foi governado por homens que mais pensaram em si do que no povo desta cidade; um governo que resgatasse a autoestima dessa gente – que apenas queria ter o direito de ser feliz –, e que colocasse em prática um projeto que contemplasse o desenvolvimento integrado e sustentável do município, na saúde, educação, segurança, esporte, lazer, meio ambiente e desenvolvimento social. Preparar a cidade, com a expectativa de investimento de empresários, que iríamos convidar para vir conhecer as nossas potencialidades. Planejar para desenvolver. Por todos esses motivos, sai candidato mais uma vez a vereador, com o pensamento de que se me reelegesse teria ainda mais uma chance de no futuro ser candidato e por em prática esse projeto.

 

Capítulo XLIV

 

Quem parecia ser não era e mais uma vez fui

preterido pelos meus próprios

“companheiros” do PMDB

 

     Como já é do conhecimento de todos, não tive como disputar a convenção do PMDB como candidato a prefeito devido à forte pressão da qual fui alvo antes da convenção do partido, em que o nome do Zé Cury foi homologado como candidato, ele que na prévia realizada teve a maior rejeição e foi o nome menos citado pelos peemedebistas e eleitores de Ituiutaba. Só os meus companheiros não viram isso ao lançá-lo candidato a prefeito, com a desculpa de que ele tinha dinheiro.

     Fui obrigado a tirar meu nome da disputa, segundo dirigentes partidários por não ter como bancar a campanha, mais isso era tudo mentira, pois na verdade fui alvo de uma trama bem arquitetada pelos meus adversários, com a aquiescência dos meus “companheiros”, que deu certo. Sabe por quê? A primeira coisa que o senhor Zé Cury disse depois de ser indicado candidato, foi que não tinha dinheiro para ajudar ninguém, inclusive, disse isso para mim pessoalmente. Foi tudo uma grande farsa para me impedir de ser prefeito de Ituiutaba, pois acredito, com toda força de minha alma e de meu ideal, que eu seria eleito, devido as minhas posições tomadas em defesa do povo e pelos trabalhos por mim realizados nos meus mandatos de vereador.

      Mas o pior ainda viria, em uma campanha em que o Poder econômico falou mais alto, com a compra de votos, eu que estava cotado para ser prefeito perdia inexplicavelmente a eleição para vereador. A pesquisa que havia sido feita em que me indicava como um dos favoritos a ser eleito prefeito serviu de informação para meus adversários, oferecerem vantagens aos meus eleitores residentes em vários bairros, que eram meu reduto eleitoral.

     Perdi a eleição, mas não perdi a dignidade e nem a minha autoestima. Saí de cabeça erguida do ginásio Poliesportivo Municipal, onde havia sido feita a apuração daquela eleição, sob olhar sarcástico de meus adversários. Eles estavam felizes porque finalmente conseguiram me derrotar. Mas aqueles que haviam me sabotado, quando indicaram o nome de Zé Cury para ser o candidato do partido, estavam irremediavelmente no fundo do poço, porque o candidato deles havia perdido a eleição, porque não tinha projeto, nunca tinha sido candidato a nada, simplesmente ficou em último lugar, tendo a candidata do PT, Ednair Muniz, ficado em segundo lugar, diga-se de passagem, se ela tivesse uma semana a mais de campanha, teria vencido a eleição. Que foi vencida pelo médico, ex-secretário de Saúde, Dr. João Batista Arantes da Silva, pertencente ao PDS, ao grupo dominante desde 1983.

     A partir de minha derrota, daquele instante para frente eu tinha a convicção de que as coisas ficariam muito difíceis para mim, o sonho de ser candidato a prefeito, agora, tinha ficado mais longe, sem mando político na mão não seria fácil conseguir reestruturar o partido que continuava sob a presidência de Gilson Lucas de Lima, que havia praticamente entregado de bandeja a possibilidade de fazer o prefeito naquela eleição, não sei a que preço.

    Só me restava uma coisa a fazer, a partir daquela derrota eleitoral, esperar para ver o que iria acontecer e aguardar outra oportunidade, quem sabe, encontrar outras cabeças dentro do partido que me ajudasse a realizar o meu sonho, ser candidato do partido e pôr em prática tudo o que idealizei para essa querida terra que um dia me adotou como seu filho, algo que muito me honrou.

     “Descobri durante os meus anos de militância política, quem é honesto em política tem vida curta nessa área, porque parece que ninguém gosta e nem apóia político honesto. Será por que hein”?

 

Capítulo XLV 

                               

 Segue abaixo os principais trabalhos e projetos

de autoria do vereador Hairton Dias,

que marcaram sua difícil, mais honrada

e gloriosa carreira política em defesa

do povo, como seu representante na

Câmara Municipal de Ituiutaba:

 

 

 - Atuou como segundo secretário, Secretário, vice-presidente e presidente interino da Câmara. Integrou todas as comissões da Câmara, como presidente, relator ou membro de comissão.

 - Participou da fundação do MDB/1969 e PMDB/1979; 

 - Ajudou a comandar todas as campanhas do PMDB de 1970 até 2008;

 - Participou de vários congressos representando a Câmara e seu partido MDB/PMDB;

- Levou o PMDB a todos os bairros da cidade em trabalho pessoal e através do Rádio; 

 

Rui Drummond 1º presidente do MDB e o ex-vereador Hairton Dias 

 

 - Conseguiu junto ao Ministério da Saúde, contando com a participação do Dr. Sebastião Alves Carlos Grilo, ex-secretário de finanças do MS, recursos que resultou na instalação do Banco de Sangue de Ituiutaba (Hemocentro), que era uma necessidade premente dos hospitais e da população que dependia desse sangue de qualidade para sobreviver, conseguiu também o Centro de Controle de Zoonoses, importante para o controle das doenças animais, (aprovado);

 

Ver. Hairton Dias discursando no dia da inauguração do Hemocentro (Banco de Sangue) conseguido por ele para Ituiutaba

 

 - Fez trabalho de base e indicação a todas as administrações, no período em que foi vereador e conseguiu extensão de redes de água, esgoto, energia elétrica, asfalto, posto de saúde e quadras poliesportivas e postos policiais para nossos bairros (aprovado); 

 - proposição que defende o crescimento físico da Ituiutaba, através da modernização de seus códigos de Postura, Obras e Edificações, Plano Diretor e do Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, planejando a cidade para a entrada do terceiro Milênio. Tendo apresentado vários projetos de proteção ambiental, como preservação dos recursos hídricos, das nascentes dos córregos com a proteção da mata ciliar para preservar as nascentes de água;

 - Projeto que concedeu título de cidadania a dupla sertaneja Tião Carreiro e Pardinho, em agradecimento a divulgação nacional da nossa cultura popular e pela música em homenagem a nossa cidade, denominada: “Saudade de Ituiutaba”, sucesso em todo País (aprovado);   

 - Criou e realizou com o apoio da Fundação Cultural, Encontro Regional de Catira em 2008 e 2009, reunindo catireiros de vários estados brasileiros;  

  - Criou e realizou com o apoio da administração do prefeito Públio Chaves, o Canto de Ituiutaba, de 1998 a 2004, provendo cultura através da realização de Festival de Musica Sertaneja e MPB. Em 2008 participaram desse evento 15 estados brasileiros (aprovado);  

- Proposição ao executivo para aquisição de patrulha mecanizada para prestar assistência às estradas rurais do município facilitando o escoamento da produção(aprovada);

 - Proposição para aquisição de Centro de Informática para instalação nas escolas da rede municipal (aprovado). 

  - Proposição para aquisição de uma usina de asfalto pela Prefeitura para facilitar a pavimentação de bairros onde os moradores não dispõem desses recursos para pagar esse importante benefício; ficou em estudo.  

  - Proposição ao executivo em quase todos os anos de seu mandato para criação e implantação da Terminal de Transporte Coletivo Urbano;

  - proposição para implantação de hortas comunitárias para produção de hortaliças e como estímulo ao micro e pequeno produtor rural na produção de hortifrutigranjeiros no município, como instrumento de geração de divisa e melhoria de qualidade de vida da população (aprovado);

  - Proposição aos governos municipal e estadual para implantação de consultório oftalmológico para atender a população carente e crianças na idade escolar (aprovado);

- Projeto autorizando o Executivo a construir as praças, dos Bairros Bela Vista - Antônio Cardillo e Hilarião Rodrigues Chaves - Bairro Ipiranga, ambas com quadra poliesportiva ( aprovado e construídas);

- Projeto para construção de cinco Postos Policiais, em pontos estratégicos para inibir a ação de marginais (atendido);

- Projeto que proíbe a mudança de nomes de ruas, a não ser que sejam consultados os seus moradores;  - Aprovou projeto que obriga quem for fazer loteamento instalar rede de água, esgoto, energia, prática pouco comum até a aprovação desse projeto (aprovado);

 - Em 1978, se posicionou corajosamente em favor das famílias que perderam seus entes queridos no acidente com caminhão de Bóia Fria, que caiu em uma represa na Fazenda das Palmeiras, sem que ninguém quisesse se responsabilizar pelo fatídico e macabro desastre em que vitimou 38 trabalhadores rurais, exigindo a ação da FETAEMG – Federação dos Trabalhadores da Agricultura de Minas Gerais, em defesa dessas famílias;

 - Através de projeto denominou os bairros Ipiranga, Universitário e Jerônimo Mendonça, este último em homenagem ao grande líder espiritual, Jerônimo Mendonça, que durante sua vida dedicou trabalho em favor das pessoas menor favorecidas, especialmente as crianças (aprovado);

 - Apresentou projeto concedendo título de Cidadania Honorária de Ituiutaba, ao cantor Roberto Carlos, pelos relevantes serviços prestados na área social. Roberto Carlos destinou recurso para construção da Creche Pouso do Amanhecer no Bairro Natal, a pedido de Jerônimo Mendonça (aprovado);

 - Teve participação importante na elaboração da Lei Orgânica do Município de Ituiutaba, promulgada em 21 de abril de 1990, tendo apresentado 56 emendas, das quais 26 foram aprovadas. Esteve presente em todas as audiências públicas realizadas no recinto da Câmara e fora dela;

 - Votou contra a aposentadoria de vereadores em 1989, com seu voto derrubou o projeto, portanto votou contra sua própria aposentadoria. Vale à pena salientar, segundo sua própria explicação, por uma questão de consciência, porque o trabalhador comum se aposenta após 35 anos de contribuição com a Previdência e o projeto de aposentadoria da mesa da Câmara vereadores se fosse aprovado, os edis de Ituiutaba aposentariam a partir de um mandato, ou seja, 04 anos, com aposentadoria proporcional. Sobre esse assunto, sabe o que aconteceu depois dessa sua posição ajudando derrotar o projeto de aposentadoria dos vereadores de Ituiutaba. Várias pessoas lhe disseram ao saber de seu voto e de sua posição contra a aprovação desse projeto. “Você é trouxa mesmo hein, você votou contra sua própria família”!

 - Nunca empregou parente na prefeitura durante o período em que foi vereador;

  - Esteve presente a todas as reuniões da Câmara, sendo frequentador permanente de sua Tribuna, onde intransigentemente se transformou no grande defensor das causas populares, se posicionando sobre tudo e contra a corrupção e a impunidade, que versou na administração pública nesta cidade;

   - Autor do projeto que criou o Banco de Olhos de Ituiutaba, ainda em fase de regulamentação;

  - Sugeriu por indicação ao então governador de Minas, Francelino Pereira a criação estadual e financiamento de uma horta em cada quintal, projeto acolhido pelo governo e posto em prática em todas as cidades do estado; 

  - Fez trabalho junto a CTBC e instalou Telefones Públicos em todos os bairros de Ituiutaba;

 

Projeto de minha autoria - Construção da Escola Municipal Francisco Antônio de Lorena, na Vila Miisa

 

- Apresentou projeto que foi acolhido pelo então prefeito, Acácio Cintra que resultou na construção e instalação das escolas municipais, Aída Andrade Chaves do Bairro Satélite Andradina e Professor, Francisco Antônio Lorena, na Vila Miisa; Pedro Fenelon (extinta) no Bairro alvorada, Conjunto Avanhandava no prédio funciona hoje CRAS Juraci Furtado, antigo SOS, órgão que o vereador trouxe de Poços de Caldas, para cuidar às famílias carentes.

 

Escola Municipal Aída Andrade Chaves - Construída no Bairro Satélite Andradina graças a projeto de minha autoria

 

  - Apresentou mais de 10 indicações e fez vários pronunciamentos na Tribuna da Câmara para construção de Ginásio Poliesportivo Municipal de Ituiutaba, que só foi construído graças à criação dos Jogos Estudantis nesta cidade, por ele vereador Hairton Dias;

  - Fez 16 indicações para construção e implantação do Pronto Socorro Municipal (aprovadas e atendidas);

  - Conseguiu através de Indicação junto a Secretaria de Estado da Educação a instalação do 2° Grau para a Escola Estadual Coronel Tonico Franco ( participação do deputado estadual Luiz Junqueira);

  - Sensibilizou o governador, Tancredo Neves, através de indicação e abaixo assinado que contou com assinatura de dois mil (2000) pais, alunos e professores, para construção de prédio e instalação da Escola Estadual Pe. João Avi, hoje Escola Municipal Manoel Alves Vilela, do Bairro Pirapitinga;

  - Conseguiu através de Indicação junto ao Ministério da Agricultura, contando com a ajuda do Dr. Marcio Dias Moreira, a instalação em Ituiutaba de uma Vaca Mecânica – Fábrica de Leite de Soja, para distribuição na merenda escolar e nas creches, (infelizmente desativada).

  - Conseguiu através de Indicação e gestões junto a Secretaria do Interior e Justiça do Estado de Minas Gerais, a instalação em Ituiutaba, da Defensoria Pública, em 1975, tendo como primeiro defensor público, José dos Santos Vilela Junior (Jucão);

 - Criou o SOS – Serviço de Obras Sociais, hoje CRAS, funcionando pioneiramente no Bairro Alvorada (Conjunto Avanhandava);

 - Aprovou Lei que igualou a aposentadoria dos servidores municipais (homens 70 anos de idade e mulher aos 65 anos de idade) aos contribuintes do INSS (homens 65 anos de idade e mulher aos 60 anos de idade) e 30 e 35 anos de contribuição (projeto aprovado);

 - Criou a Lei do Passe Escolar – Lei nº 1919, de 1º  janeiro de 1980, que concede 40% de desconto aos estudantes no uso do transporte coletivo urbano para ir para escola e vice versa (projeto aprovado); 

- Criou e realizou os Jogos Estudantis de Ituiutaba por vários anos, integrando a juventude estudantil através da prática sadia do esporte; um dos maiores instrumento de inclusão social de Ituiutaba, por contribuir para o retorno a sala de aula de meninos e meninas que pararam de estudar (aprovado);  

 - Fundou 33 sociedades de bairros, organizando os moradores dos bairros para melhor reivindicar seus direitos, trabalho esse realizado durante muitos anos junto aos bairros da cidade (aprovado);

 - Por todos esses trabalhos prestados ao povo de Ituiutaba, foi considerado pela imprensa local e pela opinião pública, como sendo o mais atuante vereador da Câmara enquanto exerceu o mandato de vereador. Pelos seus trabalhos em favor do desenvolvimento do Município recebeu da Câmara Municipal o Título de Cidadão Honorário e da administração Gilberto Severino, a Comenda de São José do Tijuco. 

 

XLVI

 

 Principais denúncias que fiz exercendo o

direito constitucional de fiscalizar os

atos do executivo e a melhor

aplicação do dinheiro público

 

 01 – Denúncia de mudança na implantação do Projeto Cura, movido por interesses escusos;

 02 – Tráfico de influência na administração realizada de 1983 a 1988; 

 03 – Empreguismo, inchaço da máquina administrativa com fins eleitoreiros;

 04 – Aprovação de loteamento sem qualquer tipo de infra-estrutura, Santa Edwiges, para beneficiar apaniguados políticos, deixando a responsabilidade do pagamento da extensão das infra-estruturas, redes de água, esgoto, energia e pavimentação para o povo e para as futuras administrações, isso aconteceu de 89 a 92 (votou contra);

 05 – Criação da indústria da miséria pelo grupo no Poder nos últimos 10 anos, de 83 a 92, através de um clientelismo e assistencialismo, à custa do contribuinte, sem criar perspectivas de desenvolvimento;

 06 – Uso de dois pesos e duas medidas na cobrança do IPTU para uma elite privilegiada que não pagava imposto, enquanto os pobres e trabalhadores passavam dificuldades para pagar em dia e nada era feito para cobrar dos ricos, de 83 a 92;

 07 – Uso de máquinas da Prefeitura para beneficiar empresas e elementos pertencentes ao Grupo no Poder. De 83 a 88.

 08 – Gasto de milhões de cruzeiros em propaganda sem ter nada que mostrar, usando o dinheiro público para se promover politicamente à custa do contribuinte;

 09 – Venda de uma área reservada para a Praça da Cultura no Bairro Universitário, sem que fosse explicada qual a finalidade da venda, em 87 (votou contra);

 10 – Desaparecimento do Teodolito (instrumento para fazer levantamento topográfico), da Secretaria de Planejamento da administração, 89 a 92, sem que fosse tomada nenhuma providência para esclarecer o fato e punir os responsáveis. Aparelho de um custo Milionário;

11 – Aquisição de veículos pela Prefeitura no Estado de Goiás, para beneficiar empresa ligada à administração, mais caro que em nossa cidade, em prejuízo das empresas locais, isso de 89 a 92;

12 – Aquisição de ônibus velho e estragado, por preço superfaturada, acima do valor de mercado, para transportar estudantes na zona rural, isso também de 89 a 92;

13 – Não pagar em dia os servidores municipais, nem repor as perdas salariais (inflação), submetendo esses servidores a inúmeras dificuldades, de 89 a 96;

14 – Não ter critério junto às empresas locais para compra de bens e serviços para a prefeitura, beneficiando somente a quem interessava ao grupo no Poder;

15 – Por falta de competência da assessoria da administração no Poder, de 88 a 92, o não envio ao Legislativo das leis complementares, códigos de Postura, Edificações, Uso e Ocupação do Solo, Plano Diretor, Estatuto dos Servidores e Magistério para ser reformulado, isto porque, a iniciativa era do executivo;

16 – Venda de equipamentos e máquinas (sucatas) sem leilão, por funcionários da Secretaria de Obras, sem que os autores tenham sido punidos, ao contrário foram acobertados pela administração, de 88 a 92;

17 – Levar o Município a um estado de verdadeira estagnação, o que levou centenas de famílias a mudarem de Ituiutaba para outras cidades da região em busca de emprego e sobrevivência, isso de 1983 a 1996;

18 – Nepotismo na prefeitura no período de 83 a 96, com altos salários;

19 – Denúncia contra a administração Municipal de supostamente iria pagar propina, a empresa lobista, na liberação de recursos da Caixa Econômica Federal para obras de saneamento e infra-estrutura na cidade;

20 – Cobrou através da Tribuna da Câmara e do Rádio onde trabalhava, (Programa Tarde Noite Cabocla) explicação sobre o desabamento por três vezes da canalização do Ribeirão São José, canalizado numa extensão de quase 1050 metros lineares, com recursos do FDU – Fundo de Desenvolvimento Urbano, do Governo Federal, no valor de 12 bilhões de cruzeiros (dinheiro da época), pela administração do prefeito Fued Dib, de 1973 a 1976. Referidas recuperações foram feitas na administração dos prefeitos: Gilberto Severino, João Batista Arantes e Públio Chaves, numa extensão de quase 600 metros lineares. Esses desabamentos causaram aos cofres públicos um dos maiores prejuízos que o município de Ituiutaba já sofreu em toda sua história administrativa, só sendo superado pela Canalização do Ribeirão Pirapitinga (Projeto Cura) de 1984 a 1986.

 

Capítulo XLVII

 

Meu retorno ao rádio

 

Hairton apresentando o seu programa Tarde Noite Cabocla, no estúdio da Rádio Difusora

 

     Talvez um dos motivos que me levou a perder a eleição de 1992, tenha sido a minha ausência do rádio, ficar sem me comunicar com os meus eleitores, com o povo dessa cidade, por um período de quatro anos, de novembro de 1989 a janeiro de 1992, isto porque a emissora que eu trabalhava a Rádio Platina, foi vendida para o Grupo Cancella, por 64.000,00 (dinheiro da época), mais ou menos. Como os cancellas já haviam me dado bilhete vermelho na Rádio Cancella, por motivos políticos, porque eu era do PMDB, e critiquei nos microfones da emissora deles, o deputado federal que eles apoiavam, Homero Santos – que sempre teve milhares de votos em Ituiutaba, mas só fazia coisas para sua cidade natal, Uberlândia –, não perderam tempo, me dispensaram, depois de mais de dez anos de serviço prestado naquela emissora.

A minha saída da Rádio Cancella foi motivada porque, num dia de campo, no município de Centralina retruquei o deputado federal Homero Santos, ao ser entrevistado por mim e pelo rádio-jornalista Luiz Carlos de Souza, meu companheiro de trabalho na época. Homero Santos afirmou que Ituiutaba era a menina dos olhos dele. Solicitei do parlamentar, “se verdadeira aquela afirmação, que ele enumerasse uma obra que ele deputado tenha conseguido para Ituiutaba”. Ele pensou, engasgou e não deu conta de me responder. Esse deputado nunca fez nada por nossa cidade; daqui ele só levou os votos durante o período que foi deputado, por uns cinco mandatos.

     Essa foi uma das causas da minha dispensa. A outra: existia naquele tempo um programa chamado “Ituiutaba das 11 as 12”, apresentado por Luiz Carlos de Souza, e por mim, nas reportagens. Durante quase um mês nós fizemos um pinga-fogo com quase todos os políticos de Ituiutaba, ficou faltando somente eu, que era vereador. Isso em novembro de 1982. Para completar a rodada de entrevistas, no chamado pinga-fogo, foi marcado um programa onde eu seria o entrevistado. Participaria como interlocutores os jornalistas: Luiz Carlos, Rui Barbosa Castanheira, Agnaldo Zócolli, Olgmar Eudes Matos e Manoel Tiburcio Nogueira. No dia do meu pinga-fogo, por determinação dos diretores e donos da emissora, foi cancelado o programa comigo.

     Como eu estava no estúdio, o repórter Luiz Carlos, depois de anunciar que não ia acontecer mais o programa comigo, me perguntou se eu tinha ideia do porquê daquela atitude dos diretores e donos da emissora. Simplesmente respondi: Porquê os meus inimigos ocultos têm medo da verdade, sabem que meu nome está crescendo em Ituiutaba e que se não usarem este tipo de artifício vou acabar mudando de cargo na política. Aquela seria uma grande oportunidade da população conhecer o meu projeto para essa cidade. E acrescentei: “só lamento que os donos da emissora tenham tomado essa atitude de impedir que esse programa fosse feito comigo, acredito que essa é a última vez que falo nesse microfone como político, mas também como funcionário que sou dessa emissora”. E reafirmei: “Tem muita gente que tem medo da verdade”! Despedi-me e fui embora. E fui realmente para sempre. Na mesma hora, o repórter Agnaldo Zócolli fez uma entrevista de quase duas horas com o outro político do grupo deles, Samir Tannus.

      Está dando para você, que está lendo esse livro, entender, que para vencer na vida, principalmente em política, quando não se tem dinheiro, não se pode pensar, não se pode ter opinião própria, não se pode ter posição, defender ideias ou se colocar no caminho dos chamados poderosos? Por causa dessa demissão acabei tendo um desentendimento grave, com um dos diretores daquela emissora, mais felizmente sem maiores consequências.

     Mas vamos em frente, porque, apesar de todas essas adversidades, tento não desistir da luta.

     Assim, no dia 1º de janeiro de 1992, eu retornava ao rádio, iniciando uma nova fase nas lides radiofônicas de Ituiutaba e de meu programa tradicional “Tarde Noite Cabocla”, que eu iria apresentar das 17 às 19 horas, na Rádio Difusora AM. É bom salientar que os proprietários dessa emissora de rádio, senhor Fausi Abdulmassih e seu sobrinho, Ricardo Abdulmassih, ambos de Tupaciguara, pertenciam a um grupo político antagônico ao meu, apesar de não residirem em Ituiutaba.

     Quem me convidou a integrar o seu quadro de funcionários foi o diretor da emissora, Dr. Jeuid Abdulmassih, irmão do Dr. Fausi e tio do  Ricardo. Ele foi vereador no mesmo período que fui, por dois mandatos, de 1983 a 1992. No meu primeiro dia de trabalho, Jeuid me chamou no escritório da emissora e me fez esse pedido. “Hairton Dias, ao entrar a porta dessa emissora para trabalhar, espero que você deixe a política lá fora, para que possamos nos entender”.

     Respondi tranquilamente para ele que não se preocupasse, porque eu sabia que estava ali para trabalhar e não para falar em política. Por outro lado ponderei para ele, que se algum dia eu cometesse algum ato que ele não gostasse e que ferisse os princípios partidários da emissora, que me chamasse ao escritório e demonstrasse a insatisfação da direção da emissora, quanto ao meu posicionamento.

     Tudo acertado fui para o ar, pontualmente às 17 horas, qual não foi minha surpresa, durante as duas horas de programa, dezenas de pessoas ligaram para me cumprimentar pelo meu retorno ao rádio, afirmando que estavam com saudade de me ouvir e que o rádio de Ituiutaba novamente se enriquecia devido à minha volta. Afirmação muito confortante, porque fazia exatamente quatro anos que eu havia deixado o rádio. Eu tinha certeza de uma coisa, com o rádio na mão, seria mais fácil o meu retorno a Câmara e quem sabe até pleitear uma candidatura a prefeito.

 

Capítulo XLVIII

 

1994 - Uma nova esperança surgia

para Ituiutaba

 

     O tempo ia passando e nenhuma novidade surgia no cenário político local. A administração que havia se instalado no município no dia 1º de janeiro de 1993, sob o comando do Dr. João Batista Arantes da Silva (PDS), ia muito mal, isso segundo seus próprios companheiros de partido, que afirmavam que ele não ouvia ninguém, fazia e desfazia das coisas sem dar satisfação de seus atos. Para mim, o prefeito até não ia tão mal assim, como seus companheiros afirmavam, porque estava implantando na cidade o CAIC e iniciando a implantação de uma estação de tratamento de esgoto. Acredito que esses seus companheiros que o criticavam, o faziam porque ele, João Batista, não aceitava a interferência deles na sua administração.

     Havia chegado um novo ano, que poderia representar novas conquistas para esta cidade, porque era um ano eleitoral e quem sabe poderíamos conseguir a tão sonhada ligação Ituiutaba/Bastos/Campina, a estadualização das nossas faculdades, a construção de casas populares, porque eram reivindicações antigas da nossa população, as quais eu comungava e pelas quais sempre lutei enquanto vereador.

     Nos bastidores políticos existia comentário forte de que o ex-prefeito de Cachoeira Dourada de Minas, Publio Chaves, que havia transferido o seu domicílio eleitoral para Ituiutaba, poderia se candidatar a deputado estadual, e o melhor, na sigla do partido que um dia ajudei a criar nesta cidade, o PMDB.

     Para mim, renovam-se as esperanças, porque o nome de Publio Chaves tinha referências, era filho de um ex-prefeito de Ituiutaba, Camilo Chaves Júnior e neto do famoso senador, Camilo Chaves, e vinha de uma excelente administração na cidade de Cachoeira Dourada. Era tudo que Ituiutaba precisava e eu estava esperando acontecer no PMDB, ter uma pessoa do nível moral, intelectual e político como Publio, já despontando como uma das grandes lideranças desta região do Pontal do Triângulo Mineiro.

     Veio a eleição. Como um dos coordenadores de campanha não consegui ajudar a eleger o nosso candidato, Publio Chaves – apesar dele ter mais de mais de dezesseis mil votos (naquela hora elegia-se deputado com menos voto), perdeu a eleição –, isto porque a cidade lançou muitos candidatos. O País elegia, para presidente, Fernando Henrique Cardoso. Minas Gerais elegia, para governador Eduardo Azeredo, que não veio acrescentar nada para Ituiutaba, apenas ganhamos desse governo, a construção do prédio do Conservatório Estadual de Música José Zócolli de Andrade e mais nada. Somente levaram os nossos votos e nada mais. 

 

Capítulo XLVIX

 

     Sonho de ser candidato a prefeito ficou mais

distante

 

     O ano de 1996 chegou cheio de esperança para Ituiutaba, porque era novamente um ano eleitoral, em que os rumos do município podiam mudar, principalmente porque, a administração que estava encerrando o mandato, muito desgastada, não conseguiu dar ao município, os rumos desejados por todos. Enquanto isso, a oposição, comandada pelo PMDB, se organizava para tomar o Poder, que estava nas mãos do grupo político liderado pelo ex-prefeito e deputado federal Romel Anísio Jorge, desde 1º de janeiro de 1983.

    O PMDB, além de uma grande história de luta e realizações nesta cidade, contava agora com o reforço do ex-prefeito de Cachoeira Dourada de Minas, Publio Chaves, sem falar que o partido iria ter novamente, na sua presidência, Benedito Perez Drummond (Rui Drummond), o que representava um reforço, pois ele era respeitado pelos adversários.

     Eu, que só imaginava a possibilidade de vir a disputar um cargo que não fosse o de prefeito, sentia que a minha vez tinha ficado para trás e que à hora e a vez agora seria dele, Publio Chaves. Demonstrando a minha fidelidade ao partido e meu companheirismo, procurei o Dr. Publio e hipotequei o meu apoio e minha ajuda à sua candidatura, diferente do que foi feito comigo no passado.

     Para demonstrar o meu apoio ao homem que poderia retomar o mando político para o PMDB no município, atendendo pedido do nosso candidato, aceitei ser candidato a vereador, mesmo sabendo ser muito difícil a minha eleição, porque se eleger vereador tinha virado comércio, só ganhava quem comprava votos. Infelizmente essa prática foi introduzida no município por aqueles que queriam o Poder pelo Poder e não como um instrumento de aperfeiçoamento da sociedade em que vivemos, ajudando a melhorar a qualidade de vida das pessoas. Mesmo sabendo os riscos, me candidatei, por certo se me elegesse o meu sonho de ser prefeito estaria de pé, mas se perdesse talvez eu não tivesse outra chance.

     Naquela eleição de 1996 teve mais de duzentos candidatos a vereador, foram vários partidos e coligações. O PMDB escolheu o slogan de campanha “A Cidade Vai Sorrir de Novo”, e Publio Chaves venceu os seus opositores, Samir Tannus (PDC) e Ricardo Duarte (PT), com 33.793 votos, 79% dos votos válidos.

     Como eu previa anteriormente, eu não consegui me eleger vereador, porque faltou dinheiro para campanha, dinheiro para eu poder ir e vir, principalmente naquela eleição, que dinheiro correu solto. Só ganhou quem comprou votos. Mesmo assim, ainda tive 469 votos o que me garantiu uma terceira suplência. Só se elegeu vereador naquela eleição quem teve mais de mil votos.

     Nem tudo ficou perdido. Ao montar seu secretariado, o prefeito Publio Chaves me convidou para ser o Diretor de Imprensa da Prefeitura, cargo importantíssimo. Mesmo perdendo para vereador, senti-me vencedor, valorizado, porque o meu cargo, acima de tudo, era político, uma responsabilidade muito grande, por minhas mãos passaria a divulgação de todos os atos, obras e realizações da administração Publio Chaves.

     Assim, no dia 1º de janeiro de 1997, com o prefeito Publio assumindo os destinos do município, eu assumia a Assessoria de Imprensa da Prefeitura, um novo desafio que eu ia enfrentar. Era o meu ramo, mas na imprensa falada. Seria a primeira vez que, em vez de falar, eu teria a responsabilidade de escrever, contar para a população o que estava sendo feito naquela administração, que foi eleita com a responsabilidade de fazer a cidade sorrir novamente, porque já há algum tempo Ituiutaba estava triste, mais parada do que água de lagoa.

    No meu primeiro dia de trabalho, cheguei cedo à prefeitura, a primeira matéria a ser escrita seria a da posse. Confesso, não tinha a menor ideia como começar a escrever; pensei, pensei, sentei-me à mesinha onde tinha uma máquina de escrever Olivetti e comecei aquela redação. Fiquei de cedo até o meio dia para escrever uma lauda (uma página), porque não sabia como começar. Só consegui porque peguei a Folha de São Paulo e observei como os jornalistas iniciavam as matérias. Rasguei a folha onde havia escrito a primeira matéria sobre a posse, que tinha ficado mais confusa do que informativa. Daquele data para frente não tive mais dificuldade porque sugeri ao prefeito que trouxesse para trabalhar comigo o jornalista Rui Barbosa Castanheira, redator do Jornal Diário Regional, ele que tinha sido meu companheiro de trabalho na Rádio Cancella. Com ele aprendi muito, aliás, ainda estou aprendendo, mas já não tenho mais dificuldade para escrever sobre qualquer tema.

     Como me disse um dia o professor Paulo dos Santos, “a gente só aprende escrever, escrevendo, só aprende falar claro, falando”. Eu tinha aprendido escrever um pouco. 

O prefeito Publio Chaves iniciava uma nova era para Ituiutaba, construir uma cidade em que todos nela pudessem viver. Ele superou todas as dificuldades, porque assumiu a prefeitura com uma dívida de R$ 12.756.234,23. Foi uma matéria impactante que tivemos que levar ao conhecimento da população. A mesma virou um outdoor que o prefeito Publio fixou na fachada da prefeitura.

     O prefeito Publio Chaves tinha na Secretaria de Saúde, o médico ortopedista, Dr. Luiz Pedro Correa do Carmo, que realizava um excelente trabalho à frente daquela pasta, tendo implantado a Unidade Mista de Saúde 1, que mais tarde recebeu o nome de “Carlos Modesto dos Santos”, no setor Sul, na Rua 18, com a Avenida Minas Gerais, e a Unidade de Saúde 2 (Pelina Novais), no Bairro Progresso, na Avenida 11, com Rua 38, destinada ao atendimento de crianças e gestantes.

     Tive a oportunidade de escrever e mandar para toda imprensa desta cidade e regional, que por determinação do prefeito Publio Chaves, o secretário Luiz Pedro tirava do porão do Hospital São José e levava para a Avenida 7, entre as ruas 24 e 26, o Pronto Socorro, que a partir daquela data passaria a chamar-se Pronto-Socorro e Hospital Municipal Dr. Darci Rodrigues Furtado, oferecendo uma nova qualidade no atendimento de emergência da população. A população ao tomar conhecimento dessas realizações através da imprensa, não escondia a satisfação de ter um prefeito humano e solidário como Publio Chaves. E eu continuava fazendo o meu trabalho, informando a população às realizações daquela administração que marcava época no comando da Prefeitura.

     O tempo passou, e havia chegado o ano 2000, início do terceiro milênio, de um novo século que era considerado o século do amor, da luz, em que o homem superaria suas próprias limitações e caminharia para a sua plena realização, o primado do espírito, a sua marcha evolutiva em busca de Deus.

     Era também ano eleitoral em que o povo ia julgar aquela administração que havia iniciado um trabalho de recuperação das finanças do Município, dos valores humanos, uma administração capaz de oferecer mais dignidade àqueles que aqui nasceram, com mais educação, mais cultura, mais saúde e mais desenvolvimento social. 

 

Capítulo L

 

Como assessor de imprensa da prefeitura tive

o prazer de sugerir obras da administração

 

     Por ser de absoluta confiança do prefeito Publio Chaves, ele sempre trocava ideias comigo, às vezes se aconselhando sobre o que iria realizar em favor da população, querendo um sinal positivo se estava no caminho certo. Isto porque, ele sabia que durante os meus mandatos  de vereador, eu sempre discutia com o povo as sua prioridades, por isso ele sempre gostava de minhas sugestões, principalmente as de valorização do ser humano.

     O prefeito Publio Chaves encerrando seu primeiro mandato, querendo  prestar uma homenagem aos funcionários públicos municipais, me perguntou o que poderia ser feito para que os funcionários sentissem a sua gratidão no encerrar daquele profícuo mandato como prefeito de Ituiutaba!.. Eu disse a ele que fizesse uma festa no ginásio municipal, que reunisse todos os funcionários e seus familiares e pensasse em um presente que beneficiasse toda família.

     Diante dessa sugestão, ele me disse que iria além do pagamento do mês de dezembro e do 13º salário, que seria pago no dia 23 de dezembro de 2000, ele premiaria a todos os funcionários com uma cesta de alimentos e que seria entregue também no dia 23, em uma grande confraternização no ginásio poliesportivo municipal. Além da cesta, era feito sorteio entre os funcionários de televisão, micro-ondas, bicicletas, aparelho de som, toca fitas e vários outros brindes, que eram oferecidos pelo seu secretariado. Assim, ele encerrou o seu primeiro mandato de bem com toda população e com todos os funcionários públicos.

     De uma forma direta eu havia colaborado para aquela confraternização que a partir daquela data se tornaria permanente no seu segundo mandato como prefeito desta cidade, já que havia vencido as eleições de 2000 com uma extraordinária vitória e que mais uma vez eu havia participado de forma direta.

     Registro neste livro as principais realizações do prefeito Dr. Públio Chaves, por ele ser um homem bom, honesto, dinâmico, empreendedor, que se fez líder por suas qualidades morais, intelectuais e humanas. Realizações que ajudei a implantar como seu assessor de imprensa.

 

Prefeito Publio Chaves - 1º  Mandato de Prefeito

 

      Mas vamos em frente. Por seus méritos, Publio Chaves foi eleito presidente da AMVAP – Associação dos Municípios da Microrregião do Vale do Paranaíba –, pelos prefeitos que a integram, em 29 de janeiro de 1999, sendo re-eleito para o cargo, em 8 de janeiro de 2000. Com uma administração pautada na competência administrativa por ele desenvolvida, foi indicado para a presidência da FEMAM – Federação Mineira das Associações Microrregionais –, sendo eleito presidente em 31 de janeiro de 2000. Após o seu primeiro mandato, foi re-eleito presidente em 10 de abril de 2001.

     Em julho de 2002, recebeu no Palácio do Itamaraty, das mãos do presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, “Menção Honrosa”, pelo cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. Todos esses atos eu cobri como assessor de imprensa.

     No seu primeiro mandato como prefeito, Públio Chaves, no comando da Prefeitura de Ituiutaba, assumiu a SAE – Superintendência de Água e Esgotos de Ituiutaba –, que era uma autarquia administrada pela FUNASA – Fundação Nacional de Saúde.

     Com investimentos de 1997 a 2000, da ordem de R$ 6.202.119,56, montante gasto com obras de ligação de água, redes de água, ramais de água, ligações de esgoto, redes de esgoto, ramais de esgoto e com uma das mais importantes obras de seu governo, a ERPAI – Estação de Recuperação, Proteção Ambiental de Ituiutaba –, hoje responsável pelo tratamento de 92% do esgoto coletado. Essa obra teve início no governo do prefeito João Batista Arantes da Silva. Nesse mesmo período à SAE obteve o certificado ISO 9000 e, consequentemente, conquistou o certificado ISO 9001, o que comprova sua excelência no tratamento de água.

Sua gestão reformou e tombou o prédio da Casa da Cultura e tombou o Teatro Vianinha, foram asfaltadas cerca de 95% das vias públicas da cidade, dotadas de toda infra-estrutura como redes água, esgotos e energia. Foi também feito, excelente trabalho pela Secretaria de Obras, através da Comissão Municipal de Trânsito, quanto à sinalização e colocação de semáforos, construção de rotatórias em todo o perímetro urbano da cidade. O Departamento de Parques e Jardins realiza a manutenção de praças e outros logradouros públicos, tudo isso visando ao bem-estar da população tijucana.

Sob o aspecto econômico, a Secretária da Fazenda, Administração e Recursos Humanos, desempenhou um trabalho importante. Durante sua gestão, a SFARH realizou um novo cadastramento imobiliário na cidade, possibilitando uma avaliação da real situação econômica de Ituiutaba. Além de gerar novos impostos mostrou quais as tendências comerciais da cidade, como a produção industrial e o setor da prestação de serviços. Todo esse trabalho gerou um aumento da arrecadação municipal.

Foi também feita, no primeiro mandato, a regularização do pagamento do funcionalismo público que se encontrava com nove meses de atraso. Já no segundo mandato, apesar da crise, o funcionalismo foi pago dentro do mês vigente trabalhado, num valor de R$ 1.000.000,00, gerando um fomento considerado, no comércio local.

O Departamento de Processamento de Dados, implantado na sua administração, cuida do processo de informatização e interligação de todas as secretarias e setores relacionados à administração pública, agilizando os trabalhos e ligações entre os vários setores de sua administração.

Ainda no aspecto econômico, o município de Ituiutaba oferece incentivo na área da fruticultura, tendo como carro chefe, laranja. O governo Públio Chaves oferece também meios para o agricultor encontrar a melhor cultura a que ele se adapta, fornecendo, ainda, preparo do solo e apoio técnico ao produtor.

O prefeito Públio Chaves ajudou todas as entidades ligadas ao comércio local de forma geral, dando apoio às campanhas promocionais feitas em datas especiais como Dia das Mães, Natal e outras.

No campo industrial, beneficiou empresas que buscavam se instalarem em um dos parques industriais da cidade (Manoel Afonso Cancella e Antônio Baduy). Criou medidas de isenção de impostos e deu ajuda com mão-de-obra e benfeitorias, como terraplanagem e maquinários cedidos pelo Poder Público, para que estas empresas se instalassem, dando oportunidade, assim, à geração de empregos.

Durante todo governo Públio Chaves, foi desempenhado um trabalho na busca de criar novos mecanismos de fomento, como por exemplo, a criação do Banco do Povo, o Banco da Terra. Em parceria com o INCRA, foram desenvolvidos programas de assentamento, doando terras que foram adquiridas pelo INCRA, beneficiando várias famílias de agricultores que não possuíam terras para trabalhar. Com a ajuda da EMMAG foi possível desenvolver um trabalho efetivo na zona rural como conservação de estradas para escoamento de safras. Criou-se também, no período de seu governo, a “Incubadora de Empresas” que agilizou mecanismos para melhor desenvolver as atividades de pequenas empresas, proporcionando o crescimento de Ituiutaba e de suas empresas.

Com o desmembramento da Secretaria de Indústria e Comércio, deu origem a duas novas secretarias: a Secretaria de Indústria, Comércio, Turismo e Serviços e a criação da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

No campo industrial mesmo a administração procurando incentivar esse setor, existem alguns entraves de ordem financeira e econômica, que às vezes impede a implantação de novas indústrias. Mas mesmo assim encontrando dificuldades, as indústrias se instalaram na cidade, por exemplo: o Frigorífico Bertin, Novartis Seeds (atual Syngenta) Laticínio Canto de Minas. Na área comercial foram doadas áreas de terreno no Distrito Industrial Manoel Afonso Cancella e Antônio Baduy, para:

- Tricel – Triângulo Construções Elétrica – 8.000 metros quadrados;

- Mult Óleos Vegetais – 19.000 metros quadrados;

- Cerrado Indústria e Comércio Ltda. – 41 mil metros quadrados;

- Frigorífico de Peixes Oliveira e Carvalho – 15 mil metros quadrados;

- Nutrimel Comercial Ltda. – 1.520 metros quadrados.

No período de 1.997 a 2.000, a administração desenvolveu o PROMAP, para beneficiar os pequenos e médios produtores agrícolas, com o prepara do solo, doação de adubo, conservação do solo, proteção de mananciais, dando total apoio ao plantio de cana para silagem, nas propriedades rurais. Além de tudo isso, promove a conservação das estradas rurais por intermédio da EMMAG, para escoamento da produção rural.

Na atual administração o agronegócio contribui com 73% do PIB municipal, sendo que só a agropecuária é responsável por 10% do PIB total do município.

No período de 1997/2.000 foram atendidos pelo PROMAP 124 produtores; de 1998/1999, 133 produtores; de 1999/2.000, 195 produtores e de 2.000/2001, 175 produtores, num total de 733 hectares assistidos.

Oito comunidades foram beneficiadas como o Programa:

Comunidade da Canoa; Córrego do Açude; Campo Alegre; Córrego da Chácara; São Vicente; São Lourenço; Santa Rita. Os benefícios concedidos anualmente são: preparo de solo 300 ha. e adubo 90 toneladas, com um gasto médio de R$ 74.100,00.

A administração tem desenvolvido em parceria com o Ministério da Agricultura e Abastecimento o programa municipal de energia elétrica, beneficiando 20 moradores no São Lourenço, com a extensão de 13 km de rede, 21 moradores no Córrego de Açude, Canoa, Campo Alegre e São Vicente, num total de 07 km de rede e mais 32 moradores na Santa Rita, Córrego da Chácara, Pântano e Campo Alegre, 13 km de rede, totalizando nas três etapas 73 moradores beneficiados e num total de 33 km de rede.

O Programa de Microbacia Hidrográfica desenvolvido no São Lourenço beneficiou:

1ª etapa de 1997/1998 – 585 há;

2ª etapa de 1998/1999 – 450 há.

A Secretaria de Agricultura cadastrou 65 produtores de hortaliças, e adquiriu uma pequena frota de mine tratores destinadas ao cultivo de hortaliças, todos esses fatos que deram origem a formação da COOPERVAT – Cooperativa dos Produtores de Hortifrutigranjeiros do Vale do Tijuco.

Através do Banco da Terra Implantado no município graças ao interesse do prefeito Públio, já foram assentadas três associações: Associação de dos Agricultores Souza Santos, beneficiando 18famílias;

Associação dos Produtores Rurais do Córrego dos Pilões, beneficiando 10 famílias;

Associação Unidos do Santo Antônio, beneficiando 11 famílias.

Mais três associações estão em processo de assentamento, com os projetos já aprovados:

Associação dos Agricultores Familiares do Vale da Esperança beneficiará seis famílias;

Associação dos Agricultores Familiares do Pontal beneficiará 28 famílias;

Associação dos Agricultores Familiares do Pontal 2, beneficiará oito famílias.

Durante os dois mandatos do prefeito Públio Chaves, as estradas rurais do município mereceram atenção especial, com a aquisição de patrulha mecanizada foi possível patrolar, encascalhar, fazer curva de nível e bolsões para tirar enxurrada das principais estradas, reformar e construir pontes e mata-burros das regiões do São Lourenço, Santa Rita, pontinhas, Divisa, Rio da Prata, Salto, Divisa, Córrego da Chácara, Campina Verde, Córrego do Açude, Canoa, Baixadão, Baú Velho, Três Vendas, Serra da Aroeira, Bauzinho, Bastos, Ritirinho, dentre outras.

O prefeito preocupado com os moradores dos bairros implantou nos seus dois mandatos no comando da municipalidade, um programa especial de pavimentação de bairros, asfaltando 43 bairros e recapeando grande parte do centro.

De janeiro de 1997 até 31 de dezembro de 2004, foram pavimentados 1.128. 204,75 metros quadrados de asfalto.

Foram recapeados mais de 398.234,78 metros quadrados de pavimento, no centro e em algumas ruas dos bairros Progresso, Junqueira, Platina, Natal, Independência.

Meio Fio e Sarjeta – 250.105,20 ml

Rede Pluvial / Drenagem – 16.186,00 ml

Capítulo LI

 

SEGUNDO MANDATO DO PREFEITO

PÚBLIO CHAVES 2001 A 2004.

 

Entrevista coletiva - Dr. Publio fala de seu segundo mandato de prefeito

 

     O prefeito tocador de obras incrementando ainda mais o seu governo, numa pareceria da Prefeitura e o Grupo João Lira, da Triálcool, ampliou e reformou a pista do aeroporto Tito Teixeira, de 1.200 metros, passou para 1.800 metros de comprimento, por 30 de largura.

Construiu nas escolas municipais 10 quadras poliesportivas cobertas, propiciando aos alunos a prática de esportes especializados, como voleibol, handebol, basquete e futsal.

Construiu e reformou várias escolas na cidade e na zona rural, destacando-se:

- Escola Municipal Bernardo José Fraco, São Lourenço;

- Escola Municipal Quirino de Morais – Campo Alegre;

- Reforma e construção de salas de aula na EMMA;

- Construção de refeitório da EMMA;

- Reforma e ampliação da Escola Manoel Alves Vilela;

- Reforma e Ampliação da Escola Professor Francisco de Lorena – Vila Miisa;

- Reforma e ampliação da Escola M. Tancredo de Paula – B. Gardênia;

- Reforma e ampliação da Escola M. Hugo de oliveira Carvalho

- Reforma e ampliação da Escola M. Aida Andrade Chaves – B. Satélite Andradina;

- Reforma e ampliação da Escola Municipal Agrícola – Córrego do Açude;

- Reforma e ampliação da Escola M. José Arcênio de Paula – Córrego da Chácara.

- Construção de creche, anexa a escola Ainda Chaves – B. Satélite Andradina;

- Reforma e ampliação da Escola Sarah Feres.

- Criação do CEMAP – Centro Municipal de Assistência Pedagógica e Aperfeiçoamento Permanente de Professores;

- Municipalização das escolas Professor Ildefonso Mascarenhas da Silva (1ª a 4ª) e Escola Estadual Padre João Avi (Hoje Escola municipal Manoel Alves Vilela);

- Construiu a Escola Municipal Nadime Derze, no Bairro Jerônimo Mendonça;

- Transporte de 9.800 alunos/dia para as escolas estaduais e municipais, do ensino médio, fundamental e infantil, nos três turnos;

- Conservatório Estadual de Música Dr. José Zóccoli de Andrade, conseguido durante seu primeiro mandato;

- Implantação do curso Pré-Vestibular em 16/03/98, na Escola Municipal Machado de Assis, em parceria com ISEPI/16ª SER, Fundação Municipal Zumbi dos Palmares.

Saúde

A administração Públio Chaves se destacou na área de saúde, com a construção de duas Unidades de Saúde, uma situada no Bairro Independência – Unidade de Saúde 1 “Carlos Modesto dos Santos”, responsável por tratamento especializado de doenças e Unidade de Saúde 2 “Pelina Novaes”, destina-se ao tratamento de crianças e gestantes, situado no Bairro Progresso.

Implantou cinco unidades do Programa de Saúde da Família (PSF):

Jardim do Rosário, Novo Tempo 2, Alvorada, Caic e Novo horizonte, cobrindo mais de 20% da população com atendimento à campo, com visitas domiciliares, educação em saúde, reuniões e caminhadas, com o médico da família, enfermeiros e agentes de saúde, com atendimento semanal de 40 horas.

Reformou e ampliou o Posto de Saúde do Bairro Jardim do Rosário, hoje sede do PSF; posto de Saúde Natal, Platina, Tupã, Pirapitinga, Sol Nascente 2, Maria Vilela e Caic.

Alugou o prédio onde funcionava o Hospital São Judas Tadeu e implantou o Hospital e Pronto Socorro Municipal “Darci Furtado”, tirando o PS do porão do Hospital São José.

Implantou diversos programas de saúde e tem atendimento nas seguintes áreas - Clínica médica; Cardiologia, Neurologia; Psiquiatria, Urologia; Ortopedia; Ginecologia, Obstetrícia, Dermatologia; Otorrinolaringologia e Psicologia, dentre outros atendimentos.

O prefeito Públio Chaves preocupado em realizar obras que engrandecem aqueles delas usufrui, projetou e iniciou, a construção do lago Camilo Chaves Neto, próximo aos bairros, Natal, Jerônimo Mendonça e Novo Tempo 2. Além de ser uma conquista na área de lazer e turismo, será sem dúvida um grande reservatório de água para a cidade.

O governo Públio Chaves mantém, desde o início de seu primeiro mandato, em plena atividade, o Departamento de Desenvolvimento Social, comandado pela primeira dama, Marilene Alves Chaves. O DDS desenvolve amplos projetos na área social, beneficiando crianças e adolescentes, com vários programas implantados, os quais visam minimizar o sofrimento de famílias carentes. Dentre estes projetos desenvolvidos estão: Zona Azul, Eu Faço Arte, arte e Cidadania, Páscoa para Todos, Natal das Creches, Sou Idoso, Sou Feliz, Mostra de Artesanato, Arte Solidária, Jardineiro Mirim.

No comemorar do centenário de Ituiutaba, o prefeito Públio Chaves, inaugurou o marco do centenário na Av. Minas Gerais com Rua 18 e deixou gravado na placa de inauguração esse texto:

Ituiutaba comemora o seu centenário e desperta para o novo século consciente de sua força, do futuro radiante e do destino histórico.

Acredito que todos os ituiutabanos, através do trabalho e da solidariedade, possam fazer do terceiro milênio uma época de progresso, amor, compreensão, luz e paz para toda a humanidade.

Torna-se importante deixar aos pósteros o exemplo de um município atento às necessidades comunitárias, alicerçado na consciência da lei e da liberdade e na comunhão dos mais nobres ideais.

 

Obras que marcaram a administração Públio Chaves:

                                                                                                 Estação de captação de água do São Lourenço e da transposição de água do Rio Tijuco

                                                                                                                                        

- Construídos 01 milhão e 128 mil m2 de asfalto

- Foram recapeados 398.234,78 m2 de asfalto

-Transposição das águas do Rio Tijuco para o São Lourenço

- 43 bairros receberam pavimentação asfáltica

- Extensão de 250.105,20 ml de meios-fios e sarjetas

- 100% de energia elétrica no perímetro urbano

- 9.800 alunos são transportados todos os dias

- 100% da população recebem água tratada em suas casas

- 98% de esgoto sanitário coletado e 70% de esgoto tratado

- Construídos 49.895,00 ml de esgoto sanitário

- Estendidos 53.763,00 ml de redes de água

- 540 mil pessoas atendidas nas unidades de saúde em 2004

- Treze pontes construídas no perímetro urbano

- 2.045 famílias atendidas pelo Programa Bolsa Escola

- R$ 2.630.000,00 investidos na aquisição de veículos máquinas

- Construídas 10 quadras poliesportivas cobertas e mais 2 projetadas

- Milhares de crianças, adolescentes e idosos atendidos pelos

programas do Departamento de Desenvolvimento Social

- Pagamento de salários e fornecedores em dia

- Apoio aos produtores rurais para crescimento da produção agrícola

- Apoio e incentivo às empresas e crescimento da oferta de empregos

- 98.256,17 mil m2 de áreas cedidas para instalação de empresas

- Bolsas de estudo para estudantes carentes (PREVESTI)

- CEMAP ministrou 100 cursos de reciclagem de professores e diretores de escolas municipais, estaduais e particulares de Ituiutaba e região

- Menção Honrosa pelo cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, solenidade em Brasília – Palácio Itamaraty

- Construídas duas Unidades de Saúde, no setor Sul e no Bairro Progresso

- Aterro Sanitário (Estação de Tratamento de resíduos Sólidos)

- Foram implantados cinco PSF (Programa de Saúde da Família)

- Instituiu a Carta do Sol

Estação de captação de água do Rio Tijuco construída na represa da usina Salto de Morais

 

Capítulo LII

 

TERCEIRO MANDATO

 

     Com o Slogan: “o Povo na prefeitura”, Públio Chaves disputou e saiu vitorioso nas eleições de 5 de outubro de 2008, conquistando mais uma vez o comando da Prefeitura de Ituiutaba. Governou de 2 de janeiro de 2009 a 8 de março de 2010.

Sua principal meta nesse 3° mandato era a valorização do ser humano. Até instituiu um novo Slogan para sua terceira administração:  "Crescer e Valorizar, às Pessoas".

Para que o slogan de sua administração realmente fosse o retrato de seu governo, o prefeito não perdeu tempo, elaborou e mandou para Câmara Municipal um projeto criando a Secretaria de Desenvolvimento Social (SEDES), instrumento de promoção da pessoa humana estabelecendo mecanismo para implantar projetos que realmente promovam a inclusão social. 

Além disso, o prefeito Públio Chaves iniciou uma peregrinação em Belo Horizonte e Brasília, mantendo contato permanente com deputados estaduais e federais, senadores, governador, Aécio Neves, vice-presidente da república, José Alencar e com o próprio presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, em busca de benefícios que promovessem o desenvolvimento desta terra de São José do Tijuco, sua cidade natal.

Mantendo um bom relacionamento, nas duas esferas, estadual e federal, o prefeito iniciava processo para construir em Ituiutaba, casas populares para atender famílias que ganham de 1 a 3 salários mínimos. Logrou êxito, pois nos meados de 2009, ano que iniciou o seu terceiro mandato no comando do Município, conseguiu junto ao  governo Federal, a construção de centenas da casas populares, do Programa "Minha Casa Minha Vida, totalizando 1.328 unidades habitacionais, financiadas pela Caixa Econômica Federal, conjuntos Buritis e Canaã 1 e 2, além de ter conseguido também a construção de unidades para pessoas carentes, desprovidas de maiores recursos financeiros, do Ministério de Desenvolvimento Social, 84 casas populares do Residencial Tupã.

Junto ao Governo Estadual, Programa Lares Gerais, conseguiu junto a COHAB/MG, a construção de 232 unidades, no Residencial Carlos Dias Leite, casas estas programadas para serem entregues em 2010. Outra grande iniciativa do prefeito Públio Chaves e de seu vice-prefeito, Luiz Pedro, foi conseguir junto ao governo federal, a fundo perdido recursos da ordem de quase R$ 6.000.000,00  para canalização do Córrego São José, numa extensão de 584 metros lineares, canalização esta da Rua 38 até a Av. Minas Gerais, obra prevista para ser entregue em 10 meses, iniciada nos meados de abril  de 2010.

Reabertura do 2º grau na Escola Municipal Machado de Assis (EMMA), com a construção de 8 salas de aula para abrigá-lo. Recapeamento asfáltico de 150 mil metros quadrados de asfalto em ruas que já não comportava mais a operação tapa buraco. Implantação do projeto excelência em etanol em parceria Governo Federal, Governo Estadual, Prefeitura, UFU e CNAA.

Públio Chaves continuou sua administração até que no dia 8 de março de 2010, na inauguração de outra grande conquista de seu governo, a inauguração do IFTM - Instituto Federal do Triângulo Mineiro sofreu infarto agudo do miocárdio, provocado por stress emocional, devido duras críticas que vinha sofrendo de um dos seus mais terríveis inimigos político, Sr. Fued Dib, tendo que se licenciar para tratamento de saúde, assumindo o comando do município, o vice-prefeito, Dr. Luiz Pedro Corrêa do Carmo.

Por todos esses feitos conquistados pelo povo, através da capacidade impar de governar de Públio Chaves, seu nome sempre haverá de estar entre os grandes homens que fizeram desta terra de São José do tijuco, um marco de desenvolvimento, vocacionados pelo trabalho empreendedor, registraram nos anais da história, a sua passagem realizadora, de obras e feitos que mudaram os rumos da pequena Vila Platina, transformada na grande e desenvolvida metrópole do Pontal do Triângulo Mineiro “Ituiutaba”. Muito obrigado Públio Chaves, por tudo que você construiu para engrandecer esta terra generosa e abençoada, banhadas pelas águas turvas do Rio Tijuco.

Registro que todas essas obras aqui transcritas foram motivo de várias matérias que produzi como Assessor de Imprensa da Prefeitura, mas em meu livro, o faço como a minha homenagem ao grande e eterno prefeito, Dr. Publio Chaves “Senhor Educação”.

 

Capítulo LIII

 

Senador José Alencar: Amigo de Ituiutaba e

meu amigo particular

 

Hairton e o vice-presidente da república José Alencar

 

       O senador José Alencar participou ativamente da eleição de 2000, quando elegemos Publio Chaves para o segundo mandato de prefeito. Sempre que vinha a esta cidade participava de encontro promovido pelo PMDB. O senador, com toda simplicidade que caracterizou sua existência, contava para nós tópicos de sua vida, desde quando havia saído, com quinze anos de idade, da zona rural para a cidade de Muriaé/MG, onde nasceu. Das vezes que aqui esteve e que se reunia conosco, mesmo antes de se eleger senador e depois participar da campanha vitoriosa que elegeu o Dr. Publio Chaves prefeito desta cidade, eu tive a oportunidade de entrevistá-lo.

     Ele sempre dizia com toda sua simplicidade: “Hairton, você deve gostar demais de mim ou então me acha muito importante, porque sempre que aqui venho você me entrevista”.

     Eu sempre respondia para ele: “amigo Dr. José Alencar, eu é que me sinto muito honrado em ter a oportunidade de estar perto de uma pessoa extraordinária como é o amigo, de entrevistá-lo, de poder assimilar um pouco a sua experiência de vida, um homem tão importante e bom como você é para nós, mas especialmente para o povo mineiro e para o povo brasileiro”.

     Dr. José Alencar implantou e construiu em Ituiutaba a sede do SESI – Serviço Social da Indústria –, quando foi presidente desta entidade.

      O Dr. Zé Alencar quando foi candidato e se elegeu Senador da República, em 1998, deixou entregue ao presidente do PMDB desta cidade, Rui Drummond, a incumbência de indicar na sua chapa, o candidato a suplente ao senado da república. Rui Drummond, por questões políticas, indicou o Aelton Freitas, de Iturama, que seria candidato a deputado federal, e que poderia naquela hora, atrapalhar a eleição de Romel Anísio Jorge, para deputado federal, já que o mesmo dependia dos votos daquela região para se eleger. Viu como são as coisas!..

      Quero deixar registrado aqui, nesta menção ao grande mineiro e brasileiro, Dr. José Alencar, as minhas homenagens pelo exemplo de fé e perseverança que deixou. Pelo amor a vida. Nas horas mais difíceis, quando a morte bateu à sua porta, reagiu e disse: “Não temo a morte, porque não a conheço, temo sim a desonra”. Que Deus ilumine seu espírito e acalente sua família e o povo brasileiro que perdeu esse exemplo de ser humano.

 

Capítulo LIV

 

Meu sobrinho Heine Alemangne criador do

Spray do futebol só conseguiu aprová-lo

na FIFA porque acreditou!

 

Heine Alemangne Vilarinho Dias

 

     Acreditar esta é a palavra chave! Foi assim que o meu sobrinho Heine Alemangne Vilarinho Dias, depois de doze anos de luta conseguiu ter o reconhecimento da FIFA, para essa importante ferramenta, demarcadora dos 9,15m da barreira do futebol. A caminhada foi longa, o caminho árduo e espinhoso.

     Por sua paixão pelo futebol, em 2000 assistindo pela TV – Brasil X Argentina, viu o apresentador Galvão Bueno, narrador de futebol fazer está afirmação: “quero ver o dia que um juiz irá conseguir fazer a barreira se posicionar corretamente para cobrança de falta”. Segundo Heine haveria de ter um jeito, um produto simples e barato, biodegradável que marcasse e desaparecesse depois de algum tempo, que fizesse uma linha reta, que fosse branco ou colorido para gramados verdes e cobertos de neve. Saiu da frente da televisão e foi para o banheiro, pegou o tubo de espuma de barbear e marcou a linha em seu braço. Deu certo! Tinha descoberto à solução para o posicionamento da barreira do futebol. Seria uma idéia global, formatou tudo e levou a Federação Mineira de Futebol. A imprensa na época disse que a idéia era genial de tão simples.

Spray

     Depois de mostrar a sua descoberta para a Federação Mineira, levou seu invento para CBF – Confederação Brasileira de Futebol que não teve dúvidas, oficializou e tornou uso obrigatório em todos s campeonatos realizados no país, o Spray demarcador dos 9,15m da barreira do Futebol. Nesta empreitada Heine contou inicialmente com o apoio de seus familiares, especialmente o meu, Hairton Dias, seu tio, que consegui junto ao prefeito Públio Chaves, com aprovação da Câmara Municipal, aporte financeiro para ele continuar buscando o reconhecimento da FIFA, pois a partir da aprovação pela CBF, a próxima etapa a ser vencida seria convencer os dirigentes do futebol mundial e da própria Federação Internacional do Futebol Associado (FIFA), a testar aquela ideia revolucionária, que havia resolvido o problema da barreira que agora se posicionava correto, na cobrança de falta próxima a grande área. A luta foi titânica, cansativa, mas compensadora. Segundo o próprio Heine, a aprovação de seu invento pela FIFA só aconteceu porque ele acreditou, correu atrás, não desistiu, quando ouvia um não, era estímulo para continuar mostrando aos líderes maiores do futebol aquela ideia que havia resolvido de vez a posição da barreira durante uma partida de futebol.

     O Spray que foi aprovado pela FIFA, em 2012, mas só seria usado oficialmente pela entidade maior do futebol mundial, na Copa do Mundo realizada no Brasil, em 2014.

     Eu quero manifestar, ao meu sobrinho, criador do Spray demarcador da barreira do futebol, Heine Alemangne Vilarinho Dias, a minha mais expressiva homenagem por ele ter contribuído de forma revolucionária com a solução de um dos problemas difíceis que enfrentava o futebol, o posicionamento correto da barreira durante a realização de uma partida de futebol, e porque, está divulgando o nome de nossa querida Ituiutaba, além fronteiras, em todos os países do mundo que praticam o futebol.

 

Capítulo LV

 

PMDB de Ituiutaba, dividido, lança candidato

sem expressão e perde a eleição para

prefeito em 2004

 

     Estava chegando o final segundo mandato do prefeito Publio Chaves, com um saldo positivo, ter preparado a cidade para o desenvolvimento, durante os oito anos que governou, obras importantes haviam sido feitas na área da educação, saúde e desenvolvimento social, como já enumerei anteriormente.

     A grande interrogação: Públio Chaves conseguiria eleger seu sucessor? Como todos sabem o Poder é desgastante, por mais que o administrador faça, fica muita coisa sem fazer, gerando desconfiança e a vontade da população por mudança.

     Ao processo eleitoral foi iniciado nos dois primeiros meses de 2004. O prefeito Públio encomendou uma pesquisa de avaliação de seu governo e da tendência do eleitorado desta cidade para as eleições daquele ano. A pesquisa apontou a administração que estava encerrando como boa; porém, o clamor popular girava em torno de emprego, saúde e moradia, situação que atinge todos os municípios brasileiros e aqui não era diferente. Quanto à tendência do eleitorado com relação à eleição de 2004, qual o perfil do próximo prefeito? Os eleitores de Ituiutaba indicaram que o próximo prefeito precisava ser acima de tudo, empreendedor.

     Quanto aos possíveis nomes que atendiam a essa tendência, para minha surpresa e satisfação, o meu nome foi lembrado por 2,37% da população que me indicava para ser candidato a prefeito naquelas eleições. Fiquei entusiasmado por ser lembrado pela população, pois fazia doze anos que eu havia deixado de ser vereador.

     Outros nomes também foram lembrados, como de Luiz Pedro, Ricardo Duarte, professor Teco, Samir Tannus, Fued Dib, deputado Romel Anísio Jorge, Toninho Gouveia, dentre outros.

Diante daquele quadro, o que fiz, procurei o diretório do PMDB, que naquela oportunidade estava novamente sendo dirigido por Rui Drummond. Não senti muita firmeza no presidente do partido ao me dizer que eu devia trabalhar meu nome para ser indicado candidato do partido nas eleições de 2004. Em seguida procurei o prefeito, Públio Chaves, de quem eu era assessor de imprensa há oito anos. O que ouvi não podia ser diferente, hipotecou total apoio e solidariedade a uma possível candidatura minha a prefeito, para sucedê-lo no comando da prefeitura. Fiquei novamente entusiasmado e comecei a fazer trabalho junto aos membros do diretório do partido e junto às minhas bases.

     Fora essa disputa, que poderia ser tranquila dentro do PMDB, havia outra preocupação, por falta, acredito de habilidade da direção do partido, cinco vereadores da legenda na Câmara foram expulsos do partido, por não seguirem as orientações do presidente, por manterem uma conduta de independência, coisa que não era aceita por ele. Se não bastasse, por injunção dentro do partido, o secretário de saúde da administração Públio Chaves, Dr. Luiz Pedro deixou o PMDB e filiou-se PPS, juntamente com vários vereadores que haviam sido expulsos do partido, por Rui Drummond.

     Outro que havia deixado a legenda, por incompatibilidade com a presidência do partido, foi o ex-prefeito Fued Dib. Então, vejam o quadro que se apresentava para as eleições daquele ano. Nomes que poderiam facilmente vencer a eleição para o partido, uns foram expulsos e outros tiveram que deixar o partido se quizessem ser candidato a qualquer cargo. Deu para entender que a vida inteira eu tinha razão, quando me posicionei contra esse estado de coisas, de fazer parte de um partido, onde um só mandava.

     O prefeito Publio Chaves a tudo isso assistiu sem se posicionar a favor de ninguém, segundo ele “temendo agravar inda mais a situação quanto à sua sucessão”.

     Bem, acreditei que havia chegado a minha vez, por toda a minha história de luta dentro do partido, desde a sua fundação, em 1969, pela minha fidelidade, por meu ideal de servir a cidade que havia me recebido como filho na década de cinquenta. De todos os nomes que poderia vir disputar a prefeitura o meu nome do PMDB, era o mais popular e havia aparecido na pesquisa que o prefeito Publio Chaves havia encomendado.

     Eu só tinha uma deficiência: não era rico. Vinha das camadas populares, era trabalhador, como milhões de existem nesse país. Isso me parecia não ser muito bem aceito pelo presidente do PMDB, meu amigo Rui Drummond, caso eu viesse ser escolhido candidato ele teria que bancar minha candidatura. De uma hora para outra, ele tirou da cartola, como num passe de mágica, outro nome para disputar a convenção do partido que seria realizada no último domingo do mês de junho de 2004. Toninho Gouveia, homem muito rico, pertencente a uma das famílias tradicionais de Ituiutaba, gente boa, meu amigo, porém, sem nenhuma experiência política que pudesse ter como trunfo junto ao eleitorado. Era só rico e empresário, no ramo de cooperativa, e nada mais.

     Ao contrário, eu tinha um currículo na vida pública que me credenciava a ser o candidato do partido. Sempre fui democrata, nunca usei do poder que tive durante os anos de mandato como vereador para cercear o direito de ninguém em situação nenhuma, o que sempre reclamei foi à forma como o comando político do PMDB agia em relação aos companheiros, quando algum pleiteava qualquer exercício democrático de representação partidária, o tratamento era desigual para aqueles que pensavam e agiam diferentemente da presidência.

     Assim aconteceu comigo, amais uma vez. Ao se aproximar o dia da convenção, intensifiquei o trabalho junto às bases e aos filiados membros do diretório, solicitando desses que me indicassem como candidato a prefeito para suceder Publio Chaves. Sabem o que descobri? O presidente do PMDB, mais uma vez, se colocava contra minha intenção de ser candidato do partido, pois quando descobri que eu iria ser indicado pelos convencionais, ele visitou a todos pedindo-lhes que votassem em Toninho Gouveia, inclusive advertiu alguns que eram funcionários da prefeitura em cargos de confiança. Esse relato foi feito à minha pessoa por um desses nomes, o meu amigo e companheiro Jairo de Oliveira (Jairinho), que disse que ia votar em mim, ouvindo essa afirmação em tom ameaçador, do meu amigo Rui Drummond: “Você é que sabe, se você votar no Hairton Dias”...

     Pois é, fui mais uma vez rejeitado pela direção do partido, que nem teve a visão que eu podia ser um candidato a prefeito vitorioso, e na pior das hipóteses, vice. Mas nada disso aconteceu. Sentindo-me mais uma vez discriminado, não fui para a convenção, pois estava tudo arrumado para o Toninho Gouveia ser candidato do Rui. Só que depois de sua escolha, ninguém queria ser seu vice e o partido não tinha também nome popular que pudesse agradar a população e que se transformasse em uma boa dobradinha para vencer aquela eleição.

Capítulo LVI

 

Três candidatos oriundos do PMDB disputaram

a eleição, mas cada um em partidos diferentes

 

     Com três candidatos na rua – Toninho Gouveia/Carlos Cesar (PMDB); Luiz Pedro Correa do Carmo/Marco Antônio Moura Franco (PPS); Fued Dib/Abatênio Marquez (PR/PP) –, todos oriundos do PMDB, aquela eleição iria ser definida pelo candidato que apresentasse a melhor proposta, porque não seria fácil suceder o prefeito que estava saindo e que fez um bom governo. No meio daquele fogo cruzado, eu, que havia sido preterido pelo PMDB, tinha que tomar uma posição e escolher em quem votaria entre Toninho Gouveia, Luiz Pedro ou Fued Dib. Eu e parte de minha família votaria em Fued Dib, e a outra votaria em Luiz Pedro, porque nessa altura dos acontecimentos, eu não votaria em Toninho Gouveia, devido o que o presidente do PMDB tinha feito comigo, quando da escolha dos candidatos a prefeito, seria uma forma de dizer ao PMDB, que seus dirigentes precisavam rever seus conceitos, seus métodos de fazer política, porque um homem tem que valer pelas suas qualidades e não pelo dinheiro que tem,   Estava chegando o final segundo mandato do prefeito Publio Chaves, com um saldo positivo, ter preparado a cidade para o desenvolvimento, durante os oito anos que governou, obras importantes haviam sido feitas na área da educação, saúde e desenvolvimento social, como já enumerei anteriormente.

     A grande interrogação: Públio Chaves conseguiria eleger seu sucessor? Como todos sabem o Poder é desgastante, por mais que o administrador faça, fica muita coisa sem fazer, gerando desconfiança e a vontade da população por mudança.

     Ao processo eleitoral foi iniciado nos dois primeiros meses de 2004. O prefeito Públio encomendou uma pesquisa de avaliação de seu governo e da tendência do eleitorado desta cidade para as eleições daquele ano. A pesquisa apontou a administração que estava encerrando como boa; porém, o clamor popular girava em torno de emprego, saúde e moradia, situação que atinge todos os municípios brasileiros e aqui não era diferente. Quanto à tendência do eleitorado com relação à eleição de 2004, qual o perfil do próximo prefeito? Os eleitores de Ituiutaba indicaram que o próximo prefeito precisava ser acima de tudo, empreendedor.

     Quanto aos possíveis nomes que atendiam a essa tendência, para minha surpresa e satisfação, o meu nome foi lembrado por 2,37% da população que me indicava para ser candidato a prefeito naquelas eleições. Fiquei entusiasmado por ser lembrado pela população, pois fazia doze anos que eu havia deixado de ser vereador.

     Outros nomes também foram lembrados, como de Luiz Pedro, Ricardo Duarte, professor Teco, Samir Tannus, Fued Dib, deputado Romel Anísio Jorge, Toninho Gouveia, dentre outros.

Diante daquele quadro, o que fiz, procurei o diretório do PMDB, que naquela oportunidade estava novamente sendo dirigido por Rui Drummond. Não senti muita firmeza no presidente do partido ao me dizer que eu devia trabalhar meu nome para ser indicado candidato do partido nas eleições de 2004. Em seguida procurei o prefeito, Públio Chaves, de quem eu era assessor de imprensa há oito anos. O que ouvi não podia ser diferente, hipotecou total apoio e solidariedade a uma possível candidatura minha a prefeito, para sucedê-lo no comando da prefeitura. Fiquei novamente entusiasmado e comecei a fazer trabalho junto aos membros do diretório do partido e junto às minhas bases.

     Fora essa disputa, que poderia ser tranquila dentro do PMDB, havia outra preocupação, por falta, acredito de habilidade da direção do partido, cinco vereadores da legenda na Câmara foram expulsos do partido, por não seguirem as orientações do presidente, por manterem uma conduta de independência, coisa que não era aceita por ele. Se não bastasse, por injunção dentro do partido, o secretário de saúde da administração Públio Chaves, Dr. Luiz Pedro deixou o PMDB e filiou-se PPS, juntamente com vários vereadores que haviam sido expulsos do partido, por Rui Drummond.

     Outro que havia deixado a legenda, por incompatibilidade com a presidência do partido, foi o ex-prefeito Fued Dib. Então, vejam o quadro que se apresentava para as eleições daquele ano. Nomes que poderiam facilmente vencer a eleição para o partido, uns foram expulsos e outros tiveram que deixar o partido se quizessem ser candidato a qualquer cargo. Deu para entender que a vida inteira eu tinha razão, quando me posicionei contra esse estado de coisas, de fazer parte de um partido, onde um só mandava.

     O prefeito Publio Chaves a tudo isso assistiu sem se posicionar a favor de ninguém, segundo ele “temendo agravar inda mais a situação quanto à sua sucessão”.

     Bem, acreditei que havia chegado a minha vez, por toda a minha história de luta dentro do partido, desde a sua fundação, em 1969, pela minha fidelidade, por meu ideal de servir a cidade que havia me recebido como filho na década de cinquenta. De todos os nomes que poderia vir disputar a prefeitura o meu nome do PMDB, era o mais popular e havia aparecido na pesquisa que o prefeito Publio Chaves havia encomendado.

     Eu só tinha um problema: não era rico. Vinha das camadas populares, era trabalhador, como milhões que existem nesse país. Isso me parecia não ser muito bem aceito pelo presidente do PMDB, meu amigo Rui Drummond, caso eu viesse ser escolhido candidato ele teria que bancar minha candidatura. De uma hora para outra, ele tirou da cartola, como num passe de mágica, outro nome para disputar a convenção do partido que seria realizada no último domingo do mês de junho de 2004. Toninho Gouveia, homem muito rico, pertencente a uma das famílias tradicionais de Ituiutaba, gente boa, meu amigo, porém, sem nenhuma experiência política que pudesse ter como trunfo junto ao eleitorado. Era só rico e empresário, no ramo de cooperativa, e nada mais.

     Ao contrário, eu tinha um currículo na vida pública que me credenciava a ser o candidato do partido. Sempre fui democrata, nunca usei do poder que tive durante os anos de mandato como vereador para cercear o direito de ninguém em situação nenhuma, o que sempre reclamei foi à forma como o comando político do PMDB agia em relação aos companheiros, quando algum pleiteava qualquer exercício democrático de representação partidária, o tratamento era desigual para aqueles que pensavam e agiam diferentemente da presidência.

     Assim aconteceu comigo, amais uma vez. Ao se aproximar o dia da convenção, intensifiquei o trabalho junto às bases e aos filiados membros do diretório, solicitando desses que me indicassem como candidato a prefeito para suceder Publio Chaves. Sabem o que descobri? O presidente do PMDB, mais uma vez, se colocava contra minha intenção de ser candidato do partido, pois quando descobri que eu iria ser indicado pelos convencionais, ele visitou a todos pedindo-lhes que votassem em Toninho Gouveia, inclusive advertiu alguns que eram funcionários da prefeitura em cargos de confiança. Esse relato foi feito à minha pessoa por um desses nomes, o meu amigo e companheiro Jairo de Oliveira (Jairinho), que disse que ia votar em mim, ouvindo essa afirmação em tom ameaçador, do meu amigo Rui Drummond: “Você é que sabe, se você votar no Hairton Dias”...

     Pois é, fui mais uma vez rejeitado pela direção do partido, que nem teve a visão que eu podia ser um candidato a prefeito vitorioso, e na pior das hipóteses, vice. Mas nada disso aconteceu. Sentindo-me mais uma vez discriminado, não fui para a convenção, pois estava tudo arrumado para o Toninho Gouveia ser candidato do Rui. Só que depois de sua escolha, ninguém queria ser seu vice e o partido não tinha também nome popular que pudesse agradar a população e que se transformasse em uma boa dobradinha para vencer aquela eleição.

 

LVII

 

Prefeito toma posse e eu esperava continuar 

dirigindo a assessoria de imprensa

 

     A eleição de Fued Dib significava para mim, apesar dos pesares, uma grande vitória, porque o meu partido o PMDB, havia me rejeitado quando da escolha de candidatos a prefeito e teve membro da direção que afirmou caso o Toninho Gouveia vencesse aquela eleição, eu não permaneceria no cargo de Assessor de Imprensa da Prefeitura, por ter-me posicionado naquela eleição a favor de Fued Dib e Luiz Pedro.

     Fued Dib tomou posse no dia 1º de janeiro de 2005, no período da manhã, em solenidade bastante concorrida. O seu primeiro ato foi exonerar todos os funcionários da administração que havia encerrado no dia anterior, funcionários esses que deveriam ser exonerados por Publio Chaves, mas ele não fez isso deixando o ônus para o Fued Dib, porque a maior parte daqueles funcionários pertencia às hostes do PMDB. Eu estava lá como assessor de imprensa até aquele ato, pois daquele momento em diante, eu e outros companheiros ficaríamos na dependência de ser convidado ou não por Fued Dib, já que ele sabia que eu e parte de minha família, tinha apoiado e votado nele.

     Para que o leitor tenha uma idéia de como agiu o Fued Dib, com relação ao meu apoio e minha ajuda faço aqui uma narrativa de minha participação na história e na vida política dele. Como já citei anteriormente, juntamente com Rodolfo Leite, Sebastião Mamede, Fued Dib, e outros fundamos o MDB, que naquela época muita gente tinha até medo de dizer o nome da sigla, devido à repressão por parte da Revolução de 1964. O Golpe Militar.

     Faço uma retrospectiva das vezes que apoiei e votei no Fued, sem nunca ter pedido nada em troca: 1970, 1972 e 2004, a prefeito; 1978, 1982 e 1986, a deputado federal. Foram seis eleições consecutivas que além de votar nele e apoiá-lo, gastei dinheiro do meu bolso para elegê-lo. Em 1986, ele perdeu a eleição para deputado, porque não realizou um bom trabalho no Congresso Nacional em favor de Ituiutaba e da região. Aí ele, que sempre viveu em função da política, sem mandato político na mão, sem ter prefeito de seu partido no Poder em Ituiutaba, entrou em depressão, estava vivendo com muita dificuldade, sem ter a quem recorrer.

     Nesse mesmo ano, o PMDB conseguiu eleger Newton Cardoso para governador de Minas Gerais. Para nós do PMDB parecia uma vantagem essa eleição, porque poderíamos comandar as ações do governo no município. Inicialmente não foi isso o que aconteceu, pois o governador Newton Cardoso convidou o ex-prefeito Samir Tannus para ser seu Secretário de Estado do Trabalho e Ação Social, dando um golpe no PMDB de Ituiutaba. Infelizmente isso é próprio dos dirigentes do PMDB em todos os níveis.

Nessa época eu era vereador e Secretário Geral do partido em Ituiutaba. Na presidência eu tinha ajudado a eleger o companheiro Teofeu Patrocino de Morais.

     Como o Fued Dib estava passando muita dificuldade, sem ter a quem recorrer, entramos em contato com o governador Newton Cardoso e pleiteamos, junto a ele, um cargo no seu governo para o Fued Dib. O governador tinha uma dívida conosco, ao indicar para a Secretaria de Estado do Trabalho, um adversário político, Samir Tannus. Ele precisava limpar a barra conosco do PMDB de Ituiutaba, então ele usou a seguinte estratégia: solicitou que o pedido fosse feito por escrito e assinado pela executiva do partido. Não sei se o governador agiu assim para nos desestimular, porque já havíamos feito o pedido verbal, exigindo correspondência, poderíamos queimar e não nos submetermos a esse tipo de exigência, ou se o governador sabia que existia alguém dentro da executiva que não iria assinar aquela correspondência reivindicatória de emprego para o Fued Dib.

     Desconsiderei essas hipóteses, como secretário do partido, tratei logo de preparar o documento e saí à caça das assinaturas dos companheiros: eu assinei como secretário, o Valdir Castanheira, como tesoureiro, Acácio Cintra, como vice-presidente, o vereador Luziano Justino Dias como líder da bancada na Câmara, só faltava a assinatura do presidente do partido, Teofeu Patrocínio de Morais.

     Eu o procurei para que ele, como presidente do partido, assinasse a indicação do Fued Dib para ocupar um cargo no governo do Senhor Newton Cardoso, exigência dele como governador. O presidente Teofeu simplesmente disse que não que não ia assinar, porque segundo ele, o Fued, no período que foi deputado federal, não deu a mínima para o partido e nem para os companheiros. Eu disse a ele que o Fued estava precisando, passando até dificuldade financeira; e apelei para que ele assinasse.

     Depois de quase uma semana de tanto eu insistir ele disse que ia assinar aquela indicação, mas que eu ia arrepender-me, porque segundo o presidente, o Dib não era companheiro de ninguém, que ele só pensava nele e em seus familiares bem próximos. Conseguidas as assinaturas nós fomos a Belo Horizonte: Teofeu, Anagê, Luziano, Valdir Castanheira e eu.

     O governador nos recebeu no Palácio dos Despachos, onde entregamos a ele o pedido de indicação do Fued Dib para ocupar um cargo durante o seu governo. Naquela oportunidade, pedimos também ao governador que nomeasse o Rui Costa, era outro companheiro que precisava de ajuda, pois estava desempregado. O governador despachou na mesma hora aqueles pedidos. Dias depois o Fued foi indicado pelo governador Newton Cardoso para ser Conselheiro do Tribunal de Contas e o Rui Costa para ser seu secretário.

     Só que ocorreu um fato inesperado, para o Fued assumir o Tribunal de Contas, ele, que havia sido prefeito de 1973 a 1976, tinha que ter suas contas aprovadas pela Câmara de vereadores, caso contrário ficaria impedido de assumir aquele cargo tão importante. Infelizmente, como já registrei anteriormente, o córrego São José que ele tinha canalizado havia caído quase duzentos (200) metros lineares de canalização. Os vereadores do PDS queriam derrotar aquela prestação de contas, segundo esses vereadores, por irregularidades graves naquela canalização e na prestação de contas. No dia da discução e votação daquelas contas, entramos na reunião da Câmara às 19horas e saímos no outro dia, às sete horas da manhã. Mas conseguimos aprovar aquelas contas e ele pode tomar posse no Tribunal de Contas de Minas.

     Antes da eleição daquele ano que ele perdeu para deputado federal, aconteceu outro fato que preciso relatar para que todos tomem conhecimento de minha atuação como companheiro do Senhor Fued Dib. O ex-deputado estadual, Luiz Alberto Franco Junqueira, com quatro mandatos da assembléia Legislativa de Minas, proprietário na época da Rádio Platina, tinha Fued Dib como seu desafeto, trouxe de fora um candidato por nome Sérgio Naya para apoiar aqui em Ituiutaba. Luiz Junqueira queria se vingar de Fued Dib, devido a falta de compromisso dele com projetos sugeridos por ele, de interesse de Ituiutaba, queria por queria. Então promoveu uma reunião em sua residência convidando para ela: o vereador Ricardo Abalém, Mauro Melo, José Duran, Manoel Alves Valadão e eu – todos os funcionários da Rádio Platina – e o candidato Sergio Naya. Todos os companheiros radialistas ali presentes disseram que apoiariam a candidatura Sergio Naya.

     Luiz Junqueira, então, dirigiu a pergunta ao vereador Ricardo Abalém, se ele apoiaria o seu candidato? Abalém, para fazer média disse que aquele pedido era uma ordem, que podia contar com ele.

     Foi então que Luiz Junqueira dirigiu a pergunta direta a mim: “vereador Hairton Dias, posso contar com seu apoio também”? Respondi sem gaguejar: “infelizmente, já fiz compromisso com o Fued Dib, por isso não posso apoiar o candidato Sérgio Naya”.

     Quase perdi o emprego na Rádio Platina, por causa desse apoio a candidatura do Fued Dib para deputado federal. Só não me mandaram embora, porque eu era vereador, se não tinha ido pra a rua.

      E tem mais... Em 1979, quando a Revolução de 1964 acabou com o bi-partidarismo, ou seja, com o MDB e a ARENA, criando o pluripartidarismo, quase todos os integrantes do MDB de Ituiutaba correram para o lado de Tancredo Neves, que deixava as hostes do Movimento Democrático Brasileiro, para fundar, no Brasil, o Partido Popular (PP).

     Fued, que era deputado federal, no primeiro mandato, disse para mim numa tarde daquele ano, sentado num dos bancos da Praça do Fórum (Praça Adelino Vilela Carvalho): “todos me abandonaram, acabei ficando sozinho, mas eles me pagam, ainda vou dar o troco”. Naquela hora, assumi a palavra e disse a ele: “todos, não, eu sou um dos fundadores do MDB e vou ficar, vou ajudar a organizar o PMDB.

     Filiei naquele ano 468 eleitores de todas as classes sociais, inclusive muita gente dos bairros, da zona rural e ajudei a organizar o Partido do Movimento Democrático Brasileiro em Ituiutaba. Além de minha ajuda acertei com três outros companheiros a ficarem e a participarem da organização do PMDB: Anísio Marques dos Santos, Helis Ferreira e Youssef Gergi Sabbagh.

     Agora vejam o comportamento do “companheiro” Fued Dib comigo. Ressalto, ninguém tem obrigação de fazer nada pelos outros, mas é só para mostrar qual foi o comportamento dele como “companheiro” durante o período que fui vereador.

     Em 1989, quando acabou os indexadores da moeda, no plano verão, nós, vereadores, por falta de opção, para reajustar os salários dos vereadores, depois de consultar à AMAM – Associação Mineira de Municípios –, por orientação desse órgão, indicamos um indexador dos salários dos vereadores: o salário dos servidores. E fizemos constar na Lei Orgânica do Município, promulgada no dia 21 de abril de 1990, que o nosso salário seria aumentado quando aumentasse o salário dos servidores municipais, se fosse de 5%, o nosso aumento seria 5%, e assim por diante.

     Sem ninguém saber por que, o Tribunal rejeitou essas contas em 1991, e decretou que nós teríamos de devolver uma certa quantia em dinheiro, referente ao aumento. Todos os vereadores com quem tive a oportunidade de conversar na época, inclusive, eu, só fomos notificados pelo Tribunal de Contas, em 2002, portanto, onze anos depois.

      Além de não nos comunicar sobre o ocorrido, sabem quem votou contra a aprovação das nossas contas, por causa da referida indexação, nos obrigando a devolver a quantia recebida a mais?

     Segundo o Tribunal de Contas foi o presidente do órgão, o senhor Fued Dib, pois na votação registrou-se empate de dois votos a dois, quem deu o voto de minerva contra nós foi justamente ele, que teve, em 1986, suas contas aprovadas por nós, seus companheiros. Não discuto o mérito da questão, mas sim a falta de companheirismo do homem, que por causa dele quase briguei com o presidente do PMDB, para ajudá-lo ter aquele emprego em um importante órgão estadual. O Tribunal de Contas de Minas Gerais. Ele podia pelo menos terno avisado, na época, mais nem isso fez.

     Devo dizer que não fizemos nada errado, nem usamos de má fé, se recebemos a mais foi porque a AMAM, na época, disse que poderíamos indexar de acordo com o aumento dos servidores públicos municipais. Aí me lembrei do que tinha dito o presidente do PMDB, Teofeu Patrocínio de Morais, quando resistiu assinar o documento que indicaria Fued Dib com um cargo no governo de Minas, afirmando que ele não era companheiro de ninguém. Fued Dib provou isso ao votar contra todos os seus companheiros, Carlos Melo, Luziano Justino Dias, Ricardo Abalém, Walter Arantes Guimarães, Anagê Novais, Sebastião Luiz Mamede e eu, que o tinha ajudado a vida inteira. Sem falar nos outros vereadores que também foram punidos por eles, sem que tenham cometido erro algum.

     Fiz toda essa narrativa, só pra provar que em todos os momentos, eu fui companheiro de verdade dos meus “companheiros” e, portanto se o Fued Dib me mantivesse na assessoria de imprensa da prefeitura, estaria apenas retribuindo um pouquinho do muito que fiz por ele a vida toda. Mesmo porque, eu tinha experiência daquela assessoria. 

 

Capítulo LVIII

 

Permaneci na assessoria de imprensa,

mas vejam em que condições

 

 

Fued Dib assume segundo mandato e exonera todos os peemedebistas de sua administração

 

    Passado o fervor da posse, que ocorreu num sábado, dia 1º de janeiro, eu aguardava com ansiedade a segunda-feira, dia 3, que seria decisivo para a minha permanência à frente daquela Assessoria de Imprensa.

     Inicialmente o prefeito Fued exonerou todos os peemedebistas, em seguida nomeou todos os secretários que integrariam o primeiro escalão do governo. Depois, foram nomeados, o segundo e o terceiro escalão, mas meu nome não estava lá. Desde o primeiro dia de trabalho eu me apresentei para trabalhar, inclusive fiz toda matéria de posse e como eu tinha fotografado toda posse, fiz um álbum de fotos e entreguei à primeira dama, senhora Maria das Graças Dib, que me agradeceu muito.

     Passou o mês de janeiro, o mês de fevereiro e já havia chegado o mês de março e minha nomeação nada. Durante esse período, muito apreensivo, eu perguntava ao Secretário de Governo, Elias Hercules, sobre a minha nomeação e ele respondia: “continua trabalhando”!

     Minhas contas estavam todas vencidas, iria fazer três meses que eu não recebia salário. No final do mês de fevereiro, exatamente no dia 28, quando o Fued estava chegando cedo para o trabalho, eu perguntei para ele se eu seria nomeado, ele respondeu sem me dar muita confiança: “tem muita futrica, vamos ver”.

     Aí sim, fiquei muito mais preocupado e apreensivo, imaginando que tipo de entrigas estariam fazendo para me prejudicar. Eu nem imaginava que tipo de intriga estava sendo feita pelo vice-prefeito, Abatênio Marquez, e pelos que tinham participado de sua campanha, gente do ex-prefeito e deputado Romel Anísio.

     Quando fiquei sabendo disso, pelo meu amigo e companheiro Walter Arantes Guimarães, que era naquela hora presidente o PR, portanto que tinha dado sustentação à candidatura e contribuído para a vitória do Fued  naquela eleição, pensei comigo mesmo: “não vão me nomear”.

     Então resolvi estabelecer uma estratégia: no dia seguinte bem cedo fui para a prefeitura, cheguei uns quinze minutos antes do Fued e quando ele chegou, perguntei se podia falar com ele no gabinete, ele respondeu que sim. Subimos juntos para o gabinete e eu lhe disse: “bem, Fued, à vida inteira te ajudei, será que tudo isso não é suficiente para que eu possa fazer parte do seu governo”? Como todos sabem, ele, que é muito prolixo, assumiu a palavra e disse: “olha, Hairton, tem muita gente querendo a sua cabeça, mas resolvi, até nem sei o porquê, vou te nomear”.

     Indaguei que tipo de fofoca havia sido feito sobre mim, que estava impedindo aquela nomeação, ele não quis dizer, então, para não me desgastar, o agradeci pela atenção e sai do gabinete, na expectativa de ser nomeado, pois significava para mim, naquela altura dos fatos uma vitória, muito difícil, como todas que conquistei na vida.

     Isso ocorreu no dia 11 de março. No dia 14, na segunda-feira, o ex-vereador José Arantes entrou na minha sala, na assessoria de imprensa, e disse para mim que eu ia ser nomeado, mas não era como eu estava esperando. Ele saiu e foi embora.

     No dia 16 de março de 2005, no período da tarde, fui realmente nomeado, mas não no cargo que eu ocupava, mas sim em um outro cargo, abaixo  de diretor, que eu ocupava naquela assessoria. Meu salário caiu pela metade. Foi uma paulada que levei na cabeça, dada pelo Fued Dib, mesmo ele tendo me nomeado. Não foi só porque havia me rebaixado de posto, ele nomeou também para trabalhar na assessoria uma pessoa chamada Geiza, sua tradicional inimiga política, rancorosa, persequidora, tudo que podia fazer de ruim para os outros, ela era capaz de fazer. Ela foi nomeada no SC-2 no cargo que eu ocupava, mas na verdade quem fazia praticamente a maior parte das matérias era eu. Ela, muita vezes, nem ia lá. Tive que aceitar, pois já fazia três meses que eu não recebia nem um centavo para pagar minhas contas.

     O mais grave dessa história veio depois... Eu fiquei doente, peguei dengue e, para complicar, descobri, por acaso que estava com uma artéria entupida, isto foi descoberto, porque um dia passei muito mal e fui parar no médico, ele fez um eletrocardiograma em mim, dando isquemia no miocárdio, fiz depois um cateterismo e comprovou-se a obstrução coronária.

     Mas, voltando ao Fued... Além dele ter nomeado uma pessoa muito difícil de convivência, ele deve ter orientado aquela pessoa para que toda matéria feita por mim, teria que passar por uma censura prévia, aquilo me pareceu que era para mim pedir exoneração da minha função. Tive que aquentar, pois estava doente, doença que agravava a cada dia, com aquela posição imposta ao meu trabalho. Eu que toda vida acreditei nele, Fued, e nunca ter feito restrições ao seu trabalho. Fui parar no chão, perdi minha autoestima e tinha ainda que colocar um stend em uma de minhas artérias, para desobstruí-la, e não sabia como proceder, pois a cirurgia era muito cara. Humilhei-me e fui pedir ajuda ao Fued, por intermédio do secretário de governo, Elias Hércules, pois naquela altura dos acontecimentos eu não tinha mais coragem de entrar no gabinete e ver a cara daquele homem que ajudei a vida toda e que estava agora me dando o troco com indiferença. Pedi um carro pra me levar urgente a São Paulo, porque a minha artéria direita estava com 80% de obstrução e eu podia sofrer um infarto a qualquer momento.

     Vocês vão ficar pasmos com a resposta que me foi dada pelo secretário Elias Hercules, que não iam me ajudar não, e nem arrumar carro para me levar a São Paulo, porque eu não era tão importante assim.  Ao ouvir aquela resposta imaginei: “certamente vou morrer, porque no momento não disponho de recursos para fazer esse tipo de locomoção e nem realizar esse tipo de cirurgia. Jamais tinha imaginado em minha vida viver uma situação daquelas. Quem eu havia ajudado a vida inteira estava me largando à margem do caminho, entregue ao meu próprio destino. Numa hora dessas acredito, a gente tem que ajudar até um inimigo, quanto mais um amigo que eu era.

     Um ano antes dele se tornar prefeito, ele sofreu uma crise cardíaca e foi parar na UTI do Hospital nossa Senhora da Abadia, sabe quem foi visitá-lo, apesar de toda a indiferença dele comigo? Eu, o prefeito Publio Chaves e o secretário de Saúde, Dr. Luiz Pedro, fomos levar a ele a nossa solidariedade.

      Interessante, existe um ditado popular que afirma: “se queres conhecer uma pessoa, coma um saco de sal com ela”. Infelizmente, eu comi muitos sacos de sal com o Fued Dib, mas confesso só fui descobrir de verdade quem ele era depois do que ele fez comigo e com outro companheiro, Luziano Justino Dias, até então, certamente, eu estava inebriado pelo canto da Sereia, podem acreditar nisso.

     Todo mundo sabe que o Fued se candidatou a prefeito no (PR) Partido da República, mas até isso acontecer quem o ajudou a chegar s ser candidato a prefeito foi o ex-vereador Luziano Justino Dias, que mesmo estando operado, quase impossibilitado de andar, saiu com esse ingrato a tiracolo e ajudou a garantir sua candidatura, pois se dependesse só dele, não tinha a menor chance, pois tinha sido botado para correr do PMDB, que ele abandonou depois de ser indicado por nós, para ocupar um cargo no Governo de Minas, como Conselheiro do Tribunal de Contas, como já foi dito anteriormente.

     Vejam bem, se não fosse inicialmente o ex-vereador Luziano, ele, Fued, jamais seria candidato, pois ninguém acreditava mais nele, devido à sua falta de consideração pelos companheiros. Sabem o que ele fez depois que assumiu a prefeitura? Já contei um pouco anteriormente: ele exonerou praticamente todo mundo do PMDB e nomeou todos os companheiros daqueles que a vida inteira combateu – um combate falso – o ex-prefeito e deputado federal, na época, Romel Anísio Jorge. Falo isso porque, em todas as oportunidades que concedeu entrevista esse político demagogo, sempre afirmou: “podem ter me tirado do PMDB, mas eu não tiro o PMDB de dentro de mim. Mas para completar, o homem que havia garantido a sua candidatura, Luziano Justino Dias, tinha sido mandado embora da prefeitura, ele que tinha também sido exonerado no dia que ele assumiu o cargo de prefeito.

     Disse que ele não participaria mais dos quadros da prefeitura, na sua administração. Ninguém entendeu aquela posição, mas eu sabia, ele não gosta de quem o ajuda. O Luziano quase sofreu um infarto diante dessa posição, mas ficou pressionando. De tanto o Luziano pressionar e de tanto alguns companheiros dele pressionar, o homem que disse que não voltava atrás, quando afirmou que ia trocar de companheiros e que o Luziano não iria participar de sua administração, voltou atrás. Em abril de 2005, no final do mês, Luziano Justino Dias foi nomeado como assessor Especial do Prefeito, assim como eu também fui nomeado para trabalhar na assessoria de imprensa.

     Antes o Luziano não tivesse sido nomeado, pois o tratamento imposto a ele nem o pior inimigo merece. Ele foi tratado como adversário, com o maior desprezo, ao ponto do Fued virar a cara quando o via em sua frente.

     Para encerrar o meu relato a respeito desse lobo travestido de cordeiro, vou contar o último ato dele contra mim, me exonerou.  Mas perdeu a eleição, por ter abandonado os seus companheiros, por não saber fazer política, por ter exonerado todos os peemedebistas da sua administração, por ser perseguidor de funcionário público, por ter feito uma administração medíocre, por ter feito governo para os ricos em detrimento dos pobres, ele não foi re-eleição para prefeito em 2008, perdeu para o grande companheiro, homem de comportamento reto, que respeita a individualidade e as limitações alheias, e é muito humano, Publio Chaves.

     Um dia após o pleito, no dia 6 de outubro de 2008, Fued Dib me exonerou quando ainda eu estava de licença em tratamento de saúde, porque, com muito prazer, ajudei a derrotá-lo.

 

Capítulo LVIX

 

 Publio Chaves assume o seu terceiro mandato

depois de uma vitória espetacular

sobre seu oponente

 

     Depois de uma campanha eleitoral desgastante e árdua, a mais baixa que a cidade já assistiu nos últimos trinta anos, Publio Chaves saiu vitorioso, embora tenha sido caluniado, difamado, sendo alvo das mais duras críticas e retaliações por parte de seu adversário, o Matusalém,   revanchista, Fued Dib.

     Publio Chave venceu porque levou a população, ao eleitor, uma proposta séria e progressista, ao contrário do seu oponente que se perdeu na falácia e no xingatório, próprio de sua personalidade. Foi uma vitória espetacular, da proposta sadia em favor do povo, contra o revanchismo, o autoritarismo.

 Publio Chaves e o seu vice, o médico, Luiz Pedro Correa do Carmo, tinham vencido o ódio personalizado no candidato Fued Dib.

     A diplomação foi marcada pela justiça para o dia 20 de novembro de 2008, só que os derrotados nas eleições de 6 de outubro daquele não, inconformados com a derrota, soltaram um boato na cidade de que o prefeito Publio Chaves não seria diplomado, alegando que havia ocorrido irregularidade na eleição, e que o candidato derrotado é que seria diplomado, através de medida deliberativa do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais. Baboseira pura de quem havia perdido a eleição e não tinha se conformado com a derrota.

     A diplomação ocorreu como estava prevista, no Fórum Newton Luiz, sede da Justiça Eleitoral da 141ª zona eleitoral e eu, com o maior prazer, lá estava para cobrir aquele ato, que para mim significava muito, porque o meu amigo e companheiro, estava recebendo o terceiro diploma daquela espetacular vitória que eu mais uma vez tinha colaborado de forma direta para acontecer, derrotando aquele candidato e todos os que o apoiaram, inclusive, o presidente Lula, Romão, Padilha, Samir, etc.

     Prestaram atenção nos nomes que apoiaram o candidato Fued Dib nesta eleição? Pois é dentre eles Romão. Estão lembrando que citei anteriormente que a vida inteira eles fingiram ser adversários? Pois é, mais uma das mentiras desse demagogo que caiu por terra.

     Mas vamos ao que interessa: a posse dos eleitos estava marcada para o dia 1º de janeiro de 2009, às 19 horas, na Câmara Municipal de Ituiutaba. Com o maior prazer eu estava lá como jornalista e como integrante da campanha vitoriosa que havia derrotado aquele que durante quatro anos desgovernou esta cidade, causando uma série de prejuízo ao desenvolvimento deste município, mas especialmente a população de Ituiutaba.

     A nova Câmara de vereadores se empossou e em seguida foi dada posse ao prefeito, Publio Chaves, e ao vice, Luiz Pedro. Em seguida os empossados se dirigiram à prefeitura, ao gabinete onde seria feita a transmissão de cargo.

     Depois de quase um ano sem entrar naquele gabinete, pelos motivos já mencionados por mim anteriormente, eu estava de volta, assessorando o meu amigo, o meu companheiro Publio Chaves, que já havia me convidado para ocupar novamente a Assessoria de imprensa da Prefeitura, cardo que perdi logo após a vitória e posse do perseguidor Fued Dib, no período de 2005 a 2008, como já descrevi.

     Confesso, me senti vingado, com minha alma lavada ao ver aquele homem frente a frente, ao lado de quem havia vencido aquela eleição; foi gratificante demais para mim ver ele digerindo a derrota, que lhe foi imposta por Publio Chaves, e por todos aqueles que queriam uma cidade diferente, com perspectiva de desenvolvimento. 

 

Capítulo LX

 

Publio Chaves inicia seu terceiro mandato 

e eu continuo na Assessoria de Imprensa

 

Dr. Publio Chaves e Hairton Dias

 

     Felizmente um novo dia iniciou e a cidade respirava aliviada a libertação de uma administração que estava ficando para trás, sem criatividade e sem perspectiva para o futuro. Publio Chaves iria iniciar uma nova administração tendo o homem como meta principal, até criou um slogan: “Crescer e Valorizar as pessoas”. Construir casas populares, investir na saúde e na educação, eram metas estabelecidas para aquele terceiro mandato como prefeito de Ituiutaba.

     Para o grande desafio que tinha à frente, eu tinha consciência de que a administração do prefeito Publio precisaria de uma excelente divulgação, principalmente pelos acontecimentos registrados antes de sua posse, onde o Matusalém, inconformado com a derrota, procurava de todas as formas desmerecer essa grande vitória.

     Não tive dúvida, orientado pelo prefeito, iniciei o meu trabalho à frente da assessoria de imprensa fazendo uma exposição dos principais projetos que seriam realizados nos primeiros meses de governo de Publio Chaves, inclusive, sequenciar alguns projetos iniciados só no papel e que precisavam ser resgatados, caso contrário a cidade ficaria no prejuízo.

     Não perdi tempo, à medida que a competente assessoria técnica do prefeito ia superando as dificuldades para aprontar aqueles projetos, eu ia informando à população em que pé estavam: canalização do córrego São José, construção de casa populares, reforma da Praça Getúlio Vargas, Centro de Convenções, término do Pronto-Socorro  Municipal e IFTM, sem esquecer os projetos que seriam iniciados pelo prefeito, nos primeiros dias de governo.

     Pôr a casa em ordem, sanear as dívidas deixadas, a curto, médio e   longo prazo, para posteriormente iniciar a reformulação da assistência social, cumprir a promessa de terminar a pavimentação dos bairros que somente ele, Publio Chaves, asfaltou nos dois primeiros mandatos; recapear o asfalto estragado das vias públicas; iniciar a construção das salas de aula para abrigar o segundo grau da Escola Municipal Machado de Assis, que o governo anterior havia fechado. Isso se deu na primeira semana de seu terceiro mandato, resgatando, assim, compromisso assumido com pais de alunos daquela escola. Iniciar a canalização do São José, da 38-A até a Av. 25; construir as casas populares do Programa “Minha Casa Minha Vida”. Todas essas obras tiveram o efetivo apoio da imprensa de Ituiutaba, com quem mantive um bom relacionamento.

     O tempo ia passando e com o início das obras não iniciadas pela administração anterior, o prefeito Publio Chaves começou a sofrer uma perseguição implacável por parte do senhor Fued Dib, através do rádio e de um jornal semanal, “Tribuna do Pontal”, um tablóide marrom, que foi criado pelos adversários, com o objetivo de achincalhar, o prefeito Publio, procurando dessa forma, desestabilizar o seu governo. Isso foi criando um clima pesado na cidade, por tudo aquilo que o Fued não fez em seu governo durante quatro anos, queria que fosse feito de uma vez, pela administração Publio Chaves.

 

Capítulo LXI

 

Oposição revanchista contra o prefeito

Publio Chaves faz ele sofrer infarto

 

     O tempo urgia e as metas estabelecidas pela administração Publio chaves estavam sendo cumpridas, o que fazia crescer em seu mais ferrenho adversário, para não dizer inimigo, uma ira sem precedente, tudo isso levado pelo despeito, por não ter feito uma boa administração e ter sido derrotado pelo povo, especialmente pela classe trabalhadora da cidade, que sempre mereceu o apoio e a atenção daquela administração iniciada em 1º de janeiro de 2009, sob o comando de Publio Chaves.

     Os boatos inventados por aquele que tinha perdido as últimas eleições crescia a toda força na cidade, dizendo que o prefeito Publio seria caçado, por ter comprado voto na eleição, era uma forma de atormentar o seu governo. Para complicar ainda mais essa situação, Fued, se valendo do País ser democrático, não se conformando com a derrota, inventou testemunhas e entrou com um processo na justiça eleitoral, alegando compra de votos, procurando com esse artifício, complicar a administração que estava indo muito bem. Usou alguns radialistas de emissoras locais, para noticiarem que o prefeito poderia ser caçado por compra de votos na eleição.

     Todo dia era um boato diferente, coisa de gente desocupada, de pessoa sem responsabilidade, sem qualidade, que queria a todo custo, na marra,  justificar a derrota imposta pelo povo, através do companheiro Publio Chaves.

     Até que chegou o dia 8 de março de 2010. Naquele dia, na parte da manhã, o Sr Fued despeitado, a convite de uma emissora local, que áquela hora servia a seus propósitos, o levou para ser entrevistado em um programa de jornalismo, na hora do almoço em que foram abertos os microfones daquela emissora para o maior achincalhe já registrado em um programa radiofônico, contra o prefeito Publio Chaves. Se não bastasse, o jornaleco “Tribuna do Pontal” também fez a mesma coisa, publicando matéria contra a vida particular do prefeito naquela edição que circulou no mesmo dia. Era uma carga pesada demais, para uma pessoa só aguentar.

     Naquele mesmo dia, às 17 horas, o prefeito foi inaugurar obra conquistada pelos deputados Gilmar Machado, Aelton Freitas e Nárcio Rodrigues, o IFTM – Instituto Federal do Triângulo Mineiro –, concluída em sua administração. Depois de um discurso destacando a importância e o valor daquela escola para a região, o prefeito Publio Chaves considerou inaugurada aquela escola federal. Mas a turma revanchista estava lá, fazendo careta acintosamente, e todo tipo de sarcasmo para o prefeito, que estava ali como a maior autoridade do município, representante do povo que o elegeu, se portando educadamente, como um perfeito cavalheiro.

 

     O prefeito, um homem educado, fino e sensível, diante daquela situação desrespeitosa, quadro dantesco, não aguentou aquela situação de falta de respeito, falta de ética e consideração com a pessoa humana, foi acometido de stress emocional e sofreu um infarto agudo no miocárdio, sendo levado, entre a vida e a morte, para o hospital. O resultado, todos já sabem.

     O que mais me revoltou é que alguns seguidores do Sr. Fued riram debochadamente quando o prefeito caiu no chão, se contorcendo de dor, lutando contra a morte, e diziam: “olha a cara dele, está onde merece, no chão”. Isso foi o que devem ter aprendido com o chefe deles, que sempre pregou o ódio, não respeitando ninguém, se julgando acima de todos.

     O prefeito Publio Chaves, graças à atuação dos bombeiros e da equipe de médicos do Hospital Nossa Senhora da Abadia, salvou-se de morrer naquele momento, porém, em razão do tempo que o seu cérebro ficou sem receber sangue oxigenado, teve grave consequência, passando a ter uma vida vegetativa, apesar de todo esforço e recursos da medicina.

 

Capítulo LXII

 

Oponente tenta ganhar o Poder no “tapetão”

 

     Com a terrível situação do prefeito Publio Chaves, ele ficou afastado do comando do município para tratamento de saúde. De acordo com a constituição Estadual e Federal, o Município, numa situação dessas, passa a ser governado pelo vice-prefeito, no impedimento desse, pelo presidente da Câmara.

     Em Ituiutaba, como havia um vice, depois do pedido de licença, assinado pelo Secretário de Governo Publio Chaves Júnior, assumiu o comando do município, o médico, Dr. Luiz Pedro Correa do Carmo, com o compromisso de continuar as obras iniciadas por Publio Chaves. Isso se deu no dia 21 de março de 2010.

 

 

Dr. Luiz Pedro Correa do Carmo assume o

comando do Munícipio no dia 21 de

março de 2010

 

Dr. Luiz Pedro Correa do Carmo

 

     O primeiro ato do prefeito, Dr. Luiz Pedro, até então interino foi nomear novos secretários, mudando substancialmente os rumos políticos da administração, isso porque, dos secretários existentes ficaram apenas o filho do prefeito, Publio Chaves Júnior, Luiz Felix dos Santos (PMDB), e José Tannous (PSDB), os demais foram substituídos, isso provocou um clima de guerra do PMDB, que segundo eles o partido era o responsável pelo mando político em Ituiutaba, porque o prefeito, Luiz Pedro, pertencia ao Democrata (DEM). Saliento que também fui mantido no meu cargo, a frente da Assessoria de Imprensa da Prefeitura, isto porque, sempre cumpri com responsabilidade as minhas funções de assessor de imprensa.

     Esse fato agitou os primeiros dias da administração do prefeito Luiz Pedro, que não arredou o pé de sua decisão, mesmo havendo uma pressão violenta do PMDB. Diante desse quadro de cisão entre o PMDB de Ituiutaba e o prefeito Luiz Pedro, os adversários do grupo político que havia conquistado o mando político na cidade, liderados pelo derrotado Fued Dib, entraram em ação: propuseram uma ação na justiça de segunda instância, pedido a cassação do prefeito Publio Chaves, e de seu vice, Dr. Luiz Pedro, alegando que havia ocorrido irregularidade na eleição de 6 de outubro de 2008, ou seja, materializaram aquele boato lançado através do rádio, que havia  ocorrido compra de votos, com distribuição de gasolina no dia da eleição.

     A verdade é que o Fued Dib, inconformado, não tinha até aquela data digerido a derrota imposta a ele por Publio Chaves e por Luiz Pedro. Queria, porque queria de todas as formas, desestabilizar a administração do município, agora, sob o comando do Dr. Luiz Pedro Correa do Carmo.

     Esta ação foi proposta no Tribunal de Justiça em Belo Horizonte, mas, como existe a primeira instância e os fatos alegados tinham ocorrido em Ituiutaba, o processo foi enviado para a cidade. Marcada a audiência de instrução e julgamento, eu fui convidado pelos advogados de defesa, Dr. Francisco Roberto Rangel e Dr. Marcelo Rangel, para ser testemunha de defesa naquele processo absurdo, proposto pelo Fued Dib, com o único objetivo de desestabilizar a administração. No dia marcado, compareci à sala de audiência – diga-se de passagem, com o maior prazer, porque iria ter a oportunidade de falar da lisura, da seriedade, da responsabilidade e da grandeza do prefeito Publio Chaves e de seu vice Luiz Pedro.

     A primeira pergunta feita pelo juiz: “o senhor tem interesse nesse processo”? Respondi que não, mas ponderei que estava ali para ajudar, se possível, a restabelecer a verdade em torno dos fatos. Foi-me perguntado se era de meu conhecimento que no dia da eleição os acusados tinham distribuído gasolina em troca de voto. Respondi que não, que “durante a campanha jamais tive notícia de que o prefeito Publio Chaves tivesse  usado esse tipo de comportamento para aliciar alguém. Ao Contrário”, disse: “antes dos  pleitos eleitorais o prefeito reunia-se com todos os funcionários da prefeitura e recomendava que era vedado a todos os funcionários e aos companheiros usarem ou permitir o uso de qualquer bem público ou qualquer artifício a favor, desse ou daquele candidato. Publio sempre teve um comportamento ético e de respeito à coisa pública, por isso  não tenho conhecimento desse tipo de comportamento, porque um homem da sua estirpe não precisa usar esse tipo de expediente para vencer qualquer coisa que dispute ou participe, porque ele é um homem honesto, reto e de um valor moral e intelectual irrepreensível”!..

     Foi à gota d’água, depois desse meu depoimento o Juiz, Dr. Marcos José Vedovotto, dispensou todas as demais testemunhas e encerrou aquela audiência. Dias depois, saiu à sentença, a ação foi julgada improcedente por falta de provas.

     Moral da historia, o inconformado e derrotado Fued Dib, sofria a segunda derrota, a primeira imposta pelo grande líder Publio Chaves, e a segunda pela Justiça.  Ele perdeu no voto e queria ganhar na justiça, no tapetão, mas acabou sendo derrotado pela justiça também. Isso para mim era justiça divina. Uma pessoa que não respeita a individualidade das pessoas, as limitações de cada um, a forma de pensar e de agir, havia recebido um corretivo para acabar com sua arrogância, sem consideração com ninguém, se julga o infalível, acima do bem e do mal.

     Toda essa narrativa que fiz nesse livro é para que o povo de Ituiutaba tome conhecimento dos fatos que ocorreram comigo durante o período que fui vereador e militei na política desta cidade. Quero dizer à população que mesmo tendo sofrido todos os percalços aqui transcritos, em meu coração não existe lugar para ressentimento; porém, sou humano, e acredito que se a justiça humana falhou por não ter punido esses políticos, a Justiça Divina não falhará, e um dia, todos que praticaram o mal contra mim e a esta cidade serão julgados e punidos, inicialmente pela história e, depois por Deus, nosso criador.

 

Capítulo LXIII

 

Mudança de local de trabalho

 

    Acreditando ter vivido todas as surpresas que a vida política reservou para mim, eu imaginava que iria viver os últimos dias da minha atividade na assessoria de imprensa, com tranqüilidade, já que havia passado todos os transtornos provocados pelo infausto acontecimento que afastou o prefeito Publio Chaves do comando do município e que promoveu, de acordo com a Constituição Federal, a ascensão do vice-prefeito Dr. Luiz Pedro Correa do Carmo, a frente do município.

     Passados alguns meses e como eu estava completando praticamente um ano à frente da assessoria de imprensa, desde que o Dr. Luiz Pedro assumiu o comando do município, trabalhando sozinho naquela função, o prefeito parece que querendo me homenagear, me chamou ao seu gabinete e perguntou o que eu achava  de ser transferido para exercer a minha função de jornalista na Fundação Cultural de Ituiutaba. Confesso, a princípio fiquei surpreso com aquela proposta, pois eu estava completando quinze anos de prestação de serviço naquela função de assessor de imprensa da Prefeitura de Ituiutaba.

     Foi aí que o prefeito explicou o porquê daquela proposta. Segundo ele, precisava de alguém de sua confiança e de minha competência para divulgar os trabalhos daquela Fundação, principalmente porque havia nomeado um novo presidente para gerir as atividades naquela instituição municipal, o advogado e professor, Francisco Roberto Rangel, de quem eu era amigo de longa data. Disse ainda que era um prêmio a minha competência e à minha dedicação no serviço público, pois ao longo de todos os anos que estive à frente daquela assessoria, dediquei-me de corpo e alma, eu e o jornalista Rui Barbosa Castanheira  e o repórter fotográfico Romes Faustino– a quem rendo as minhas homenagens póstumas. Rui que me ajudou muito nos dois primeiros mandatos do prefeito Publio Chaves e agora nesse mandato em que tive apenas o repórter fotográfico Flávio Siqueira para me ajudar, batendo as fotos que eu precisava. Fizemos o serviço de oito a dez profissionais que normalmente ocupa as assessorias de imprensa de prefeituras do porte de Ituiutaba.

     Fiquei feliz de ir trabalhar naquela fundação, porque a final de contas iria trabalhar menos, fazer a divulgação de um órgão só e tirar dos meus ombros uma grande responsabilidade que era divulgar toda administração, que fielmente divulguei ao longo dos anos que fui o diretor de imprensa, sem nunca ter faltado um dia se quer ao trabalho, e que cabia agora, a partir daquela data, aos meus sucessores não deixar a peteca cair e informar à população, com toda objetividade e transparência, aquilo que a administração está fazendo, no sentido de promover o bem-estar da coletividade.

 

Capítulo LXV

 

Por que deixei o PMDB

 

Vereador Hairton Dias, o segundo em pé, toma posse juntmente com prefeito Acácio Cintra, no segundo mandato de veredor - 1977

 

   Para ficar bem claro e não paire dúvida alguma, levo ao conhecimento de todos, os motivos pelos quais deixei o PMDB. Tudo tem a ver com a forma que a maioria dos dirigentes peemedebistas sempre atuaram com relação a mim e que agora não é diferente, transcrevo no final deste livro todas as situações que eu vivi dentro do partido e que culminou com meu desligamento de seus quadros partidários, depois de quarenta e seis anos de militância. Devo dizer que não é fácil enfrentar uma situação dessas, por que, esse tipo de político age de forma dura para eliminar de qualquer jeito quem ameaça a posição que ostenta e ponha em risco o que planeja. Foi o que aconteceu comigo, quando da eleição do atual diretório do partido, tiraram o meu nome e o nome de outros companheiros desse diretório, isso por que, opúnhamos a forma do projeto que estão arquitetando para esta cidade de Ituiutaba, o poder a qualquer custo, isso significa tentar conquistar o poder pelo poder e não para beneficiar a população. Veja bem, nesses quarenta e seis anos de PMDB, eu sempre me posicionei contra esse tipo de fazer política dentro do partido. Por isso paguei o preço que estou pagando até hoje.

 Às atitudes desses “ex-companheiros” se repetem, embora em épocas diferentes, são iguais, antes eu tinha um mandato de vereador, agora sou apenas membro do partido, mas a exemplo do que ocorreu comigo no passado, não aceito o fisiologismo barato, os interesseiros de plantão, os que fazem política única e exclusivamente para tirar proveito dela, em detrimento de uma causa maior, que é o interesse público. Analisem bem, em todas as minhas iniciativas em favor do povo, ao invés de ser apoiado, fui combatido, fui preterido. Sabe por quê? Por que sou um idealista, fiz política voltada para o povo e isso não interessa a eles. Esses políticos só gostam de quem eles podem manipular para atingir seus objetivos. Vou recapitular o que já transcrevi anteriormente, apenas para mostrar quem são esses políticos e o que pretendem:

Veja bem, a minha primeira grande decepção dentro do PMDB foi quando pleiteei o apoio dos meus “companheiros” de bancada para me tornar presidente da Câmara, pleiteei isso por que éramos maioria no legislativo, de 1977 a 1982, mas os meus companheiros, entre aspas me derrotaram, só porque afirmei em uma entrevista a imprensa local que se fosse eleito acabaria com os privilégios e as mordomias na Câmara, incluindo os jetons extras das reuniões extraordinárias.

A minha segunda grande decepção com meus “companheiros” de partido aconteceu quando denunciei ato de corrupção na implantação do projeto de canalização do Ribeirão Pirapitinga e também cobrei o outro projeto, o da canalização do Córrego São José (Obra do século) que desabou mais de seiscentos metros de canalização. Naquela oportunidade fui processado por denunciar a forma irregular que esse projeto vinha sendo feito. É bom lembrar que durante a vigência do processo, do qual fui absolvido recebi a solidariedade e apoio de companheiros peemedebistas de todo o Brasil, até de outros partidos, menos de meus “companheiros” do PMDB de Ituiutaba que simplesmente me abandonaram.

A terceira grande decepção foi quando da escolha do candidato a prefeito do partido, para disputar a eleição de 1992. Fui preterido pelos meus próprios “companheiros”. Naquela oportunidade foi encomendada pesquisa eleitoral pelos dirigentes peemedebistas, naquela época sob a presidência de Gilson Lucas de Lima, eu alcancei 89% das intenções de voto dos 2.200 eleitores pesquisados, para que eu fosse o candidato do partido, mas a direção por motivos escusos, e porque, eu, segundo eles, não tinha dinheiro para bancar a campanha, então preferiram lançar outro nome, candidato sem expressão, se tinha dinheiro não gastou nem um centavo e o partido perdeu a eleição para prefeito naquele ano.

Mas as minhas decepções não para ai, veio à eleição de 2004, naquela hora, segundo os próprios pemedebistas afirmavam, que eu tinha a cara do PMDB, mas só a cara, porque em pesquisa encomendada novamente pelo partido, para saber qual o perfil do próximo candidato a prefeito para eleição daquele ano, meu nome foi lembrado com destaque, mas a falta de visão ou perseguição dos dirigentes do partido, esse resultado não foi levado em conta, porque a exemplo do que já havia ocorrido em 1992, eu não tinha dinheiro para bancar a campanha e nem era obrigado a ter, eu era trabalhador e como tal fui tratado, sem a menor consideração. Esqueceram a minha lealdade ao partido, a minha luta em defesa do povo, o meu prestigio junto à opinião pública. A direção do partido ignorou tudo isso e me eliminou autoritariamente do processo de escolha do candidato do partido. Eu era companheiro deles, mas eles não eram meus companheiros, indicaram novamente um candidato sem expressão, só porque tinha muito dinheiro, mas não tinha prestigio, carisma, história de luta em favor do povo e em defesa do trabalhador. Aquele candidato só era rico e nada mais. Uma vez mais eu fui preterido pelos meus “companheiros”.

Todas essas situações eu vivi dentro do PMDB a partir do momento que me filiei e me tornei vereador por quatro mandatos nesta cidade, graças ao apoio da gente honrada e trabalhadora de Ituiutaba, e agora quando eu pensava que esse tipo de atitude era coisa do passado dos coronéis do partido, descobri que existem também os subservientes, os impostores, os chupinhas do poder, que vendem a alma para o diabo por dinheiro e pelo poder, agem assim para satisfazer sua vaidade pessoal, não se importando com os princípios éticos e morais que devem gerir o comportamento político, hoje tão reclamado pelo povo brasileiro. Tentam passar uma imagem que nunca tiveram, fingem-se de santos, quando na verdade são demônios, são interesseiros, homens que tem preço, destituídos de qualquer sentimento e princípios éticos e morais, que sempre usaram e usam uma identidade falsa para tapear, enganar o cidadão e tirar proveito para si e para os seus; pouco se importando com o conceito formado pela sociedade em torno deles. São capazes de despirem-se de todas às qualidades morais, si é que possuem e venderem a própria honra.

Faço aqui uma ressalva, o único dirigente do PMDB fiel aos princípios básicos do partido e leal aos companheiros até hoje foi o prefeito Publio Chaves, que nunca abandonou nem um companheiro a margem do caminho e que jamais apoiaria as atitudes dos atuais dirigentes peemedebistas.

E como último ato, esses dirigentes promoveram a eleição do atual diretório do partido, que deveria ser constituído de comum acordo com todos nós, membros do partido, mas especialmente de sua comissão provisória, infelizmente esses mandatários continuam praticando atos ultrapassados: mudam-se os dirigentes, mas às práticas antigas, autoritárias continuam as mesmas, isto porque, um desses dirigentes, vereador André Vilela numa atitude obscura e unilateral que não representa a vontade da maioria dos peemedebistas, numa atitude antidemocrática, sabe-se lá a que preço, sem explicação alguma, montou uma chapa que resultou na eleição do atual diretório, no dia 16/08/2015, constituído por pessoas sem compromisso com a história do partido nesta cidade, criando no seio partidário uma grande insatisfação e que poderá levar a agremiação a uma grande perda nesta cidade.

Quanto a nós, um de seus fundadores, vereador por quatro mandatos, secretário geral do partido, que sempre lutamos para cumprir os ideais e a história de luta do partido ao longo dos anos e em defesa das instituições democráticas e do povo, há mais de 45 anos, independente de qualquer outro interesse que não fosse o do partido, questionamos a esse dirigente por que nós e outros companheiros não fazíamos parte daquele diretório, em entre linhas nos foi dito não representávamos nada na ordem do dia e o que interessava agora para eles, não era a história, desse ou daquele integrante,  mas sim, o que interessava para eles era conquistar o poder a qualquer custo. Diante do que ouvi fiz a seguinte afirmação: "agora, mesmo que quisessem eu não aceitaria fazer parte daquele projeto, preferia até perder a eleição, porque para mim o poder, tem que ser para promover o bem comum, o desenvolvimento do município e oferecer ao seu povo uma melhor qualidade de vida. Porque ninguém pode querer simplesmente, o poder pelo poder. Porque dessa forma, o poder avilta e corrompe como estamos assistindo hoje no Brasil devido a esse tipo de atitude". 

Com relação ao anúncio de filiação do Dinossauro (Fued Dib), da política de Ituiutaba ao PMDB, fica demonstrado mais uma vez a falta de respeito, solidariedade e companheirismo, dos atuais dirigentes do partido, especialmente do presidente do PMDB, vereador André Vilela ao companheiro Publio Chaves, por que esse dirigente por motivos escusos sabe-se lá a que preço, traz novamente para o seio do partido, esse fisiologista que tanto mal fez ao maior líder que a agremiação teve até hoje, tirando-o do convívio dos amigos e familiares, sem falar que em seu segundo mandato de prefeito foi processado pelo então e atual vereador, presidente do partido, André Vilela, por usar, mais de dois mese em fazenda de sua propriedade todo maquinário da prefeitura, em detrimento dos mine e pequenos proprietários rurais que iam se beneficiar de um programa do município chamado PROMAP – Programa Municipal de Assistência ao Pequeno Produtor Rural, pois não tinham dinheiro para alugar maquinas  para fazer serviço de aração em suas terras, para o plantio, porque as referidas maquinas da prefeitura estavam ocupadas fazendo aração na fazendo do prefeito de então Fued Dib. 

Esse prefeito, segundo o vereador André Vilela passou por cima da lei, cometendo o crime de peculato, uso de bens do patrimônio público em seu interesse pessoal (esse processo está subjudice na justiça local). Além desse processo, esse político senil tem outros processos graves. Se o Brasil fosse um país sério, o inviabilizaria de qualquer postulação política, sem falar que esse político perseguiu e exonerou todos os peemedebistas que trabalhavam na Prefeitura em seu segundo mandato de prefeito nesta cidade. E por que também, esse político pré-histórico fez muito pouco por esta cidade, diante do muito que recebeu dela, a não ser cometer falcatruas em sua vida política, mas, sobretudo, por pisar e perseguir os peemedebistas e tirar proveito do PMDB por mais de trinta anos, em benefício próprio, chegando até a enriquecer-se. Será por que o vereador e presidente do partido, André Vilela fez tudo isso, trazer de volta esse político ultrapassado de Ituiutaba para o PMDB, depois que ele próprio o ter processado por improbidade administrativa hein?... De uma hora para outra, o dinossauro Fued Dib, de demônio vira santo, para o presidente do PMDB, vereador André Viela. Será por que  isso aconteceu hein?...  

Diante dessa posição estranha que sempre combati a vida toda, muito decepcionado não tive dúvida, anunciei que ia deixar o partido, alguns companheiros e familiares ao tomar conhecimento de minha decisão, me procuram para deixar comigo o PMDB e isso já foi feito.  O tempo passou, mudou-se o comando, mas às praticas políticas ultrapassadas e antidemocráticas, continuam as mesmas, sinalizando para um futuro incerto para o partido, por que outros companheiros manifestam o desejo de deixa-lo. O círculo está se fechando, é o último ato desses interesseiros, que pode estar decretando o fim do PMDB nesta cidade, pelo menos para nós um de seus fundadores. Por que a partir desta data (05/10/2015), eu, familiares e amigos desfiliamos do partido nesta cidade.

Todos esses fatos faram registrados pelos órgãos de imprensa desta cidade e estão registrados principalmente nos anais da história. 

Relação de companheiros que saíram comigo do partido, no dia 05/10/2015 – Hairton Dias; Eraldo Antônio da Silva; Alcina Florinda David; Nilton Nunes de Oliveira; Luzia Barbosa da Silva; Neuza Florindo de Castro; Carlos Alberto de Vasconcelos; Maria Aparecida Medeiros de Vasconcelos; Sueli Solange Silva; Maria Célia Silva Colli; Oliveira Dias da Silva; Priscila Vinhal Dias; Margarete Batista Moreira Dias;  Oliveira Dias da Silva; Sebastião Junior.

 

Capítulo LXV

 

Agradecimentos

 

Dr. Manoel Tiburcio Nogueira

 

     Quero também, no final desta narrativa, registrar meus agradecimentos e homenagear a dois grandes profissionais, meus amigos e conselheiros jurídicos, Dr. Manoel Tiburcio Nogueira e Dr. Francisco Roberto Rangel, homens de qualidades invejáveis, advogados de capacidades ímpares, dois dos maiores profissionais da área jurídica da região do Triângulo Mineiro.

 

  Dr. Francisco Roberto Rangel

 

      Registro também meus agradecimentos ao ex-vereadores, Luziano Justino Dias, Ricardo Abalém e Sebastião Luiz Mamede, no passado de posições diferentes às minhas, mas que hoje sabem entender as minhas posições.

     Meus sinceros agradecimentos e minhas homenagens aos companheiros: Eurípedes Divino Parreira, Sinésio de Freitas, Marquinhos da Esportiva Calçados, Alberico José Vilarinho, Valter Vanderlei Valadão, Paulo Sergio da Cruz, Ebert Laurente, Edmar Mariano, Jamil Nasralla, Vanderlei Alves, que deram sua contribuição para a realização dos Jogos Estudantis de Ituiutaba.

 

                                                                Hairton e Publio 

                                                                           

 E por último a minha homenagem ao grande político de Ituiutaba, meu amigo e companheiro Publio Chaves, homem bom e generoso, que por sua grandeza e nobreza de espírito foi também perseguido e caluniado, mas deixa para sempre o seu legado, como sendo para mim, o maior administrador que essa terra de São José do tijuco conheceu.

E P Í L O G O

     Estou encerrando esse relato de minha vida política, deixo aqui registrado que se tivesse que fazer tudo que fiz outra vez, eu faria com a mesma determinação, porque pautei minha conduta no exemplo deixado por meus pais, Aristides Dias da silva e Laura Gonçalves da Silva, que sempre me ensinaram a ser honesto, bom, honrado e trabalhador. “Ser honesto não é qualidade, mas sim obrigação de todos”. Estas são palavras de meu saudoso pai: “se você, meu filho, quiser  conquistar alguém para suas idéias deve dar exemplo, porque um exemplo vale mais que mil palavras”. Meu pai ensinou-me ainda que: “o homem deve ser respeitado pelo dinheiro que tem, pela coragem que tem e pela razão que tem; isto porque, quem não tem dinheiro, quem não tem coragem e não tem razão, não vale nada”. E ainda: “o mal maior não é para quem recebe, mais sim para quem pratica”.

     Amigos meus, que ainda vão ler este livro, mas a quem eu contei parte do seu conteúdo antes dessa publicação, me disseram: “você não tem receio de que esses políticos que fazem parte dessa história façam represália contra você? Eu respondi: “não, porque esta não é uma obra de ficção, eu não inventei nada do que aqui relatei, e se eles fizerem alguma coisa contra mim, à população inteira irá saber e se conscientizar do que esses homens são capazes. Não temo os adversários, mas reclamo o silêncio e a falta de ação dos bons.

     Todos os relatos feitos por mim nesse livro estão arquivados e registrados nos anais da Câmara municipal, nos jornais Folha de Ituiutaba, Diário Regional, Correio de Uberlândia, Revista Página da Semana, Jornal Esteio, e na Justiça (1ª e 2ª Estância, onde ocorreu esse processo absurdo contra mim.

Dedico esse livro especialmente aos meus familiares: a meus pais, in memorian, Aristides Dias da Silva e Laura Gonçalves da Silva;  a minha esposa Margarete Batista Moreira Dias; as minhas filhas: Andréa Vinhal Dias e Priscila Vinhal Dias; aos meus enteados: Flávia Moreira de Oliveira Ferreira e Durval Teodoro de Oliveira Júnior; aos meus netos, Eduardo, João Pedro, Lucas, Ana Júlia, Mariana e Sophia; aos meus irmãos Odete, Oliveira, Olivia, Edson, Hélio, Genevra, Maria Célia, Sueli e Leilane; e a todos os sobrinhos; os quais me deram força e coragem para lutar contra todas as dificuldades e perseguições que enfrentei durante a vigência desse processo absurdo de que fui vítima.

 

Minha última consideração - “Política: Minha vida, meu ideal, minha dor”!

 

Ituiutaba, Minha Terra!

Inda que eu aqui não tenha nascido,

Tu me acolheste como filho da terra.

Um filho que não deixará de te amar,

Irmão do teu povo, soldado da tua luta...

Uno-me aos tijucanos para cantar bem alto:

Terra nutriz, bendita e amada por todos nós.

A minha história de vida está entrelaçada à tua história.

Busquei o saber, e em teus educandários aprendi.

Agora, só me resta dizer: em teu seio eu quero morrer!

                                                                                             Hairton Dias

 

 

 

 

  Ituiutaba, novembro de 2011 

 

 

 

 

Pesquisa simples
  Digite a palavra:

 
Escolha o departamento:
Receber boletins
Digite seu nome:
Digite seu e-mail: